Vitigudino

É fim-de-semana. E embora ainda não estejamos em Portugal, já sentimos a sua presença. A sua familiaridade.


São dias de descanso para o Nuno e a Ana. Para nós também, de certa forma, porque o tempo que passámos com eles, traz-nos recordações do que imaginamos que nos espera, ao chegar. Estamos um pouco inquietos.

Durante os dois dias que estivemos em Vitigudino, fomos saciando algumas das dúvidas que nos assolavam, quando ouvíamos e líamos sobre o estado do nosso país. Ficámos um pouco mais tranquilos com o optimismo da Ana e do Nuno. Portugal pode estar em maus lençóis, mas não é altura de desesperar, de cruzar os braços ou desistir.


Se calhar, ficámos mais bem dispostos por causa das fantásticas refeições que o Chefe Nuno construía na sua cozinha. Podemos ter comido uma tortilha quando chegámos, mas comemos bacalhau no almoço de sábado! Finalmente o nosso rico peixinho! Comemos massada de peixe! Comemos Barrigas de Freira! Bebemos vinhos alentejanos e provámos enchidos do Fundão! Ficámos horas e horas há mesa, na conversa. Que rico prazer!
Conhecemos muitas mesas, mas é numa mesa com mais portugueses que passamos mais tempo. Tal como com a Catarina e o André, na Inglaterra, as três refeições do dia, eram os momentos mais importantes do dia.

No sábado fomos esticar as pernas a Salamanca. Coberta em nevoeiro. Mostrámos o astronauta da catedral, à Ana Rita e ao Nuno, tal como a Mia nos mostrou a nós, há um ano atrás. Bebemos um café com leite no centro e carregámos a bagageira do carro com mais sacos de comida do supermercado. Somos portugas ou quê?

No domingo, fomos visitar os locais onde o Nuno trabalha durante a semana. Escritórios, minas e laboratórios. O Nuno ainda nos perguntou se queríamos ir visitar Portugal, mas preferimos guardar estas emoções para o momento de atravessar a fronteira, na segunda-feira.
Tirámos a barriga de misérias, e  não falamos só de comida! Mesmo que tenha começado como uma brincadeira, este bocadinho de Portugal mesmo antes de entrar soube a preparação, a uma gradual readaptação à nossa cultura.


Ficámos acordados até tarde, entre chão e sofás. Meio adormecidos entre uma viagem de um ano a desvanecer nas memórias e as novidades que absorvemos sem cansar. Será que saímos mesmo daqui? Que fizemos uma viagem de um ano?

Bem dizia a Kathrin que é incrível assustador a velocidade com que escorregamos direitinhos de novo e nos adaptamos ao "sistema"!


...há um ano atrás: Castétarbe – Tarasteix e Tarasteix

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