Savigné-sous-le-Lude – Tours

"Acorda...", diz-me a Ana baixinho. "Está trovejar e relampaguear há algum tempo. Achas que devíamos mudar a tenda de sitio?" Com as ramelas do sono, mudámos a tenda para junto das bicicletas, debaixo do alpendre dos balneários. Dez minutos depois, uma tromba de água e o ribombar dos relâmpagos mesmo por cima de nós. Eram cinco da manhã...

Meio a dormir, meio acordados, com o som da tempestade lá fora, ficámos no limbo do sono até a chuva parar e ser altura de arrumar e seguir viagem.


Se ontem apanhámos a estrada chata para papar quilómetros, hoje o dia ia ser só nas estraditas secundárias. Que maravilha!

Com as nuvens cerradas e um bafo de calor no ar, fizemos caminho durante a manhã, por entre aldeolas e florestas, com um carro a passar por nós de dez em dez minutos e uns veados a atravessarem a estrada, de vez em quando. Não parámos muitas vezes antes do almoço. A Ana ia, como habitualmente, à frente e, eu atrás, a saborear a paisagem e a ouvir o audiobook do Harry Potter.


Metemos gasolina e parámos num parque de merendas, com casas de banho, para cozinhar um risoto de cogumelos e courgete, com umapéritif de patê de coelho. Estamos em França. Onde está a dificuldade?

A tarde foi um pouco mais acelerada. Em modo zen, andávamos nas mudanças altas em busca de algum fresquinho para combater o calor e para não entrarmos numa grande cidade muito tarde. A experiência diz-nos que depois de conseguir entrar, ainda temos que andar às voltas em busca da rua certa. E assim foi.
Combatemos o tráfego à entrada, as vias rápidas do centro e subúrbios e de mapa em mapa, lá encontrámos a rua dos nossos anfitriões.

A Elodie é terapeuta de arte, e o Damien professor da primária, já estavam à nossa espera. Enfiámos as biclas na cave e carregámos os alforges até ao quarto andar.
Ambos vêm da terra que acabámos de pedalar, a Normandia e pela obra do destino vieram parar a Tours. Os dois ainda tinham as memórias frescas da sua última viagem ao Nepal e Índia, por isso a conversa fluia nessa direcção. Como será pedalar nesses países? Se a nossa ideia original se tivesse mantido, já estaríamos por lá, non?


Demarrou-se vinho, comeram-se aperitivos, manjou-se um curry indiano. E a seguir... os maravilhosos queijos!

...há um ano atrás: Quirima

1 comentário:

Anónimo disse...

Vá lá... actualizem o mapa! Parem de fazer suspense! Beijos e abraços
MM