Nysa – Swidnica

Com a noitada da noite anterior, o acordar foi difícil e por isso, nem demos conta quando a Agnieszca saiu para trabalhar. Ao sábado de manhã também se trabalha, nesta família. O Marek optou por não ir trabalhar de manhã na sua casa, já que à tarde estaria de regresso para ir a um casamento, podia aproveitar para pedalar connosco e mostrar-nos um pouco do arredores da sua cidade. Pelos caminhos que conhecia no meio da floresta, seguimos até ao lago. Ou melhor, uma barragem construída pelos alemães. Fizemos a única foto que temos, deste curto encontro, e ele despediu-se depois de nos levar à estrada que nos levaria ao próximo poiso.


Com o esquema na cabeça, as indicações do Marek, e o nome das vilas e cidades pelo caminho, conseguimos ter momentos de dúvida nas nossas cabeças, quando as estradas pareciam secundárias demais e nunca mais aparecia um vilarejo. Tanto foi, que assim que chegámos a uma vila parámos logo para as compras do almoço, antes que tudo fechasse.

E continuámos. Com chuva miúda e vento! Na última cidade antes da nossa meta, voltámos a parar para comer. Comprámos mirtilos, claro e mais fruta. A senhora do quiosque, tratou-nos com simpatia extra assim que falámos inglês. Ali ao lado a atirar os caroços dos alperces para a erva, um senhor meteu conversa connosco. Oferecemos-lhe um alperce e ele vem de saco na mão com pepinos e cebolas, tirados dos sacos das compras que acabara de fazer. Toda a gente ali à volta ficou a saber que éramos portugueses e quanto tínhamos pedalado. Tentou dizer-nos monumentos interessantes que cruzaríamos mais à frente, mas com a chuva, e hora marcada para chegar foi difícil aproveitar ainda mais a sua genuína generosidade.


Mandámos a mensagem à Vitória, a avisar que estávamos a chegar. Eles esperariam por nós à entrada da cidade. Estávamos curiosos, depois de uma semana a trocar mensagens com a Vitória, queríamos conhecê-la. E à hora combinada, chegámos. A Vitória, o pai dela e o Ryszard, de bicicleta, esperavam por nós. Depois das apresentações, seguimos atrás do Ryszard na sua bicicleta mecânica. Hipnotizados pelo pisca pisca que acendia e apagava cada vez que virava para outra rua. Demorou-nos uns vinte minutos, com os sinais, até chegarmos, finalmente.

Novamente, sentimos que uma comitiva nos recebia. Todos desceram e vieram cumprimentar-nos e ajudar com os sacos. Até o César, o cão. A Anna, a mulher do Ryszard, riu-se assim que me apresentei, também Ana.

E assim que pousámos os sacos, nunca mais parámos de comer e falar.
A sala foi-se transformando aos poucos, numa mesa composta por muitos pratos, com muita comida. A Vitória, de dezoito anos era a nossa tradutora oficial e desde as primeiras conversas trocadas, sentimo-nos logo à vontade com ela.


A barriga a rebentar pelas costuras, mas o Richard continuava a insistir em mais uma cerveja, em mais um shot de vodka. O pai da Vitória fingia não ver! A Anna levantava-se de cinco em cinco minutos para trazer mais comida,ou para telefonar ao filho Piotr e dizer-lhe que nós já tínhamos chegado.

As bicicletas ficaram guardadas na cave e até nos perguntaram se tínhamos a tenda a precisar de secar!
Tomámos um banho e ocupámos o quarto do Piotr e da sua irmã, para um noite tranquila, enquanto chovia lá fora.

Sem comentários: