Bickton - Cherbourg

Com um barco para apanhar às onze, um acordar depois das sete já era muito tarde. Ainda ponderámos não ir, nem sequer tentar, mas passou rápido. Assim que nos pusemos em cima do selim, foi pedalar a todo o gás.  Convinha chegar antes da hora para comprar bilhetes e alguma coisa que trincar, para não gastar balúrdios no barco.

Fomos sempre pela estrada principal, com um trânsito caótico. Três vias em cada faixa, muita velocidade e pouca paciência para as bicicletas caracoleiras. Não parámos e chegámos às dez. Uff...mesmo a tempo. Adeus Inglaterra! We'll be back!


O barco deve ter sido o mais tranquilo que já vimos até agora. Seria um prenúncio de França? Toda a gente muito calma e silenciosa. Dormitámos, escrevemos e vimos séries. Enjoadinhos com os balanços.
Chegámos a França às quatro da tarde! Cherbourg. A Nóemie estava a trabalhar, por isso quem nos recebeu em casa foi a sua companheira de casa, a Astrid, que só fala francês!
Mandámos-lhe uma mensagem do barco, com a ajuda do empregado do bar que corrigiu os erros.
Assim que começámos a pedalar os sorrisos apareciam na cara sem querermos. Uma alegria parvalhota, como lhe chamo, apoderou-se de nós. Era como se estivéssemos em casa. Cada pormenor que reparávamos era uma galhofa. Olha isto, olha aquilo. Ah, pois é.. isto era assim aqui! E por aí. Vimos a boulangerie, a boucherie, a épicerie, a brasserie, o petit casino, oh meus Deus... o petit casino. Parecia que tínhamos saudades, coisinhas de nada a trazerem-nos uma alegria desproporcional. E estava calor! Não chovia! E os carros andavam pela direita!


E é assim que começamos a repetir países. França, outra vez. Desta vez é que a vamos fazer com tempo e calma! Não sabemos explicar mas sentimo-nos estranhamente confortáveis aqui. Já aqui estivemos, já sabemos como funciona, é só uma questão de relembrar. Estamos contentes. estupidamente contentes, sem conseguir parar de rir!

As indicações eram suficientes, e sem esforço chegámos lá. Mesmo em frente ao supermercado petit casino.
A Astrid abriu-nos a porta. Despachámos as malas, e ficámos com o quarto da Noémie. Mais uma couchsurfer que dorme no sofá para nos dar a nós os confortos de uma cama.
O gato, chama-se Bilbo! Imediatamente, passou a ser Bilbo, le chat sauvage.


Tomámos a banhoca, conversámos com a Astrid enquanto ela fazia o jantar. A  Noémie chegou para se sentar à mesa connosco, depois dos aperitivos. Já não nos lembrávamos disto, mas vai soando a estranhamente familiar à medida que o tempo passa.
A casa está cheia de livros, posters e prateleiras. Com tamanha colecção foi fácil encontrar algo que gostássemos. Num instante tínhamos algo mais em comum e elas como boas vendedoras de livros estavam bem informadas.
As colecções de manga na casa de banho, os livros de fantasia na sala, prometiam uma estadia com muita leitura.


...há um ano atrás: Quirima

Sem comentários: