El Camino de Ana - Fourth Week

11 de Novembro - Astorga - Manjarin - 29,7 km

Saímos e dissemos adeus ao Alexandre até ao dia seguinte. Por não haver autocarro para a vila seguinte, teria de apanhar autocarro para duas etapas depois. A Reyn e eu seguiríamos as duas juntas...

Sem provisões e com um tupperware mal cheio para as duas, estávamos a contar encontrar uma mercearia a meio do dia, uma vez que no albergue onde planeávamos descansar não havia. Por causa disto andámos toda a manhã sem fazer paragens, mesmo com os pés a pedir descanso. Às duas tudo fecharia e só lá para as cinco é que voltariam a abrir. A essa hora queríamos estar a chegar ao albergue, não às compras com mais dez quilómetros para fazer.
Logo à entrada da vila, vimos a tal mercearia, fechada! Época baixa. Se por um lado fazer o caminho em Novembro, tem menos gente e conseguimos fazer amizades, por outro temos que andar sempre prevenidos com comida extra, e energia extra, caso o albergue esteja fechado e tenhamos de andar até ao próximo.

A comida que tínhamos na mochila era o tupperware. E se tínhamos fome!! Estávamos esganadas.. Entrámos num restaurante a perguntar se nos vendiam pão. Mas não! A carrinha do padeiro tinha acabado de abalar e só na próxima vila haveria algo similar a uma tienda! (na nossa folha guia dizia que não!!). Enquanto a Reyn foi à casa de banho, o dono do restaurante foi buscar o pão duro do dia anterior, que ia dar aos cães, e ofereceu-nos. Comemos tudo. Com muita marmelada e chocolate preto!

Às três voltámos à caminhada contentes por saber que em mais uma hora e meia estaríamos no albergue. Começámos a subir, com mais inclinação no terreno e um nevoeiro brutal, que nos roubava as vistas do topo do Caminho de Santiago Francês! Iríamos chegar ao topo, à parte mais alta do caminho, mil e quatrocentos metros de altura e só víamos cinco metros para a nossa frente!

Foncébadon estava como nos diziam, deserta. Uma aldeia fantasma, com casas a cair por todo o lado. As únicas casas habitadas e de pé eram os albergues, e o número de habitantes era doze. No albergue, mais próximo soubemos estas coisas. Um grupo de quatro homens geria o negócio. Um partia nozes, outro atendeu-nos. A Shin Ock Li estava à lareira a massajar os pés. Havia muitos cartazes na parede. Reyki, massagens, yoga, jantar donativo. Música étnica tocava e do nosso lado direito comida. (um bocado cara: um pão três euros, por exemplo, uma maçã sessenta e por aí). Parecia o paraíso. Vínhamos a sonhar com uma lareira, e comida quentinha, mas não sei bem como nem porquê fechámos a porta e deixámos os confortos para trás, excitadas com a possibilidade de aventura no albergue seguinte. A quatro quilómetros dali, sem água corrente, nem electricidade.


Continuámos a subir e a ver cruzes, mas eram todas de madeira. Algures haveríamos de passar pela famosa cruz de ferro. No meio do nevoeiro cerrado, no topo de um monte lá estava ela com toda a espécie de coisas e coisinhas que os peregrinos deixavam por lá, em jeito de oferenda ou oração.

Íamos a contar os quilómetros pelos marcos da estrada e já tínhamos feito quatro, estava a escurecer muito rápido e nada do albergue. Já começávamos a duvidar da nossa atenção. Será que tínhamos passado e não tínhamos visto? Será que uma seta ou indicação não vista nos levou-nos a continuar e já passámos o sítio para virar. A verdade é que estávamos a ficar assustadas. Sem falar nisso, mas ambas já nos conhecíamos o suficiente para perceber. Cantarolices para afastar o escuro que vinha com o cair da noite e a dada altura decidimos até parar carros para perguntar. Já era bem de noite. Mas eles também tinham medo e não paravam. Seguimos um que virou mesmo ao nosso lado. Fui a correr para não o perder, e a Reyn a perguntar-me onde ia, para não me afastar muito. "O carro parou, anda!" gritei eu, já a começar a ficar mais aliviada. Fomos sem ver bem por onde na direcção das luzes traseiras. E do escuro apareceu um homem com um cavalo que perguntou:" Quem vem lá a estas horas?" e nós despejámos tudo. "Isto é Manjarin?" "Estamos à procura do albergue, mas não vemos nada!", "Somos peregrinas!" O homem mandou-nos seguir e encostadas uma à outra obedecemos. Abriu uma porta, e disse "por aí", mas não dizia mais nada, se era ali, quem era, onde estávamos! Víamos vultos de pessoas, portas a abrir, palavras trocadas em surdina e os cães a ladrar. Onde estávamos? Uma luz acende-se e vemos um homem gordo de gorro e barbas enormes. "Venham, por aqui!"

Entrámos e ao ouvido dizíamos uma à outra "estou muito contente por estares aqui!" Um cheiro a vinho, chulé, fumo e homem, tudo misturado. A luz funcionava com um gerador, que aguentava apenas com uma luz acesa, se estava a de cima não estava a debaixo e vice-versa. A água que saía da torneira da cozinha, a única da casa, vinha do colector das chuvas. Lá fora tínhamos um jarricã e um bacia de metal para as  lavagens à gato, que eventualmente, quiséssemos fazer. A casa de banho era onde quiséssemos, apesar de haver uma latrina, do outro lado da estrada, a feder a soda cáustica. Vá lá, não fedia a ...outra coisa!
Além do senhor gordo de barbas longas, qual personagem de fantasia, havia também um peregrino que por ali passou e voltou, um mexicano, e a suposta razão da fama deste local, o Tomás. Um senhor da idade do meu pai, que se diz um Templário. Mas hoje com a sua recente cura de constipação e um comprimido para dormir (sumo de uva), assim que terminou a sopa, recostou-se a roncar nas almofadas e completava as conversas do barbas, de quando em quando."Então ele não estava a dormir?" perguntávamos nós.
O mexicano mal falava. Todos tinha roupa com muito tempo de uso, o cabelo que dava para fritar um ovo, e o espaço, apesar de na nossa folha dizer decoração medieval....era...quer dizer... tinha lá umas espadas....
O jantar era donativo (lata de legumes+água+massinhas+cogumelos selvagens). Comemos castanhas (dia de S. martinho, iiiieeeehhh!). Oferecemo-nos para lavar a loiça, nem foi preciso repetir, que aceitaram logo. Escrevemos qualquer coisa para ocupar e fomos deitar-nos. O sótão tinha colchões espalhados dos dois lados e através das frestas da madeira conseguia-se ver o piso de baixo. Nem sequer nos lavámos. Bastou uma visita à latrina para a Reyn pisar cócó de cão. Estava frio, muito vento, nevoeiro e um ambiente tenso esquisito no ar. Queríamos ir para a cama adormecer e acordar só na manhã seguinte, para sair dali. A Reyn ainda mandou mensagens a toda a gente a avisar que estávamos ali, antes de dizer boa noite!
Ainda bem que a Reyn estava ali....


12 de Novembro - Manjarin - Ponferrada - 23,2 km

Apesar de tudo a noite foi sossegada. Só o vento fazia o moinho do telhado chiar, e um ou dois peidos se ouviram perdidos  pela casa.
Com tanto fumo entranhado ao menos podíamos estar descansadas que bicharada não apanhávamos.
O pequeno almoço foi chá com o resto do pão do jantar. Como ao jantar comemos tudo (lembrem-se do nosso dia sem scomida e mercearias!), o pequeno almoço foi chá.
Pela manhã o templário Tomás estava mais desperto e conversou brevemente connosco sobre o Caminho, o futuro, Tomar e o castelo de Ponferrada. Que recebíamos uma chuva de energia cósmica se lá entrássemos, dizia-nos ele.
Despedimo-nos e entrámos na cortina de nevoeiro. Mais um dia nas alturas sem ver nada do que estar no topo nos mostra. Estava muito frio e tínhamos muita fome. Fizemos uma paragem rápida para comer pão com marmelada. A nossa refeição praxe de todos os dias.

As aldeias a seguir eram pequenas mas lindas. Todas de pedra, com construções típicas, com grandes varandas de madeira no primeiro andar. Em muito bom estado.
Parámos para descansar ao lado de uma fonte e ao lado da fonte havia um abrunheiro. Primeiro meio desconfiada, mas assim que confirmei com um senhor, enchemos a barriga. Aviso para aqui e para ali, a Reyn esfomeada comia duas e punha uma para o tupperware. Escusado será dizer que ficou mal disposta. Vomitou e jurou para nunca mais abrunhos.

Na bonita Molinaseca, parámos para almoço. Na compra de pão ofereceram-nos uma concha, mas a Reyn estava tão mal que preferiu dormir, enquanto eu comia. Solo de pouca dura, porque uma espanhola que conheceramos no dia antes avistou-nos e veio descansar para a nossa beira. Conhecia Manjarin e depois de lhe dizermos que tínhamos lá dormido, partilhou uma outra visão da forma como os homens que lá vivem cuidam do espaço.
Oito quilómetros, duas horas depois chegávamos a Ponferrada. O Alexandre já ali dormira na noite anterior, e já sabia como tudo funcionava. Cozinhámos juntos o jantar e as castanhas que apanhámos. Nós duas pusemos tudo a arejar, a ver se o cheiro a Manjarin saía.
O Juan Manuel esclareceu por acaso as suas dúvidas, quando lhe disse "o meu marido"! Se soubesse tinha dito mais cedo, porque assim que ouviu isto, deixou de andar sempre a dizer-nos o que fazer, comer, como andar, como se por se estar casado mudasse alguma coisa!


13 de Novembro - Ponferrada - Pereje - 29,9 km

Acordei cheia de comichões e com picadas.
O Alexandre estava em "pulgas" para recomeçar a andar, finalmente. Estava mesmo contente por voltar a juntar-se a nós.
Foi um dia longo, talvez porque ter como paisagem uma estrada ao lado e uma autoestrada por cima não inspirasse o nosso espírito caminheiro. Custou-nos, porque parecia não ter fim, mas ao avistarmos um sinal com um desvio para uma vila, depressa alcançámos Pereje.

Com gosto reencontrámos o Santi e a Shin Ock Li, e com menos gosto o Daniel. Acabámos por ficar a dormir no último andar, partilhando o espaço com a cozinha, para evitar roncos. Mais coreanos chegaram e juntaram-se a nós na cozinha.
Fiz o jantar com o abutre Daniel sempre de roda de mim, demasiado até, à espera que lhe oferecesse, e como tal não aconteceu foi sobrevoar a mesa dos coreanos.

A Shin Ock ajudou-me na minha primeira tentativa de fazer arroz como eles, se bem que o meu arroz aspirava era ser como o arroz que o "mestre" Kim faz. No meio de raparigas é sempre ele quem cozinha. Não sei se por estratégia de engate, mas a verdade é que cozinhava muito bem. E o arroz dele era altamente delicioso e, de longe, muito melhor que o delas todas.
A sua história e a sua forma de estar cativavam-nos cada vez mais e começámos a chamá-lo:"O peregrino do ano!"


14 de Novembro - Pereje - Hospital de la Condesa - 28,8 km

Deixámos Léon para trás, e entrámos na Galiza. Estava desejosa para conhecer esta região tão próxima de nós, com tão boa fama pela comida, paisagem e gentes. Já para não falar das semelhanças do galego e do português.
Pelo meio da floresta,no meio das montanhas, embriagados pelas cores das árvores. Havia tantos castanheiros que até doía deixar para trás centenas de castanhas boas. Mas sabendo que não íamos poder cozinhar, nem valia a pena andar a carregá-las.

Segundo a nossa folha, na Galiza a grande parte do albergues faz parte de uma associação e apesar de terem cozinha não têm um único utensílio para cozinhar!!!
Ia comendo algumas castanhas cruas e numa dessas vezes tirei a luva e acabei por perdê-la. Mais à frente dei conta disso e do meu canivete faltar.
Quando chegámos a Hospital, revirei a mochila até aceitar que o tinha perdido. O Alexandre dando por falta do mp3 pousou as malas, marcou território, com o saco cama sobre a cama e partiu até à aldeia anterior à procura do mp3.
A noite veio rápida e o albergue estava cheio! Um único quarto com todas as camas ocupadas, a porta fechada e o aquecimento ligado! Claustrofobia.

Acabámos por pedir emprestado um tacho a um casal holandês e comer arroz quentinho, visto que as nossas provisões não estavam preparadas para jantar cozinhado. A Reyn foi para a rua pedir azeite, e pagou euro num bar por 0,05ml. Mas que raio, então e a simpatia dos galegos, onde estava?!
O Santi lembrou-nos da primeira vez que viu o Alexandre com os fones nos ouvidos e lhe disse "Amigo, assim não ouves o Caminho!" Empregou a sua frase favorita: "O Caminho dá-te o que precisas!", como que a dizer que o Alexandre precisava que isto lhe acontecesse para ouvir o caminho. Quando regressou, já noite cerrada, e nós preocupados com ele sozinho,sem luz, com o pé ainda a recuperar, depois de um dia de trinta quilómetros, ainda se pôs a fazer mais dez, e não tinha encontrado o mp3.

Mais uma vez o Daniel, despiu-se por completo no quarto...

15 de Novembro - Hospital de la Condesa - Samos - 24 km

Caminhámos rápido e quase sem paragens. Com ou sem vista por causa do nevoeiro. Queríamos chegar e descansar, porque estava demasiado frio para se parar e comer. Nas aldeias semeadas pelo caminho, dizíamos bom dia em português,mas ou não nos respondiam ou mal nos olhavam enquanto sussurravam um bom dia forçado. Então e a simpatia dos galegos?!!?
O Santi despediu-se de nós. Já tinha acompanhado muito os peregrinos e sentia que estes últimos cem quilómetros ia prolongá-los e saboreá-los sozinho.

Fomos os primeiros a chegar ao albergue. Fazia parte do famoso mosteiro de Samos. Data do século doze, enorme, e bonito.
No meio do duche, a Reyn e eu ouvimos o Alexandre conversar com alguém, que percebemos ter acabado de chegar. Vieram até nós e ouvimos o Alexandre a perguntar"Adivinhem lá!". Foi o suficiente, para saber que esta pessoa tinha encontrado o seu mp3. Mas não era uma pessoa qualquer, era a Kathrin. Dupla alegria. Mesmo ficando a descansar apanha-nos sempre. Já deixámos de lhe dizer adeus!
A mim faltava-me o buff! Além disso tinha os braços e pulsos cheios de picadas.
Fomos às compras e quando voltámos o albergue estava cheio! Não podíamos cozinhar, nem cozinha tinha, tivemos de comer nas camas!

Um grupo de três, dois espanhóis e uma eslovena, chegaram no fim. Um deles que costumava conversar connosco, olhou para a minha roupa estendida nas camas a secar e perguntou-me se o buff roxo era meu. YEEHH! Tinha-o deixado caído no chão do albergue do Hospital, por causa das luzes estarem apagadas,
Às sete e meia parti com mais pessoal para assistirmos a cantos gregorianos, cantados pelos monges. Mas surpresa das surpresas foram apenas canções religiosas normais a precederam uma missa. Fiquei furiosa. Usarem cantos gregorianos para nos atraírem... os sacanas! Se quisesse ir à missa ia, não era preciso enganarem-nos!

A meio da noite acordei com comichões e uma pessoa a sair a correr do albergue. Com a parvoíce do sono o primeiro pensamento foi "é um ladrão", mas logo alguém entrou e vejo a Reyn com o casaco de pêlo na mão. A seguir assisto a mais umas três entradas/saídas com saco cama, lençol e roupa. Adivinhei, eram as chinches a não deixá-la dormir.


16 de Novembro - Samos - Portomarin - 35,7 km

Acordei com novas picadas. Tinha passado o cabelo por vinagre, por saber que é bom para evitar parasitas, e de facto não me picaram na cabeça, mas encheram-me a cara com tantas que o Alexandre e a Reyn faziam "iiiiihhhhhhh! quando reparavam mais atentamente nas minhas bochechas e fontes.

Portomarin via-se ao fundo. O Alexandre já lá devia ter chegado. Mas nós duas íamos mais devagar, com mais paragens para xixis e power naps.
Esperou por nós à entrada e juntos atravessámos a longa e alta ponte sobre o rio Minho. Subimos uma escadaria cheios de sede, mas contentes por termos conseguido chegar. Tínhamos receado este longo dia!

O albergue e a hospitaleira não podiam ser mais impessoais. Muita gente nova que víamos pela primeira vez. Um grupo de "ciclistas" todos equipados, mas muitos ruidosos. O dormitório cheio com tanta gente e tirando dois ou três, não conhecíamos ninguém. De donde vieram estes todos, era o que pensava.
A Reyn e eu ficámos na rua, ao frio só com os impermeáveis vestidos, enquanto a nossa roupa toda, mochilas e sacos cama eram lavados e secados, num chupanço de máquinas de lavar roupa e secar. Devemos ter gasto uns dez euros, para nos livrar-nos das malditas chinches. Enquanto esperávamos, íamos apreciando a vida dentro do albergue, através da janela da cozinha. Todos quentinhos e confortáveis, de banho tomado e a descansar e nós ali a tremelicar de frio à espera....

Conseguimos deixar uma janela aberta atrás de uma cortina, mas éramos tanto que a caloraça veio na mesma a meio da noite.
Fui-me deitar meio a medo, de ainda haver chinches, ou de as voltar a apanhar ali. Tudo o que era meu estava, atado dentro de sacos. Saco da roupa, saco de roupa que vou vestir, saco com bugigangas, saco com o saco do saco cama, pelo sim pelo não era melhor condicionar um pouco os meus pertences, como mandam os folhetos espalhados pelos postos de turismo. O verdadeiro combate aos chinches...


17 de Novembro - Portomarin - Palas del Rei - 23,5 km

Sem muitas certezas revi as minhas borbulhas todas e quase estava segura de não me coçar de noite. Será que me livrei?!

Mais uma manhã cheia de neblina, com paragens curtas, por causa do frio. Pagámos dois euros por um quarto de pão, Galiza que parece o contrário do que ouvíamos. Mal respondem aos nossos cumprimentos, mal olham para nós.
Sentimo-nos dinheiro andante. Sugam-nos dinheiro até ao tutano e só isso. Onde vão os dias onde as pessoas pareciam esperar por nós à porta de casa, oferecer-nos um biscoito de um saco que acabaram de comprar, regalar mais um banana para o caminho, no fim das compras, deixar os peregrinos passar à frente. Não quero ter tratamento vip,mas sentir que só se interessam em mim, como potencial consumidora, é muito triste.

Almoçámos mais ou menos com toda a gente. Fomos parando uns a seguir aos outros e cada grupinho escolheu o seu poiso. O dia de caminhada terminou bastante antes do pôr do sol e ainda tivemos tempo de sobra para descansar, escrever cartas e andar um quilómetro vezes dois, para preparar um jantar quentinho na nossa união de canecas. Estávamos cansados, mas o corpo, por esta altura já estava mais que habituado às dores. Com dias de trinta e trinta e poucos quilómetros já caminhados, fazer vinte e poucos quase nos sabia a um "não fiz nada hoje!".

Para não variar este albergue era mais um equipado com cozinha mas sem nada para cozinhar. O hospitaleiro era pago e quem sabe se alguma vez fez o caminho!?! A determinada hora deixam-nos entregues a nós. Que fechemos as portas e o albergue, mas sem garantias de que alguém possa entrar assim que eles saiam... são assim os albergues na Galiza. No dia seguinte voltam, a uma hora que sabem, não haver gente à partida, e se tivermos sorte, ou azar, deixam as luzes automatizadas para acenderem  a uma hora decente que nos permita ver o que andamos a fazer e não perder buffs pelo chão....

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