Flechtorf - Ummern

Se foi por falar muito de furos durante o fim-de-semana, não sabemos. Mas quando tirámos as biclas da garagem, o pneu da frente da Ana, estava em baixo! Seria um furo? Demos-lhe umas bombeadas e aquilo agentou... Ufa!

O Alex foi mais cedo para o trabalho e antes de dizer adeus à Julia, ela teve que experimentar dar uma volta numa bicicleta carregada.


Com a direcção na nossa mente e algumas terras apontadas no caderno, rumámos através de ciclovias e trilhos por entre as florestas. Como de vez em quando aparecia uma placa, não nos preocupámos muito. Ficámos sim arreliados, quando após dez quilómetros o pneu da frente na bicicleta da Ana, voltou a esmorecer. Deve ser furo de certeza, mas este não é o sítio certo para remendá-lo.

Uns quilómetros e umas bombeadas mais tarde, chegámos até uma bomba de gasolina, com uma oficina ao lado. Escolhemos um cantinho e pusemos mãos à obra.
Como as bicicletas também já andavam a precisar de banho e de trocar de travões, aproveitou-se a pausa para uma manutenção. De vez em quando íamos à oficina pedir água ou se podíamos usar a casa de banho. Ali ninguém falava inglês, mas lá nos safávamos.
Depois de colocar a nova câmara de ar, ficámos sem nenhuma nova, tendo por isso que remendar as duas previamente furadas. Um senhor da oficina, o dono se calhar, olhava para nós e dizia qualquer coisa de vez em quando. Quando nos viu em problemas para colocar os novos travões, tomou ele conta do caso e afinou a coisa. Ao remendar a câmara de ar, viu o que fazíamos e abanou a cabeça a dizer que não era assim. Pegou no material e ensinou-nos a bela arte de remendar um furo.
Ofereceu-nos uma chave para o pipo, presenteou-nos com uma Sprite antes de partirmos e nós saímos dali a achar que em todo o lado encontramos gente simpática.


Quando a tarde já ia lançada, começámos em busca de pernoita em local abrigado. Aquelas nuvens já não nos enganam. A aldeia onde nos encontrávamos era composta de grandes mansões e celeiros a condizer. Nós até queríamos perguntar se poderíamos ficar debaixo de um dos telhados das máquinas, mas não víamos ninguém na rua. Começou a chover, torrencialmente, e abrigámo-nos junto a uma máquina agrícola gigante. O sítio não era mau do todo, mas dava nas vistas aos carros que passavam. Fizemos o jantar à espera que algo acontecesse que nos ajudasse a decidir.
Eis que uma rapariga aparece e diz olá. Nós fomos logo ter com ela a perguntar se haveria problema em ficar ali. Toda simpática, ela achava que sim, mas foi perguntar aos pais por autorização. Antes que pudéssemos pedir para ir também, já ela estava a entrar em casa. De antemão, já auspiciávamos que sem nos ver em carne e osso, é complicado para as pessoas aceitarem dois estranhos debaixo de um tecto deles. Mesmo que seja a filha a pedir.
E assim foi. A rapariga voltou com cara triste para nos dizer que tínhamos que sair dali.


Com o sol já a desaparecer, as opções desapareciam com ele também. À saída da mesma vila, uma igreja. Fomos espreitar nas traseiras, e um recanto, com um semi-tecto pareceu-nos a melhor hipótese tendo em conta a situação...

Um xixi, mais tarde, a Ana veio a correr a gesticular para um novo spot que tinha encontrado. Com espaço suficiente para a nossa tenda, uma cama de palha, protegida por um tecto, foi onde dormimos essa noite. Onde é que vamos dormir, Alex? Hoje vamos dormir em cima de palha, tal como o menino Jesus.


...há um ano atrás: Lisboa e arredores

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