Wieringerwaard - Ijmuiden

Sem pressas acordámos, e tomámos o pequeno-almoço no meio de conversas encadeadas. O Arie e a Janny são tão interessantes para nós que não nos cansamos de partilhar com eles. E rir!


Mas como tudo o que é bom, também acaba, despedimo-nos com abraços carregados de queremos mais.
Seguimos o nosso caminho, de frente para o vento e coração a sorrir. Sempre de frente para o vento. Sem estar calor, mas com o sol a ver-se entre as nuvens. Talvez não chova! Talvez tenhamos sorte! Vamos tentar pedalar o máximo que conseguirmos antes que comece.
As previsões diziam por volta da hora de almoço. E estavam certas. Algures no meio de uma ciclovia, começou! Vale a pena vestir as calças? Nããhh... E vamo-nos molhando e molhando aos poucos.

As intersecções de ciclovias são numeradas, e têm um mapa, que nos ajuda a decidir por onde seguir. E assim, avançamos durante a manhã, pedalando de cruzamento em cruzamento, ou então seguindo as direcções dos outros sinais das bicicletas que nos indicam a direcção das terras.


Chegamos encharcados até aos ossos a uma cidade! Toda a gente parece estar como nós. Ou debaixo de alpendres ou arcadas, lá vamos todos olhando para a chuva a cair, à espera que passe ou diminua para podermos seguir.

Os chapéus de chuva, botas, casacos, e impermeáveis, mais parecem de um cenário de um dia de Inverno em Portugal, e não o meio do Verão! Ficámos sentados em frente a uma loja de sapatos, com tamancas de madeira na montra, a comer o nosso almoço de supermercado. Iogurte com sandes. Algumas pessoas partilham connosco o alpendre a caminho do carro ou do supermercado! Alguns sorriem, outros olham pelo canto do olho, e outros oferecem-nos uma caixa de chocolates. Os que já fizeram algo parecido quando eram mais novos.

O engraçado disto tudo para nós, é que uma chuvada não impede de nada. Continua-se a fazer o que se tinha planeado. As pessoas de bicicleta, ou não têm nenhum tipo de protecção para a chuva, e neste caso, são grupos de ciclistas que seguem a um ritmo de corrida. Ou então, são casais que vão ao supermercado, ou famílias de três filhos que passeiam ao fim de semana. Vestem gabardinas, ou impermeáveis compridos, às vezes chapéu de chuva e continuam a passear.


Passamos um canal de barco. Dez minutos e já estamos do outro lado. Antes de sair do centro da cidade e procurar refúgio nos arredores, vamos ao supermercado. Ao domingo, as lojas costumam fechar e preferimos prevenir.

Água não encontrámos. Nem torneiras, nem bombas de gasolina, nem gente nos jardins.
Fugimos da cidade e vamos direitos à praia, à espera de um milagre. Um sítio protegido com tecto para nos abrigar durante a noite.

Durante algum tempo pedalamos sem ver nenhum edifício. Só areia e árvores e vegetação de dunas. Viramos para um condomínio fechado e do outro lado mais à frente vemos um restaurante. Só ao passar percebemos que está fechado, e claro que em busca sítio para pôr a tenda, tudo o que nos interessa salta à vista. A entrada tem espaço suficiente para nós.
Discutimos se devemos avançar, ou ganhar coragem e tocar à campainha da casa colada ao restaurante pedir para ficar ali durante a noite. Demorou algum tempo, mas as nuvens em cima de nós estavam tão cheias e escuras, o vento a soprar trazia-as na nossa direcção e a luz do sol a desaparecer no mar, através das janelas. Custou, mas conseguimos numa decisão de é agora ou dormimos à chuva e ao vento, e amanhã acordamos com tudo molhado.
Tocámos a campainha e ficámos à espera. A primeira senhora, chamou a segunda e ela sorriu. Que alívio!

Sentámo-nos nos bancos a jantar. Mais umas sandes, porque a água e a disposição não davam para cozinhados. A meio, olho para o lado e vejo uma raposa! Sim, uma raposa! Entre a surpresa e a excitação de um animal diferente, ela cheirava e rondava as nossas coisas. Sem medo de nós. O que parecia giro ao início, começou a não ter tanta piada. Imaginámos que durante a noite ela ia procurar por comida nas nossas coisas.

Fechámos tudo, montámos a tenda. E enfiámo-nos nos sacos camas! Lá fora, tínhamos um candeeiro a iluminar, as bandeiras de publicidade a bater no poste e a sombra de uma raposa a passar, sorrateira...


Escusado, será dizer que antes de adormecer saímos umas três vezes da tenda para a enxotar. Todos os barulhos podiam ser ela. Conseguiu saltar para cima das malas e pôr-se a brincar som um papel onde me sento no chão.
Da última vez que se foi embora, durou até adormecer.


...há um ano atrás: Tomar, Bairrada e arredores

Sem comentários: