Celorico da Beira - Arganil

Apertámos a mão ao bombeiro que lá estava e saímos. Os planos eram chegar até aos próximos bombeiros, que podiam ser de Oliveira do Hospital, Tábua ou Arganil, consoante o nosso humor e cansaço.


Passámos mesmo ao lado de Gouveia e Seia. A Serra da Estrela foi companhia durante todo o dia, sempre a "direito"pela nacional dezassete. Bastante mais tranquila do que esperávamos. À nossa esquerda as montanhas e os picos erguiam-se altos e cheios de neblina. Tivemos nevoeiro até à uma e meia da tarde, e por isso vimos pouco da maravilhosa paisagem que nos envolvia.
Almoçámos em Póvoa das Quartas, numas mesas de jardim de uma colectividade desportiva. Com o pessoal da vila sempre a espreitar o que fazíamos.

Quando chegámos a Arganil, fomos primeiro às compras! Os bombeiros não são nenhum albergue e por isso longe de nós sequer pensar em cozinhar. Vamos preparados com comida para sandes. Quando encontrámos o quartel, primeiro parecia um edifício pequeno, mas assim que passámos a garagem entrámos num pátio rodeado por um prédio. Tudo pertencia aos  bombeiros, que nos explicaram que tinham muitos quartos a alugar a professores, por exemplo. Por sorte o comandante estava por ali e ligou logo à direcção. Pedimos só um sítio para estender os sacos cama e por pouco parecia que era mesmo isso, que íamos ter. Até que foram falar com a encarregada da roupa e das camas, a Dona Teresa. Veio conhecer-nos e dizer-nos que iria preparar as nossas camas. Apesar de termos insistido que não queríamos dar mais trabalho e que podíamos muito bem dormir nos sacos cama, a Dona Teresa passou a ferro mais os nossos lençóis e toalhas e deixou-nos tudo preparado, juntamente, com os bombeiros do turno das emergências que dormiam ali ao lado, num quarto só de duas camas.


Puseram-nos à vontade, depois de nos apresentarem as instalações comuns e a camarata. Cada qual foi ao seu trabalho. Isto não era couchsurfing, para ficarmos à espera de que alguém ficasse connosco. Sabíamos isso. Também não era um albergue onde pagamos e vamos à nossa vida. Sabíamos isto tudo. O que não impedia que o sentimento de querer partilhar ao menos uma conversa com alguém surgisse. Estamos cansados ao fim de uma dia a pedalar, mas tanto tempo de convívio com os nativos da região, já nos habituou ao conforto de uma noite tranquila à conversa com anfitriões antes de irmos dormir.
Por isso, enquanto achámos cedo demais para nos retirarmos para o quarto, mantivemos-nos pela sala de convívio a levar com o zaping e o filme que o jovem David escolhia, enquanto consultávamos à vez a internet, uma vez que ali tínhamos wifi gratuito e desbloqueado. Esperando encontrar um equilíbrio entre o socializar e o descansar.

A Dona Teresa passava atarefada de um lado para o outro e justificou-se ela pela sala de convívio, que ainda não tinha voltado ao que era, depois da festa de aniversário dos bombeiros, de à dois dias. A certa altura, veio ter comigo, dizer-me que se quiséssemos dormir ali, por causa de termos o calor da salamandra, que podíamos.

Mas preferimos dormir mais sossegados e com mais privacidade. Subimos mais um lance de escadas e fomos dormir, nas camas que a Dona Teresa tinha feito para nós, mas dentro dos sacos cama.


...há um ano atrás: Monfta

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