Carreira

Quando é que podemos dizer que a viagem acabou? Quando começarmos a atravessar estradas conhecidas? Quando chegarmos à primeira casa de amigos ou família? Passámos dois dias entre amigos, mas continuamos a sentir-nos estranhos numa terra estranha...
Fomos de bicicleta ao supermercado e imaginamos que a nossa indumentária gasta, as cabeleiras sem penteado, e uma barba farta tipo matagal nos façam parecer um pouco "alternativos". De modo que onde quer que estivéssemos, tínhamos um senhor que, coincidência das coincidências, tinha sempre que fazer pelos nossos lados. Até nos divertiu, mas é ridículo como o aspecto físico é tudo no mundo ocidental!


Sexta-feira, dois de Dezembro! A Annie trabalhou e nós ficámos por sua casa, a dormir e a comer. Fizemos o jantar: caldo verde, paté e pasta. Caldo Verde!!!
Seríamos cinco à mesa: a Annie, a Marta, uma amiga da Annie e e nós. Tínhamos castanhas salteadas com cogumelos planeadas, mas uma avaria técnica com as castanhas, alterou-nos os planos.
Estávamos nós a braços com a janta, quando chega a Annie. Continuámos pela cozinha até ela nos chamar à sala, " venham cá ver isto!". O que seria? Tínhamos um "presente" cheio de fitas e laços sentado no sofá. Mais uma amiga, de terras algarvias que se juntou à festa! A Mónica que veio de Lisboa para passar o fim de semana com a Annie, mas que por acaso coincidiu com o fim de semana em que nós lhe anunciámos a nossa chegada. Nem combinado teria resultado melhor!
E assim foi, o nosso jantar a cinco, com a Marta que chegou pouco depois. Muita conversa, que nunca é suficiente para pôr em dia, os anos, meses e vidas que passamos sem estar juntos. Mesmo assim ajuda a matar saudades e reconforta-nos ter amigos de quem gostamos tanto junto a nós, pelo menos por um fim de semana. Há que aproveitar.
Deitámo-nos depois da uma da manhã. Ei, bem bom! À conversa, com filmes ou vídeos populares do que se passou em Portugal! É bom, mas continua a ser esquisito...


Pela tarde, fomos ver o Atlântico! Ironia das ironias...
Terminámos o Caminho de Santiago em Santiago, quando havia a possibilidade de continuar até ao oceano, se seguíssemos para Fisterra. Nesta tarde, vimos o oceano de novo, após um ano, na Praia da Vieira!! ...da Vieira...

Na noite de sábado, tivemos mais uma surpresa. Uma surpresa da Marta e uma noite por conta da Annie, disse-nos ela. Saímos de carro e parámos junto à igreja, num salão de festas! Escuteiros! Muitos escuteiros. Fizemos a fila para entrar com uma tigela e um colher na mão. Sopas! Já parecia bem! Quando nos fizeram reparar bem na decoração das paredes adivinhámos os fados!
Uma mesa corrida com nove sopeiras cada qual com sua sopa, que podíamos experimentar e repetir à nossa vontade! Mais umas taças de 'zeitonas, pão e broa de milho, e uns jarrinhos de vinho tinto!
Ficámos numa mesa com mais uns amigos da Annie e da Marta, que andava pelo meio da confusão a tentar organizar e orientar os escuteiros mais jovens.
Os Entre Linhas chegaram para animar a malta e começaram o repertório. "Vou dar de beber à dor", "Fui à feira de Castro", "Senhor Vinho" e mais fados conhecidos que a jovem fadista nos pediu para cantar com eles enquanto batíamos as palminhas. Enquanto as luzes estavam apagadas não podíamos ir às sopas, pelo que o Alexandre só completou as nove sopas depois do primeiro intervalo. Uma barrigada à portuguesa com sopa e fados pela noite fora.


Alguém atirou para o ar, "vamos ver um filme!" Depois das três da manhã, quando o filme acabou, é que fomos todos dormir!
Foi assim na casa da Annie. Um fim-de-semana de reecontros com amigos e com a nossa cultura e gastronomia portuguesa.


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