Nowa Karczma – Milkwitz

Uma nova e não planeada rotina. Antes de entrarmos num novo país, à medida que nos aproximamos, conversamos sentados no selim, sobre o que sabemos sobre o sitio. Hoje, depois de sair da floresta e pedalar meia dúzia de quilómetros até um ponto de acesso à net, com um McCheiro, vamos finalmente tirar as teimas sobre o que pensamos saber sobre a Alemanha.
Todo o nosso trajecto pelo Mediterrâneo, toda a nossa aventura pelo Leste Europeu, presenteou-nos com a mesma incrédula cara das pessoas ao verem a nossas biclas burriquitas, e a sua imediata conclusão: "São alemães?".
De sorriso estampado na cara, já estamos habituados a dizer: "Não,não... Portugal!". Seja à porta da rosticeria Siciliana, do net café Turco ou da mercearia-vende-de-tudo Ucrâniana. O sentimento que perdurou até hoje, é que os Alemães viajam de bicicleta. São eles os bicicleteiros!

Passámos a ponte, dissemos adeus à Polónia e sem darmos por isso, na mesma estrada que liga os dois países, a metros da ponte no lado alemão, as nossas bicicletas pisam uma ciclovia. Uau! É mesmo verdade! Eles usam muito a bicicleta aqui! E como que num ponto final à questão, um grupo de 4/5 pessoas nos seus 40 e muitos anos de idade, entram na mesma rua que nós montados em selins como nós e com uns alforges iguais aos nossos. E ainda nem começámos a pedalar no país!


A cidade é movimentada, mas as ciclovias não falham. Deslizam e serpentam pela mesmas ruas que as estradas, entrando de vez em quando para os passeios. Mas neste momento de transição, não existe o habitual safanão que as biclas nos dão ao subir passeios ou descer buracos. Os pisos foram rebaixados! Tudo é suave como manteiga! Até ao sairmos da cidade, as coisas mudam de figura. Ok, a ciclovia não nos levou, ininterruptamente, até ao campo circundante, mas não foi preciso pedalar muito na estrada principal que liga duas cidades, para encontrar a bicicleta assinalada algures.

E assim foi. A paisagem não mudou muito. Continuam a ser os mesmos campos lavrados, nas mesmas colinas, com as mesmas cores que na Polónia. A diferença aqui, é que estamos numa estrada só para nós! Longe dos carros e mais imersos nesses mesmos campos, cores e colinas!

Aqui é fácil! Até a chuva é igual à Polaca. Mas, aqui não a temos que partilhar com camiões e automóveis. A via é nossa e só nossa. Nossa e dos ciclistas que passam por nós. Não sabemos muito bem se devemos dizer olá ou não! As nossas bicicletas nem merecem um segundo olhar neste país.

Quem tem boca chega a Roma. Nós chegámos a Milkwitz. A chuva deu-nos um momento de misericórdia, para podermos encontrar esta aldeola alemã. As casas são grandes e bonitas, espaçadas entre si, e com imensos jardins de relva verde recém cortada. Diferentes. O lago têm cisnes. O sol a pôr-se torna as cores mágicas para os olhos. A paragem do autocarro têm espaço suficiente para montar a tenda e arrumar as bicicletas! Que mais podemos pedir? Antes de anoitecer esperamos que alguém repare em nós, mas parece que ninguém mora aqui, não fossem as luzes dentro de casa. Sem ninguém a quem perguntar, estava mais que decidido que iríamos ali ficar. Vamos ter uma noite seca. Yupiii!


...há um ano atrás: Torre e Cerca - Lagos

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