Slawiecice

Os imprevistos de um voo atrasado deixaram-nos apreciar a companhia do Adam todo o dia.
O pequeno almoço do hotel foi comido meio à pressa para sair e explorar as redondezas da cidade.


Começámos por um castelo, seguimos para o anfiteatro, uma igreja no topo da colina, e um castelo ainda maior. Sentimos que queria mostrar-nos coisas que nos deslumbrassem, e  na verdade, cada sítio era mais fantástico que o outro.


A simplicidade de uma simples cantina ganhou pontos, nesta manhã cheia de grandiosos monumentos. A fome ajudou! Um negócio que náo vemos em Portugal, e que, por um preço que ronda os três euros por prato, alimenta a maioria dos que por ali trabalham. Apesar de não podermos comparar estes pratos com a comidinha caseira das mamãs e avós, vimos muito do que se come por aqui e como se come. As horas a que se come, também. Três da tarde! É uma boa hora para almoçar, como nos disse o Adam.
Comemos os famosos pierogis, recheados com bróculos e frango, e frango recheado com queijo e cogumelos acompanhado por uma coisa esquisita com forma esférica e oca. Só sabemos que um dos ingredientes era batata e que não tinha leite. Seguro para Anas.


A parte da tarde foi um bónus. Ou melhor um jackpot! O Adam achava que não tinha nada para nos mostrar e acabou por nos levar a um sítio bestial, sem planear. No meio da floresta onde costuma correr, os antigos túneis da segunda guerra mundial, puseram-nos em fila pelo caminho enlameado e no meio das urtigas altas da floresta, ainda ensopada da chuva.


Em cima dos túneis à procura de entradas, a espreitar buracos para respirar, ou embrenhados no depósito antigo de armas. Os mitos de tesouros deixados para trás, explicam os buracos escavados nas paredes. As histórias de familiares que encontraram armas metralhadoras e, miúdos ingénuos,as trocaram por doces, trazem-nos à memória as ficções literárias e cinematográficas sobre os tempos da Grande Guerra. Nas nossas cabeças, por vezes parece-nos que o filme ou livro é que deram origem à realidade. É tudo tão surreal...

A inevitável questão do que gostámos mais? Momentos! Momentos mágicos! Respondemos.Sem ninguém dar por isso estávamos a fazer mais um. Um momento, que fez valer toda a chuva e dores que passámos. Que nos faz esquecer as queixas e nos relembrou porque estamos aqui. Ali...na floresta molhada, na erva alta, no chão encharcado, como um bando de gaiatos destemidos à procura do tesouro.
As palavras aqui são nada... Sentimos!


Uma pausa no dia cheio de surpresas.
Quando nos voltamos a encontrar. nem queríamos acreditar que nos dizia que tinha mais uma surpresa para nós. O encadeado de amigos, levou a um que trabalha no jornal local. Uma entrevista!

Uma mesinha no café do hotel, chás e coca-colas, um bloco de apontamentos e o Gerard dominou a conversação. Depois de uma detalhada explicação do jornal e da vila, com direito a ofertas de jornais e livros sobre a vila, lá nos perguntou ao que vínhamos.

A comichão do dinheiro faz coçar muita gente e estamos acostumados a que nos perguntem se somos ricos, ou como fazemos para viajar por tanto tempo sem trabalhar. Como fazemos para dormir num hotel daqueles? Sorrisos!
Tentamos explicar, mas sentimos quando o que dizemos faz eco ou não. Umas vezes sim, outras vezes não!
Somos sintécticos e objectivos. Fazemos couchurfing, acampamos, cozinhamos a nossa comida e com o nosso trabalho durante dois anos juntámos dinheiro!
Com o tempo deixámos de lutar contra a maré do não consigo. Sabemos que não consigo, é não quero conseguir fazer.

Mais um chá, mais uma cerveja e ficamos sozinhos com o pai, do Adam e o Adam. O entrevistador tinha de ir e nós ficámos. À conversa. Os quatro sozinhos no café, prestes a fechar as portas! O Adam ajudava com as traduções entre o  pai e nós. Um grande pai, que numa época de incertezas, arriscou! Assumiu a vanguarda de um novo negócio na Polónia. Chegou, viu e venceu!
Partilhámos histórias de viagens, de vida, frio e neve. Na Sibéria! A cereja no topo do bolo para terminar o dia!

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Finalmente estrelas! Para quando a entrevista com a Operah Winfrey aí do sitio (esta, creio eu, será loura...)? E a publicação na "fronhas" (é também conhecida por revista caras) Polaca? A curiosidade do entrevistador relativamente aos vossos recursos financeiros, é perfeitamente natural, também a mim me faz alguma confusão como é possível manter o nível de luxo evidenciado no vosso blog: as duas Ducati, Dainese para aqui, Arai para ali, pequenos almoços de caviar Beluga, Hotéis de 5 estrelas no meio da floresta...