Bremen

Quinta-feira e sexta-feira. Os dias continuam como se não estivéssemos ali. Um sai para mais um dia de trabalho na escola, o outro leva a Norah à creche. Nós acompanhamos apenas num dos dias esta ida e no outro prolongamos o despertar. Seja como for, o pequeno almoço é a três e já sem a Norah estar em casa. Pão e muitas papas de aveia para encher bem a pança.
As nuvens, o sol encoberto, e uns arrepios de frio mostram-nos cedo que vai chover. Os planos de visitar a cidade, de ponta a ponta vão, literalmente, por água abaixo!


Primeiro visitamos as oficinas mais perto, para escolher uma onde deixar as nossas babes, numa revisão, depois dos dez mil e quase meio completos. Visitamos três, mas logo na primeira ficou decidido que seria ali. Entramos, vemos, falamos, e sentimos ou não. Um feeling especial faz-nos decidir por uma e não por outra. às vezes, basta uma conversa para gostarmos, outra vezes um sorriso trocista, faz-nos desistir um segundo depois. No dia seguinte voltámos à hora de abertura e fomos recebidos com muitos mimos. Mesmo depois de nos terem dito que pessoal estranho à oficina não podia lá estar. Tivemos direito a um banquinho e uma bela converseta com o Volker. As maiores alterações vamos esperar para ver e tentar que sejam feitas no nosso mecânico em Lavos. O Julinho! No fim um chocolatinho típico da terra e, na compra de óleo, era essencial que trouxéssemos um frasco de Ballistol. Começou por ser lubrificante para armas, e agora tem uma lista de utilidades, incluindo feridas e bebidas, sendo feito a partir de seiva de pinheiro.
As bicicletas, descansam e nós também com estes cuidados. Não se pode chamar amizade, com duas horas de empatia, mas fica-nos o desejo de conhecer mais e reencontros futuros.


Circulando pelas ruas, à frente de todas as casa vemos, vários contentores de lixo. O Phillip antes de sair deixa sempre um deles no passeio, consoante o dia. O contentor do lixo lixo, tem chip, que controla quantas vezes é esvaziado. Todos os outros para reciclagem de plástico e papel são gratuitos. Um sistema pensado para ajudar a promover a reciclagem e evitar a produção de lixo. As garrafas e os alumínios amontoam-se até à próxima ida ao supermercado. As máquinas de recolha deitam vinte cinco cêntimos por cada embalagem lá posta. Às vezes, vemos compras inteiras pagas com talões das garrafas. Não admira que não se vejam caixotes do lixo na rua! Lá se avista um com sorte! Lixo é sinónimo de dinheiro. Quer seja porque quanto mais lixo se faz ao ano mais se paga, quer seja pela quantidade de garrafas alumínios que se entregam.
O caixote do lixo orgânico também faz parte deste rol de caixotes, que todos os dias se põem à porta. Se se esquecem de pô-lo no passeio ou de pô-lo a horas lá ficam mais uma semana até à próxima volta.


Os almoços foram em casa. Cozinheiros à vez o Philipp e o Alexandre trataram de satisfazer os nossos estômagos. A Tinka acabou por vir almoçar a casa também. Está quase a terminar o seu estágio como professora de espanhol. Os cd's nas prateleiras, os livros e a conversa dela mostram que ama a língua! O Alexandre e ela lá se entendem, mas a mim só me sai italiano! O Philipp trabalha em informática, e delicia-se nos últimos dias de férias/licença de paternidade.
É ele que fica encarregue de ir e buscar a Norah à creche, que começou a frequentar à dois dias!

Saímos depois do almoço, para visitar Bremen.Fomos procurar a estátua dos animais músicos! Pela imensidão de postais e souvenirs que as lojinhas vomitavam para os passeios já sabíamos o que procurar! Os quatro em cima uns dos outros lá permaneciam estáticos para mais uma foto! Os pés do burro estão ao alcance e toda a gente lhes toca. A cor de bronze, já deu lugar a um luzídio dourado! Diz que dá sorte!  A cidade está cheia. Gelatarias e lojas com preços muito altos não faltam. Recintos e grades vão sendo montados e mudados.Os La Strada está na cidade. Assistir é gratuito, mas de algum lado é preciso entrar tostão, por isso cobram um folheto com o programa. Decidimos procurar na internet. Assistimos a um ensaio/improvisação que nos deixa água na boca.


Um passeio pela cidade, mas sempre breve. Duas horas, para voltar a tempo de fazer o jantar. A Norah come cedo e nós que gostamos todos de comer, vamos embalados pela noite dentro. Entre as seis e as sete sentamo-nos à mesa. Damos as mãos e agradecemos a comida, numa cantiga simples. A meio a Norah, impertinente, num sono que força não ter, diz-nos boa noite e desce num colo para ir dormir. Três continuamos à mesa, na conversa, a ouvir música, até sermos quatro outra vez. Bebemos e falamos, canta-se e toca-se. As melodias são escolhidas com números das páginas ditos ao acaso. E cada um tem o seu disco pedido. A Tinka embala-nos com a voz e a guitarra, enquanto o Alexandre faz, batatas esmigalhadas e bifes com cogumelos ou quando eu preparo e faço quatro massas de crepes, no que mais parecia uma Crepe Party. A chuva e os relâmpagos fazem-nos sentir ainda mais confortáveis onde estamos.


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