Rogliano

Ficámos sete dias em Rogliano.
Quando encontrámos o Keith e a Maria, algures na Internet, rapidamente nos disseram que poderíamos lá ficar, ainda que não houvesse muito trabalho para fazer na quinta nesta altura do ano. Não tínhamos a certeza de quanto tempo iríamos por lá ficar. Deixámos as coisas correr com naturalidade e sem grandes pressas.

Lá se foi arranjando uma coisa ali e outra acolá para ocuparmos os dias. Ora arrumávamos a arrecadação, ora limpávamos o celeiro. Cortávamos e moldávamos redes metálicas para salvar as árvores dos ataques de gula das ovelhas. Aprendemos a fazer uma mistura de cálcio para proteger e restaurar as partes feridas das árvores de frutos que povoavam a colina junto à casa. Quando o tempo o deixava, foram assim as nossas manhãs.


Mas mais uma vez, as estadias prolongadas confirmam o tema dominante dos nossos dias: comida!
Se em Gonfaron os dias foram marcados pelos constantes repastos e incessantes momentos culinários, então que dizer dos manjares da Maria? Um dia, Maria e o Keith viviam a "busy life". Um serviço de catering que lhes roubava, literalmente, todas as horas do dia e lhes presenteava com os louvores máximos e as maiores recomendações que o mercado podia dar! Um dia mais tarde, decidiram trocar a "busy life" por um pedaço de "good life", na terra natal da Maria. Claro que trouxeram com eles toda a experiência de anos acumulados de trabalho. Claro que fomos bem recebidos à mesa. Claro que durante sete dias e catorze refeições, nunca comemos a mesma coisa duas vezes e cada momento à mesa era um momento especial. Sempre decorado com cores e sabores diferentes, ingredientes novos cozinhados de forma familiar e ingredientes familiares cozinhados de forma diferente. Refeições italianas com ares de Inglaterra. Podemos não ter pedalado até Inglaterra, mas ficámos com o sabor na boca, das coisas que por lá se comem. Desde o "Sunday roast" ao "English breakfeast" na manhã da nossa partida.
E como se não bastasse, os últimos serões foram passados a vibrar com os últimos episódios e a final da primeira edição do Masterchef New Zealand! Mais comida!


No dia que chegámos, entre conversas e troca de histórias, ficámos a saber que em Rogliano, vive um barbeiro diferente. Pequeno de estatura, mas grande de espírito e personalidade. Nem imaginávamos que uma semana depois de ver o seu vídeo no Youtube, a cortar barba e cabelo a um músico enquanto este tocava num festival da terra, o Alexandre iria receber do mesmo tratamento. Com um local de trabalho a transpirar Reagge, Bob Marley e uma grande amor pela música, a barba farta deste Nomadicla, foi cortada com movimentos que mais se assemelhavam a dança do que a barbeiro. Uma bela experiência esta de ir ao barbeiro em Itália.


E que dizer dos canídeos Rocky e Billy e da restante "animal farm"? Cães, gatos, coelhos, ovelhas, galos e galinhas todos em perfeita comunhão uns com os outros, todos amigos e compinchas de longa data e todos amigos da malta! Todos os dias ao sair de casa, os bons dias do desmiolado Rocky e a preguiceira do inteligente Billy. Todos os dias ao sermos avistados, os mascares de pastilhas das ovelhas cessavam e davam lugar aos mês.

Os dias passaram rápidos neste pequeno santuário de paz e tranquilidade nas montanhas de Calabria. Por vezes (bastantes), a Maria punha uma música enquanto preparava os cozinhados ou enquanto dava um arrumo à cozinha e ao seu jardim. A música ecoava até ao local onde trabalhávamos e misturava-se com a cantoria da Ana, enquanto colocava uma cerca ou serrava uns ramos.
De vez em quando, os familiares e amigos vinham da cidade fazer umas visitas e partilhar as refeições connosco. Ainda tivemos a oportunidade de jogar Wii com o Fabio e a Daniela.


Para não variar, sempre que passamos tanto tempo no mesmo sítio e em especial, quando somos tão bem recebidos, começamos a deixar que o sítio entre em nós. Lá para o fim da semana, os pequenos-almoços, a beber "english tea" e a olhar pela janela da cozinha para as ovelhas e animais, para as colinas imponentes por detrás e para o bom e o mau tempo, começaram a parecer-nos familiares, como se ali vivêssemos desde sempre e desde sempre conhecêssemos a Maria e o Keith.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Eu sei que o meu comentário/conselho já vai (muito) tarde Alexandre mas, num caso desses, onde o raio tenta trespassar o aro, deve-se desenrosca-lo aliviando a tensão. Não te esqueças que o grande avanço da roda de raios foi o de passar a trabalhar em tensão em vez de compressão (como os das antigas rodas em madeira).Desenroscando-o perde a tensão (e a sua utilidade) mas por algum tempo, resolve o problema, os outros raios suportam a carga adicional. Seria o que eu faria caso tivesse esse problema na moto.