Almeida - Celorico da Beira

Será que a neblina se vai repetir esta manhã? Dentro do conforto do quente saco-cama, entre quatro paredes de pedra do tempo das invasões Napoleónicas, o dia não deixava adivinhar.
Abrimos a porta e recebemos uma lufada de ar fresco e céu azul! Viva ao sol Invernal!


Saímos da vila, não sem antes entregar a chave ao chefe dos escuteiros. Estava a tomar um café. Convidou-nos para um também, mas queríamos aproveitar o bom tempo. Por momentos lembrei-me do casal grego que nos convidou para um café, numa manhã chuvosa...

Seguimos as placas para Pinhel. Descemos até ao Côa, cheios de frio na carola, com o vento a raziar nas orelhas. Durante a subida, vá de largar camisolas, luvas e gorros. Na descida seguinte, vá de vesti-los de novo. É assim andar de bicicleta no Inverno. É fixe, porque de certa forma, está-se melhor a pedalar, do que parado. Por muito frio que esteja no ar.

O mapa da Repsol, indica que as estradas que atravessámos hoje, seriam bonitas e imersas na Natureza. Nós não a vimos. Ao sair do rio Côa, a neblina cobriu as serras de novo e passámos o resto da manhã "nas nuvens".

Ainda nos custa acreditar que estamos em Portugal. Olhamos para as coisas com olhos habituados a receber novas imagens e a procurar pequenas diferenças. Ao sair de Portugal, não o fazíamos, mas agora sim. É como se estivéssemos a pedalar por outro novo país. Ainda não saímos das rotinas da bicicleta, mesmo que estejamos em casa.
Ainda nos sentimos como estranhos no nosso próprio país. As nossas conversas em português iam desde o mais básico monossílabo, até às rotinas da viagem. Agora entram-nos nos ouvidos frases como " Está com pressinha?", ou " Diga lá dona!", ou "Quer um saquinho?" que por muito portuguesas que sejam, soam a forçado, como uma nova língua que escutamos!


Chegamos a Celorico da Beira às quatro da tarde. Parecia muito cedo para pedir guarida, só que o frio e o manto da noite chegam entre as cinco e as seis. Precavemo-nos com comida para sandes, e seguimos à procura dos bombeiros locais. Seguindo a estrada principal de pedra encontrava-se do nosso lado esquerdo. Chamamos por alguém com "boa tarde" (até isto nos soa esquisito, já lá vai tanto tempo desde que o utilizávamos) e aparece um senhor bombeiro. Pedimos para pernoitar, telefona ao chefe que telefona à direcção e sim, podemos ficar. Por momentos o bombeiro que nos recebeu olha-nos com ar de quem já nos viu antes. Pergunta se é a primeira vez que aqui estamos. Para nós é, mas depois de alguma conversa, percebemos com quem nos confundiu. Pelos vistos o Rafael e a Tanya (2numundo) também pernoitaram com os Bombeiros Voluntários de Celorico da Beira o ano passado, logo ao início da sua viagem de bicicleta, de Ovar até Macau.
Arrumamos as bicicletas, o senhor bombeiro mostra-nos a camarata, dá-nos toalhas e indica onde estão os lençóis. Muito mais do que pedimos e esperávamos. Um luxo! Com estas temperaturas frias, só não queremos é dormir lá fora!

Ainda é cedo, mas estamos cansados. Ouvimos os bombeiros nos corredores. Se pudéssemos íamos já dormir. Andar todo o dia a subir e a descer dá-nos conta do corpinho...


...há um ano atrás: Villeuve-de-Riviére – Monfta

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