Viana do Alentejo - Serpa

Não tivemos frio, nem ficamos molhados do orvalho matinal. Até dormimos num colchão, dentro de quatro paredes. Mas esta combinação, não é remédio santo para uma noite descansada.
As janelas do quarto, ficam junto a uma das lâmpadas do quartel que ficam acesas toda a noite. Além da luz que não deixava a noite chegar ao nosso quarto, a sacana da lâmpada devia ter um problema de saúde qualquer, porque durante toda a noite, não conseguimos pregar olho, com o barulho que ela fazia! Por muitas voltas que déssemos, por muito que nos enfiássemos no saco-cama, por muito que tentássemos imaginar que o zumbido era um tantra budista de meditação, não houve forma. O zumbido estava um decibel acima do suficiente para adormecer.


Quando o relógio chegou às sete, desistimos e saímos da cama, com os olhos raiados e uma dor de cabeça. Vamos lá pedalar então. Dissémos adeus ao cão do quartel, Lume, e adeus a Viana do Alentejo.

O fresco da manhã e a boa disposição que apenas uma bicicleta e um dia pela frente conseguem proporcionar, depressa afastaram o cansaço da noite. Há que aproveitar o dia! Estamos no Alentejo e ao passar o monte de Viana, ficámos logo a ver o que nos esperava. Um dia de horizontes até onde a vista alcança, de montes alentejanos suaves a subir e a descer. Quintas e herdades, com vacas, cabras e ovelhas. Campos acabados de semear e outros já com o verde de uma nova vida. Oliveiras, azinheiras e sobreiros. Céu azul e pouco trânsito nas estradas secundárias... É bom viajar por aqui em finais de Outono.


Como a ponte de Alvito estava cortada, trocámos as voltas ao plano e fomos dar uma volta maior, por Cuba e Beja. Nesta ultima, subimos até ao castelo e à praça, encostámos as meninas num banco junto ao mercado que começava a fechar a loja, e comemos umas sandocas. De vez em quando, um grupo de senhores, que ficaram para trás nas arrumações do mercado, paravam a conversa animada, o picar o queijinho e o golo de vinho tinto da terra, para uma melodia melancólica de cânticos alentejanos.


Quando chegámos a Serpa, fizemos a rotina do costume nestes dias que correm. Fomos ao super, abastecer antes de ir visitar os bombeiros. Um pouco confiantes talvez, que teríamos esta noite uma noite repousada no quartel de Serpa, foi com surpresa que o senhor comandante disse que não podia receber-nos,e não perdeu muito tempo para arranjar alternativas. O local onde costuma acolher, estava hoje reservado para a festa de natal da câmara, e por muito que insistíssemos que ficávamos contentes com um pedaço de chão para os sacos-cama, não houve reviravolta de ideias.
E agora?

Sem muita vontade para procurar campismo selvagem, já a ficar de noite e com o frio a rodear-nos, voltámos ao centro de Serpa e montámos a tenda no parque de campismo municipal.


...há um ano atrás: Gonfaron

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