Cherbourg – Le Grand Heugueville

Estamos na Normandia. Dia de nuvens e ameaças de chuva e chuviscos. A Noèmie ia trabalhar muito cedo e como nos queríamos despedir dela, vá de acordar cedo com ela também.

Tivemos que ultrapassar uma colinazorra para sair de Cherbourg, que devia ser irmã das colinas de Inglaterra. Mas ao sair dela, a paisagem mudou para uma confortável, familiar segurança e prazer. As altas sebes e arbustos que delimitavam as propriedades Inglesas, deram lugar a vastos campos, com uma cerca ou linha electrificada. Não impedem a vista e conseguimos ver para onde vamos e o que vem a seguir.


As vilas e cidades começam a aparecer com regularidade ao longo do caminho. Nada de longas extensões de estrada sem nada. O frio matinal deu lugar a um calorzinho que já não nos recordávamos desde... sei lá! Casacos fora! Mas não durante muito tempo. Ao parar junto a um lago para almoçar, começa a borrifar.

A chuva "molha-parvos" continua durante a tarde, deixando-nos inseguros. Vestimos ou não a roupa impermeável? Está demasiado calor para a vestir... Vê-se logo que é a primeira vez que pedalamos na Normandia. Em menos de nada, uma carga de água brutal deixou-nos, completamente, ensopados. Tudo a pingar! E quando procurámos abrigo (já em vão) e a intensidade da chuva acalmou um pouco para voltarmos à estrada, pumba! Outra tromba de água diluvial. Já tínhamos os impermeáveis vestidos, mas tal era a força que em trinta segundos a estrada tornou-se um rio e tivemos que encontrar um parco abrigo que nos obrigava a ficar de pé para não levar com tanta chuva. Mas também estava vento... Estamos a experienciar a verdadeira e típica Normandia! Não podíamos sair daqui sem o sentir, claro! Uma experiência muito enriquecedora...

Quando finalmente parou de vez, lá tentamos secar um pouco pedalando.


Atravessámos uma feira. Barracas, vendedores aos gritos, tudo e mais alguma coisa nas bancas, carroceis e diversões, montes de lixo no chão. Uma feira... que afinal, até se parecia bastante com as nossas. Saímos o mais rápido possível daquela acumulação de pessoas e estímulos, por entre as filas de carros a tentar estacionar e a lama que traziam, nos pneus, os que saiam do estacionamento. Regressámos à estrada e no primeiro parque de merendas que nos surgiu, no meio de uma longa recta que atravessava uma floresta, decidimos parar pelo dia. Montámos a lona sobre a tenda e fizemos uma espécie de barreira contra o vento e futura chuva durante a noite. Esticámos cordas para todos os lados, para fixar todas as coberturas e por a roupinha toda a "enxugar" (que não enxuga nada durante a noite, mas para dentro da tenda não pode ir!). Sentíamos um pouco de insegurança em relação ao sítio,  mas logo o cansaços e a molha nos venceram, mal caiu a noite.



...há um ano atrás: Quirima

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