Leipzig - Schkeuditz

A Cristiana parte para o Novo México em Outubro. Até lá acaba os trabalhos na faculdade e os cartoons que que dão asas à sua criatividade. Ainda tivemos tempo antes de sair para ver o trailer dos desenhos animados que andava a fazer, e que descortinavam como o Hitler se tinha tornado tão mau.


No centro da cidade, lojas de bicicletas! Visitámos algumas, mas sem sentir nada. Não as nossas bicicletas não ficariam bem ali. Os suportes dianteiros não foram substituídos! E sem ser um micro abre-latas, da loja de desportos de out-door também não levámos mais nada. O melhor era sair dali, do antro do consumismo e começar a pedalar que a cidade era bem grande e estávamos mesmo no meio.

Saímos de Leipzig, ou talvez não... As ciclovias seguiam ao lado da estrada e de repente acabavam à entrada de uma via rápida com sinal de proibido bicicletas. Nem uma única alusão a que caminho seguir para ir até aquele sítio na placa, mas sem ser por ali. Voltámos atrás, e tentamos virar na outra saída, pedalamos e ao fim de alguns quilómetros a direcção que tomamos é, completamente, o oposto do que queremos, e decidimos não avançar mais. As placas não ajudam. podia ser que outra estrada mais calma fosse também dar onde queríamos, mas não víamos sinais.

A placa com Leipzig riscada assinalou a nossa saída de Leipzig. A primeira. Foram tal as voltas que demos para encontar outro caminho que passámos cinco vezes por placas em sítios diferentes a assinalar a saída de Leipzig. Cidades! Bahhh... É  por estas e por outras que fugimos delas.

A meio do dia os humores já estavam estragados. Azedos!! Já dizíamos mal da Alemanha por todos os lados, e das ciclovias que acabavam assim sem mais nem menos e nos deixavam no meio de lado nenhum, sem saber por onde seguir.
Atravessámos uma linha de comboio de bicicletas carregadas ao lado, segundos antes do comboio passar, porque a ciclovia acabava ali e o elevador estava avariado. Lá se foram todas as nossas idealizações da bela Alemanha amiga das bicicletas!


Nem a olhar para o mapa, conseguíamos perceber se aquela estrada era ciclável ou não. Fomos dar ao aeroporto, e andámos por ali às voltas a pensar no que fazer. Lá decidimos encerrar a loja!  Chegava de andar às voltas, fazer quilómetros e não sair do mesmo sítio. Para isso tinha-me inscrito num ginásio! Mas como sairíamos dali? Que labirinto era  aquele que só os carros podiam sair dele?
Vimos a luz ao fundo do túnel, que é como quem diz o sinal hamburgueiro mais conhecido no mundo! Vamos ligar o portátil e estudar melhor o mapa. Ao cruzar-nos com um ciclcista, perguntámos-lhe como sair dali. Ele indicou-nos a estrada que queríamos pedalar, mas que tinha o sinal a proibir as bicicletas. Disse que não havia problema, que podíamos ir por ali. Ok. Amanhã, não quero saber, sigo por ali mesmo que os carros buzinem!
Virámos para ligar o computador à corrente  e à internet, já relaxados porque tínhamos decidido que íamos ficar por ali, algures a descansar e no dia seguinte de cabeça fresca, resolveríamos o elaborado quebra-cabeças de como chegar à cidade seguinte, numa estrada que também desse para as bicicletas. Assim que tomámos a estrada para ir à internet, pareceu-nos de imediato que aquela era a estrada certa. Mesmo que não fosse, a que queríamos, ía na direcção certa.

Os problemas das estradas ficaram para o dia seguinte. Voltámos para perto da ciclovia de terra batida, perto de uns armazéns que pareciam semi abandonados. Um carro estacionado à porta. Nestas alturas sinto-me uma detective, à procura de indícios de presença de gente. Luzes, barulhos, janelas abertas, carros, roupa estendida, pequeninas evidências de que não estamos sozinhos e de que se escolhermos ficar por ali, é possível que venhamos a ter companhia.


Mas o tempo, ou melhor as nuvens não davam vontade de sair daquele conforto de ter um tecto para nos impedir de acordar todos molhados. Ficámos na entrada de um antigo parque de estacionamento, quiçá centro comercial, à espera que o manto do anoitecer fosse escuro o suficiente para encobrir a nossa tenda amarela canário!
Mais um ciclista a desanuviar a mente, ao fim do dia de trabalho, a quem perguntámos se aquela estrada, a tal do sinal, era ciclável. E mais um compincha que disse que sim.
Amanhã!  Amanhã é que vai ser...


...há um ano atrás: Lagoa de Santo André - Comporta

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