Milkwitz - Elsterweda

Antes de adormecermos, verificámos o horário dos autocarros e quando seria o primeiro da manhã seguinte. Ás 5:15, se estivéssemos a ler bem as coisas. De alemão não percebemos nada, mas a leitura de uma tabela de duas entradas aprendemos há muito! Já vamos entendendo alguma coisa, porque às 5:13 em ponto alguém apareceu na paragem do autocarro. Não vimos quem era, encafuados e sonolentos dentro da tenda. Como seria a cara da pessoa ao ver tamanho estandarte montado no seu local habitual de espera? Dois minutos depois, ouvimos o autocarro chegar e partir. Voltámos ao sono. O próximo seria daqui a duas horas!


De forma a tentar chegar pelo caminho mais directo à casa da nossa anfitriã, tivemos de atravessar estradas mal assinaladas e campestres, usando o nosso mapa repartido em dois. O papel com os nomes da terreolas e a ajuda das pessoas a quem perguntamos. Ainda de ramela no olho, interceptámos um colega ciclista. Este devia rondar os oitenta e muitos e a sua bicicleta devia ter nascido na mesma altura. Ele percebeu o nome da vila que pretendíamos, pois começou a gesticular e a falar muito. Mas falou mesmo muito, dando a entender que nos julgou por alemães. Nós, já sabichões na matéria, acenávamos com a cabeça, dizendo "da" às suas frases, ao alemão perdigoteiro.

Lá fomos nós. Ora vira aqui, ora vira acolá, sempre em estraditas de segunda mão da Alemanha Oriental que ainda não merecem ciclovia. Mas era fácil e, rapidamente, chegámos às principais e essas sim, tinham uma estrada só para nós.

Não fosse o vento, de frente, a manhã até teria sido bastante boa. Sem chuva, com nuvens brancas fofinhas e uma ciclovia. Bela, esta terra das salcichas!


A meio da manhã, parámos num supermercado, para descansar da batalha contra o vento. Enquanto um vai às compras, o outro fica a tomar conta das bicicletas e a observar o seu redor... Incrível as dezenas de pessoas que vão e vêm de bicicleta às compras!

Eis que a chuva começa! Refugiámo-nos no estabelecimento nosso conhecido. Já tínhamos saudades, mas reconhecemos logo os ares da Turquia, do café/bar a vender doners! O senhor era claramente Turco e para o comprovar, um mapa por cima da nossa mesa com os locais principais do país, assinalados e a vila onde ele nasceu. Por acaso, o mapa era uma cópia exacta daquele que a Maria de Iraklio nos ofereceu e com o qual navegámos Turquia acima!

Algumas ciclovias mais tarde, e a tabuleta a assinalar Elsterweda aparece. Parámos junto a uma loja de biclas e esperámos que a Kerstin viesse ter connosco. Por acaso, parámos mesmo em frente do café onde ela iria ter uma reunião com as suas associadas empregadas. Nós fomos para outra mesa beber chá, até ela acabar os seus deveres. Dona de três salões de cabeleireiro e uma empresa de importações/exportações de estruturas e mobiliário em bambu, esta mulher não perde tempo. Serão assim todos os alemães? Virados para o negócio?


Ela morava com os pais... mais ou menos. A casa era tão grande, que mais se assemelhava a um prédio! Havia um andar para os pais e um enorme jardim, com horta, estufa e piscina. Um andar só para a Kerstin e outro para o resto da família, quando os vinham visitar. A família mora toda junta, mas sem interferir uns com os outros. A Kerstin morava sozinha com a sua filha Emma e nós por um par de noites.
Após um paleio de olhos cansados, fomos recambiados para o sofá. Surfar à noite..


...há um ano atrás: Lagos - Vila do Bispo

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

O quê? Quando? Como? Porquê? Mas que raio?! Alguém chegou à paragem dois minutos antes da suposta chegada do autocarro? E o dito chegou, como previsto, dois minutos depois? Eu sou Português, ainda estou a tentar processar a informação... Já lá vão duas horas...