Le Haute Guette – Le Gueperoux

Com os carros sempre a passarem a alta velocidade a poucos metros do armazém, o vento em modo crescendo durante a noite a ameaçar fazer voar a tenda e o nosso receio em que aparecesse alguém por ali, a noite não foi das melhores...

Mas a manhã finalmente chegou, chuvosa, ou não estivéssemos na Normandia. Uns bonjours ao pessoal que entrava ao serviço numa perfeitamente normal segunda-feira e se deparava com duas bicicletas e um tenda pelo caminho.

Saímos dali e fomos fazer espera à porta da Decatlhon até que abrisse, para comprar um conta-quilómetros para a bicla do Alexandre, que desde a Holanda que só dá horas.

Com o tempo sempre a borrifar-nos a cara e a obrigar o já normal despe/veste impermeáveis, fomos devagarinho pedalando ao longo da baía do Mont Saint Michael.
Antes de lá chegarmos, parámos num vilarejo, comprámos umas baguetes rústicas deliciosas, cozemos uns ovos, adicionámos umas rodelas de tomate, azeite no pão, oregãos e cebola... hum hum! Uma delícia de almoço! Ao nosso lado, uns gaiatos que voltavam de autocarro para a sua escola e corriam e saltavam no recreio.


Aos poucos, lá se ia mostrando pelo meio dos montes e dos campos de trigo. As famosas ovelhas pré salée a pastarem mesmo ali à beira. Uma montanha no meio do nada plano da baía. Não parecia real. Era como se tivesse caído no meio da paisagem francesa, uma montanha com um castelo mágico no topo.
Mas era real. E ia crescendo à medida que nos aproximávamos dela. Crescia a sua imagem no horizonte e o volume de tráfego na sua direcção. França tem uma versão de Fátima, a cidade de Lourdes. Mas o Mont Saint Michael também atrai romaria. Até existem travessias guiadas que começam no norte da baía e a atravessam durante a maré baixa, até ao Mont.


Fizemos turnos assim que lá chegámos. Um ficava com as biclas cá em baixo, às portas do enorme conto de fadas tornado realidade, o outro ia ver como era o conto de fadas por dentro.
Facilmente uma pessoa se perde nas suas ruinhas e gigantesca Abadia. Facilmente se perde um dia inteiro a apreciar o seu interior ao pormenor e as vistas privilegiadas da montanha mágica. Mesmo com a enchente absurda de turistas de todas as nações, grupos escolares, casais românticos e os normais curiosos, é possível perceber que não existe outro local como este. É dgmasiado extravagante na sua dimensão para nos apercebermos à primeira. É demasiado deslocado da paisagem para não se fazer notar... Dissemos adeus, mas queríamos mais.


De volta ao mundo real, parámos no supermercado e lá fomos encontrar o casal de ciclistas que tínhamos cruzado à dois dias atrás, à saída de Cherbourg. São de Inglaterra, apanharam o ferry para Cherbourg como nós e estão a fazer o Tour da Normandia.

Saímos da cidade, passámos por uma vila, virámos numa estrada campestre, levantámos o arame farpado e montámos a casa amarela num pomar. Longe de estradas e surpresas, talvez aqui possamos descansar devidamente, mesmo com a chuva que ameaça.

Ao som de maças a cair, adormecemos...



 ...há um ano atrás: Quirima

Sem comentários: