Rhede - Adorp

Talvez por estar a ser mais fácil pedalar com tanta ciclovia e sinalização. Talvez pelo tempo que já andamos na estrada e a nossa à vontade com ela. Talvez estejamos a ficar mais exigentes com os sítios onde escolhemos dormir. Mas se algumas nuvens ameaçam um acordar de tenda molhada, um tecto para a nossa casa é sempre encontrado. um spot que à nove meses seria impensável é agora bastante aceitável. Mesmo que para isso, a montemos no seio de uma cidade. O bom disto, é que de facto acordámos cedo. O mau, é que para não assustarmos a rotina normal das pessoas que por aqui passam para ir trabalhar, temos que acordar e arrumar as tralhas bastante mais cedo do que costume. Nada de molengar no despertar, como quando estamos sozinhos na floresta. Eram 5:30 quando o despertador tocou e uma hora depois, já a tenda estava empacotada.


Foi a primeira vez que atravessámos uma fronteira, numa ciclovia. Notou-se bem a mudança de piso. Estamos na Holanda. Se na Alemanha, a bicicleta faz parte do dia a dia das pessoas, aqui, está-lhes no sangue de tal forma que já nem dão por isso. São tão normais as bicicletas aqui como calçar sapatos para sair à rua. As ciclovias são mais largas e em muito melhor estado. Nada de entrelaçar a via da bicicleta com os passeios altos. Rampas aqui não existem. Andamos todos ao mesmo nível. Que deve ser perto do nível do mar, pela quantidade de canais e rios que correm e seguem ao nosso lado.

A ironia do destino. Toda a Alemanha foi pedalada a pensar se devíamos fazer um upgrade aos suportes dianteiros ou não. São de alumínio, ao invés de aço como os traseiros. E o suporte da Ana, já anda torto pela vida, desde que entrou numa oficina em Pamplona e desde que se desmontou um par de vezes na Grécia. Pensámos em troca-los, mas não o fizemos. Cinco quilómetros depois da fronteira, partiu-se de vez!
Lá o arranjámos o melhor que pudemos e na primeira gasolineira, comprámos a melhor ferramenta que um ciclista pode precisar em apuros. Fita-cola! Umas tiras aqui, outras ali e já está! Como novo... mais ou menos. Por agora vai ter que servir.


Após cicloviar até cidade grande mais próxima, o choque foi inevitável. O choque de ver tantas bicicletas juntas. Parámos num supermercado no centro da cidade para abastecer e ficámos maravilhados com o que vimos. Aqui, ninguém anda a pé, mas sim sobre rodas movidas a pedal!

Seguimos caminho. Já se vai sentindo o Verão. Com um pouco de imaginação, até podíamos pensar que passeávamos por uma qualquer estrada secundária nos campos algarvios.
Poderíamos imaginar! Porque as ciclovias com a mesma largura que as estradas, o pedalar de mão dada, como se a pé passeássemos, os semáforos no meio do campo, a sinalização mais que evidente e elucidativa, a falta de colinas no horizonte e os abundantes canais, não deixa enganar. Isto é a Holanda!


Atravessámos a grande cidade e encontrámos a vila do Coen e da Marieke, Adorp. Umas quantas casitas com o típico moinho gigante no meio delas. Estacionamos as meninas no seu quintal e entrámos na sua casa, decorada com o estilo que mais lhes faz lembrar as suas viagens. Aqui dentro, a América do Sul e África, saltitam nas nossas cabeças. Com histórias das suas viagens, as curiosidades de cada país esclarecidas e a comida deliciosa na barriga, fomos construindo o serão, até o João Pestana chegar e pôr um fim ao convívio.

Adoramos ouvir falar Holandês.


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