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De alguma forma, vamos calhando em lares, onde alguém acorda bastante mais cedo do que o nosso normal. Mesmo quando estamos em modo "campismo selvagem".
O Coen saiu de casa às sete da manhã, pedalou até Groningen durante meia hora, apanhou o comboio até à cidade onde trabalha e foi de novo de bicicleta (outra, não a mesma). A sua rotina envolve a bicicleta, mas não se pensa muito nisso. Faz parte da sua vida desde o dia em que nasceu, por isso não nota tanto a diferença como nós. Mesmo no Inverno, com menos quinze graus e neve na ciclovia, de tal forma que têm que ser ele a carregar a bicla e não o contrário, é normal. E quem diz ele, diz toda a gente que escolhe a bicicleta para ir chegar ao trabalho.
De alguma forma, tudo isto é normal aqui.


A Mariek, estava no seu dia de folga, por isso ficou a espreguiçar-se na cama até bem mais tarde. E nós fizemos o mesmo.
Lá se foi encaixando o pequeno-almoço na barriga, e um almoço de tapa buracos, com os restos do jantar de ontem. De manhã, tal como no jantar anterior, a manteiga de amendoim marca a sua presença. Mas raramente vai sozinha para o pão. há várias marcas, variedades especiais para serem cozinhadas! Costuma fazer parceria com a manteiga, a marmelada, ou outra substância para espalhar no santo alimento.
Ficámos de ir ter com o Coen á estação, quando ele regressasse do trabalho, a meio da tarde. Lá fomos nós de pedal então. Estamos na Holanda. Vamos tentar não falar muito no óbvio. Mas é difícil.


É difícil, quando estamos na estação, e lá estacionamos as bicicletas, numa garagem para elas. Estamos em época de férias, por isso o parque apenas têm algumas centenas de bicicletas arrumadas numa área de perder de vista. Com dois andares! E grátis!! Tentamos tirar fotos bonitas, mas estamos em choque. Para nós é complicado compreender e ter a noção de tanta bicicleta no mesmo sítio e das infraestruturas à volta delas.
E que dizer do tráfego de velocípedes que encontrámos no centro da cidade. É a pura loucura, visualizar tanta bicla junta a ziguezaguear por entre pedestres e automóveis. Em conversa com o Coen, isto é um dia calmo de Verão, fora da hora de ponta, em época de férias, numa cidade de estudantes. Havíamos de ver isto daqui a uma semana ou duas, quando os estudiosos voltarem aos livros.

Mas é Verão, e hoje pelo menos o dia parece como tal. De manhã até o granizo ameaçava descarregar, mas durante a tarde, as nuvens desapareceram. Passeamos pela cidade. Descobrimos que o famoso "Red Light Distric" de Amsterdão, não existe só ali, mas em toda a cidade que seja digna de ser cidade. Nada de fotos.
Bebemos uma jola, num parque onde decorria um festival de cidade e regressámos a casa para um serão à lareira, com didgerido e abençoados com a receita nova que a Marieke nos ensinou. Santa batata e a sua multitude de vestidos culinários!


Todos os dias desta viagem, têm como tema dominante, ainda que por vezes subjacente, a bicicleta. Estamos a viajar em cima de duas rodas. Para nós, como portugueses que somos, isto não é algo de normal. Viajar de bicicleta não é algo que vemos todos os dias no nosso cantinho. Mas aqui... Se ficámos contente com o que vimos na Alemanha, aqui ficámos sem palavras. Nós estamos sentados no selim há um ano. Coen, Marieke e o resto do povo holandês, está em cima do selim desde o dia em que aprenderam a andar!


1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Numa das fotos em que várias bicicletas estão paradas numa passadeira, está lá uma Cannondale (estou familiarizado através das suas "outras" bicicletas, aquelas com motor...). Muito interessante... E dispendioso.