Zamora - Vitigudino

Será por estarmos com muita vontade de regressa a casa? Talvez seja o medo do frio que nos poderá apanhar se pararmos? Poderá ser que a nossa resistência física tenha aumentado com o Caminho de Santiago? Algo disto é, de certeza, pois andamos a pedalar com muito mais gana, muito mais longe em muito menos tempo e nos finais do dia, não nos sentimos assim tão cansados.
Hoje fizemos mais de cem quilómetros. O sol ainda brilhava quando chegámos e as energias pareciam não se ter esgotado totalmente.

Saímos do albergue de Zamora. Depois dos albergues do Caminho Francês, este é de luxo, como diria o Santi. Uma super simpática Belén, um pequeno-almoço oferecido de café, biscoitos, leite e cereais. Um ambiente familiar. Gostámos, e dissemos os adeuses ao mundo do Caminho, nesta viagem, e enfrentámos a neblina do Douro, que enchia a a cidade de Zamora.


Sabíamos que seria um dia longo, por isso houve algum stress matinal, em sair cedo. Mais ainda quando perdemos uma hora para encontrar a estrada certa para sair da cidade. Cruzamentos com auto-estradas, e nomes parecidos, levaram-nos a andar as voltas que nem uns tontinhos. Mas tudo acabou bem, e ao apanhar a ZA-305, foi ir sempre em frente.
Subindo ao de  leve para sair do vale do Douro. Os campos vastos desta região de Espanha continuam. Mas as árvores começaram a aparecer. A paisagem mudava lentamente para a paisagem que nos disse adeus ao sairmos de Portugal há um ano atrás. Está quase, está quase....

Um estrada tranquila pelo interior, uns "cerdos" a pastar aqui e e ali, muitas aves de rapina a povoar os céus. Como é bom andar de bicicleta. Ainda mais quando está frio e é em cima da bicicleta que nos sentimos mais quentinhos com o esforço físico.


Foi sempre a bombar durante seis horas de selim. Chegámos a Vitigudino, mais cedo do que esperado. Mandámos a mensagem ao Nuno e esperámos nervosos que ele viesse. Seria o nosso primeiro contacto com pessoas familiares da nossa "antiga vida". Será que o português nos vais soar diferente? Será que eles estão muito diferentes ou nós para eles?

Foi com alívio que a voz do Nuno não estranhou ao entrar nos nossos ouvidos.

Fomos às compras para o fim-de-semana e antes de entrar na gastronomia portuguesa, experimentámos a bela da tortilha, um pincho de porco preto grelhado, e umas fatias de queijo de ovelha curado. Uma delícia.
A  Ana Rita chegou mais tarde, depois de quatro horas ao volante desde Lisboa, e ao som de todas as vozes familiares, ficámos na converseta até às duas da manhã. Actualizámos as novidades de Portugal e fizemos-lhe montes de perguntas, "como está o país?", pois tudo o que ouvimos e lemos é pessimista e um pouco derrotista. Mas eles não o são, e ao arrumar os pratos, o ânimo ficou mais em alta depois de os ouvirmos.


Antes de ir dormir, a bica, ou não fosse isto uma casa portuguesa, concerteza.


...há um ano atrás: Castétarbe

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