Oschersleben - Flechtorf


O acordar foi seco, por incrível que pareça! A tenda tinha salpicos da folhagem e só isso a fez ficar molhada, porque a pouca chuva nocturna secou antes do amanhecer com a brisa!
Um ciclista com o cão na passeata matinal no campo lavrado. Estamos na Alemanha. Até nos campos sem ciclovia eles andam. Mas este fingiu que não nos viu, enquanto comíamos o muesli.
Voltámos ao grande cruzamento do dia anterior e avançámos alguns quilómetros por outra saída até que surgiu uma placa que não devíamos estar a ver e voltámos tudo para trás. Ligámos o computador para olhar para o mapa, e lá fomos nós.



Antes do almoço, algo apareceu durante o passeio por entre as aldeias. Uma placa com o mapa da Europa. Um linha branca dividia-a em duas. Sem nos apercebermos, nem sequer nos lembrámos, acabáramos de chegar ao "Muro" que durante tanto tempo separou o ocidente do leste. Mas como a linha divisória pelos vistos tinha alguma espessura, durante uns 2 ou 3 quilómetros a placa apareceu várias vezes, a lembrar como era o mundo naquela altura e quando o deixou de ser.



As vilas mudaram assim que entrámos na zona intocada pelo comunismo. As casas maiores, mais elaboradas. Muitas delas acompanhadas por grandes celeiros e armazéns. Por aqui vivia-se bem, e as bananas e laranjas não apareceriam só no Natal, provavelmente...

Cidade à vista, e fome a acompanhar. Parámos cozinhámos, escrevemos num muro, visitámos o centro da cidade (que por sinal era bastante bonito) e continuámos.  Com ruas de casas típicas dos dois lados, um bocado tortas por causa da madeira que já é velha e empenou, e uma praça lindíssima. Com um igreja imponente e cores fortes a contrastar com o céu azul e as nuvens brancas.



Atravessámos a floresta, na direcção da vila dos nossos anfitriões. Eles avisaram-nos que iam começar a acender o churrasco. Acelerámos as pedaladas.

Demos umas voltas na vila, em busca da rua, mas tivemos que perguntar. O alemão que percebemos é pouco, mas chega para as direcções. Basta decorar as palavras chave: direita, esquerda, em frente, rotunda e semáforos. Existem mais algumas, mas estas são suficientes.

O Alex e a Julia, estavam à nossa espera, com o Carlos, o gato. Arrumámos as malas no quarto e as biclas na garagem. Tomámos a banhoca, que soube ainda melhor após dias de chuva e vento. Já desistimos de sonhar com dias de Verão.

Existem vários tipos de salsicha na Alemanha. Não provámos todas, mas aquelas que foram grelhadas, eram uma maravilha. Conversámos bastante, no pátio da casa com o som de fundo dos garfos e talheres. Aos poucos fomos aprendendo como eram as coisas do lado de cá do "Muro", porque quase toda a gente tinha amigos ou familiares a viver do outro lado, que visitavam de vez em quando. Como, ao chegaram à fronteira, entregavam o passaporte, que era carimbado deste lado, seguia por uns tubos até ao outro lado da fronteira e era de novo carimbado (ou não!) lá. Enquanto isso, as pessoas atravessavam a zona neutra que separava as duas Alemanhas. Aprendemos como Berlin era uma ilha no leste. Um corredor ligava o ocidente à capital, mas esta era rodeada por um cerco e dividida em duas por um Muro. Uma capital dividida para dois países.

Aprendemos muito com a Julia e o Alex, mas o João Pestana, pôs fim ao serão e ao cansaço da semana.

Mais fotos...

...há um ano atrás: Lisboa e arredores

Sem comentários: