Den Haag - Harwich

Estava tudo espalhado e demorámos mais que o pretendido a sair de casa.
Ainda fomos ao supermercado abastecer para o barco, descansados com o caminho que o Ozgur já nos tinha mostrado ontem.


Saímos já eram onze e o barco era às duas. Tínhamos vinte e cinco quilómetros pelas dunas. E eis que nos embaralhámos, e por momentos considerámos nem tentar, e telefonar à Vera para ficar mais um dia.
Tivemos coragem e demos ao pedal. Chegámos super a tempo. Ainda fomos aos correios, e ao pão antes de embarcar.

O barco! Que dizer? Só queríamos voltar aos cargueiros da Sardenha-Sícilia, ou da Grécia onde o comandante era o primeiro a acender o cigarro diante do sinal de proibido fumar! Começou no parque de estacionamento onde as bicicletas tinham estacionamento! Só que nós não as queríamos ali penduradas com aquele peso todo. Vira daqui e dali e eis que ouço crioulo. Pedimos aos guardas do estacionamento em português para as encostar e prender como estávamos habituados! Mesmo antes de subirmos um outro ciclista de malas encarnadas chega. Era alemão, mas falava inglês porque trabalhava em Londres! Regressava das suas férias!

Tinha tanta coisa! Tanta coisa! O maior ferry do mundo! Um luxo! uma luxúria! Cinema, espectáculo para crianças, campo de basquetebol, sala de jogos de vídeo, casino, sala de actividades para os mais pequenos,  mil salas de estar, buffet, restaurante, bar, televisões por todo o lado! Um mundo antes de chegar a outro mundo! Os anúncios nas colunas já tinham o british accent! Além disto estava à pinha. Se pensávamos em sossego, pois... íamos enganados. Tudo menos isso. Uma família de etnia africana falava alto e gritavam uns com os outros, para animar a malta!


A viagem foi intensamente estimulante e por isso ainda mais cansativa e maçadora! Ficámos outra vez mal dispostos com os balanços e ondulação do Mar do Norte e com o bafo a sítio fechado. Os meninos que nós somos!
Quase à chegada vemos, no aglomerado de gente no corredor, à espera da ordem para descer, um senhor com um ar meio hippie, de galochas. Ora, aí está uma boa alternativa a pés molhados, pensei eu!
Quando chegámos já estava lusco fusco!


Saímos dali e fomos à procura de um poiso. A pedalar pela esquerda! Foi um bocado esquisito, mas foi tão pouco, que parecia só que estávamos à espera de uma aberta no trânsito para atravessar! O primeiro sítio que nos parecia bom, no jardim de uma igreja, quando decidimos ir investigar demos de caras com o hippie e a sua bicicleta a meditar ou a cozinhar! Estava escuro e não percebemos bem. Não quisemos incomodar e fomos em busca de outro sítio. Vira na estrada até um campo de golfe. O nosso greenkeeper favorito, Joel, veio à memória, claro. Não vimos ninguém e já era bem de noite para andar a bater à porta e perguntar. Fomos dormir escondidos atrás de um monte de conchas!


...há um ano atrás: Tomar, Bairrada e arredores

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