Jouhet – Montmorillon

Estava uma neblina tramada quando o sol acordou, e não levantou até ao meio da manhã. Nada de muito grave e ainda nada de muito frio. Traz à memória dias do Inverno passado. Vamos ver...


Chegámos a cidade "grande" de hoje. Não é assim tão grande, mas depois de tanta vilazita... Esta aparentava ser especial. Anunciada como a cidade da escrita e da leitura, o centro histórico repleto de lojas de livros, caligrafia, alfarrabistas e montras com volumes em segunda mão. Por aqui respira-se cultura.


Há dias assim. Decidimos tirar o dia. Não para ficar parados. Apenas para não pedalar muito. Iríamos passar a manhã num spot com Internet, onde pudéssemos escrever um pouco e pôr a nossa casa a secar. Pelo menos, era esse o plano. O problema, é que ao entrar numa rotina de pedalar o dia inteiro, durante dias seguidos e de repente alterarmos o esquema, ficamos desnorteados. Deve ser a falta de exercício físico e de hormonas atléticas. Precisávamos da nossa dose de quilómetros, para sentir que avançamos algo. Que produzimos. Quando isso não acontece, a moral e a vontade esfumam-se... Quem é que quer pedalar agora?

O dia até prometia e ao sair do Eclerc da cidade da escrita, nada fazia prever que não seria... mais um dia. Mas há dias assim, e após treze quilómetros, o suporte dianteiro da bicicleta da Ana, problemático e já arranjado e desenrascado uma série de vezes, voltou a desmontar-se. Depois de termos voltado a colocá-lo com parafusos novos e tudo, na casa do André e da Catarina, o sacana decidiu sair do lugar, outra vez.

Em silêncio, sentei-me no chão, com as ferramentas ao meu lado e a fita adesiva "pau-para-toda-a-obra". Sem pensar muito, comecei a rever e a aparafusar porcas e parafusos, a endireitar barra de alumínio fragilizadas e a colar partes desfeitas. Já saímos dos países onde encontraríamos um novo suporte dianteiro em qualquer oficina de vila. Por agora ficou arranjado, mas vai ter que se amanhar até casa! Dê por onde der!

Voltámos para trás. Porque ás vezes vamos demasiado rápido e nem tudo corre como esperado. Voltámos os treze quilómetros para trás, até ao camping da terra das letras e da escrita. O ponto alto, foram os preços absurdamente baixos!

Comemos uma sandes de atum para o jantar, forçámos um sorriso com o Seinfeld e fomos para a cama, sem sequer pensar ou decidir, quantos dias vamos aqui ficar.

Foi assim o nosso primeiro dia de Outono.


...há um ano atrás: Quirima

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