Schkeuditz - Trebitz

A meio da noite levámos com uma flashada de um carro. Mesmo em direcção a nós, não havia como esconder o óbvio. Sem grande vontade, aguardámos. Não havia vontade nenhuma de sair da tenda, pedir desculpas e pedir para ali ficar. Já para não falar de que a noite ia longa e mais umas horas e o sol já brilharia...por detrás das nuvens! Devia ser o guarda do outro armazém lá ao lado. Não saímos e ninguém disse nada. Prosseguiram a sua ronda...e nós os roncos!

De energia renovada pelo repouso nocturno, começámos o dia! Hoje é que íamos sair dali! Daquele beco sem saída, desse por onde desse. Seguimos pelo caminho que tinha o maldito sinal proibido à espera de a qualquer momento ouvir buzinanços ou janelas dos carros abertas ao nosso lado e alemão e gestos a mandar-nos para outro lado.
Mas nada! Alcançámos a cidade a seguir, e no seguimento para a outra cidade esbarramos, novamente com proibido bicicletas.  Com tanto tempo desperdiçado a tentar caminhos alternativos, já aprendemos que estes sinais podem dizer respeito apenas por alguns quilómetros daquela estrada, e que mais à frente, sem nenhum aviso, já podemos voltar a rolar junto aos carros. Solução? Ignorar, e ter cuidado, mas seguir!


Os dez mil quilómetros! Um número bem redondo com muitos zeros, que celebrámos com a foto da praxe! As nossas mãos já não são suficientes e a ideia de pedir uma mão extra ficará para a próxima, já que não passou ninguém por nós!


Passámos o dia a levar com o vento de frente e a lutar para continuar a pedalar contra a corrente! Ao passar ao lado de um campo de trigo, a enorme máquina que o colhia o trigo, pôs-se na posição ideal para o vento trazer todo o pó e miudezas bem para cima de nós.

O caminho continuou diante de nós a mostrar-se enigmático. Chegamos a um cruzamento com cinco saídas, incluindo a nossa, e agora? Vamos perguntar! O senhor respondeu-nos: viram ali à direita. Para me certificar, fiz com a mão o gesto da direcção que devíamos tomar! Ele acenou que sim e prosseguiu num passo rápido, sem me deixar perguntar qual das direitas. Escolhemos, e escolhemos bem!

A meio da tarde, parámos numa enorme estação de gasolina. Camiões, e camionistas por todo o lado. Um duche por três euros. Que tentadora publicidade. Enchemos os cantis, e o saco dromedário com alguma água e discutimos se ficávamos por ali ou não! Muito barulho dos carros, camiões, e luzes por todo o lado, dissuadiram-nos da ideia.

A  nossa estrada que seguia em frente e outra que da nossa seguia para a direita, até passar por cima da ponte, mesmo por cima da estrada onde íamos. O espaço entre tudo isto, tinha um grande relvado, bem tratado, arbustos e árvores. Sem pensar empurrámos as bicicletas para ali, e estudando ângulos, pusemo-nos atrás dos arbustos que mais nos protegiam. O tráfego, era pouco ou quase nenhum, pois já anoitecia. Mas mesmo assim, fomos descobertos. Um carro que entra por ali, mesmo a direito em cima da relva. Sai de lá o jardineiro. Explicámos e pedimos. Ele disse, sem problemas, sim senhor, mas por favor para deixarmos tudo limpo! Ok! Mais descansados ficamos para a noite.
Com as nuvens a ameaçar chuva bem por cima de nós, ao menos consola-me a ideia de que o "dono" sabe que estamos aqui!


...há um ano atrás: Comporta - Lau

2 comentários:

Anónimo disse...

A foto dos 10.000 km está com um ar cansado...logo vos mando uma a festejar como deve ser...

abraço!
R.

Maria Luisa Pinto Martins disse...

Que grande façanha meus meninos. Andam a treinar para depois aguentar a crise? O Pedro e o Francisco perguntam quando vos vêem e eu também claro.
Boa viagem. Beijos muitos
Maria Luisa