Cagliari - Trapani

As malas cheias de comida, as bicicletas equipadas, as despedidas da Cristina e da mãe, e lá partimos nós todos pimpões em direcção ao barco que nos levaria à bela Sicília.
Chegámos 10 minutos depois da hora que nos tinham dito para lá estar, e afinal o barco estava in ritardo. Não embarcaríamos às 10 horas, mas às 11, disse o senhor que nos deixa entrar no porto.
Ok! Esperámos, tirámos fotos, esperámos, reorganizámos as malas, e avistámos o barco ao fundo já perto das 11. O senhor deixou-nos entrar, a nós, e a mais umas dezenas de pessoas que estavam à espera.
Parecia que todos os outros tinham desaparecido, e nós ali no meio desnorteados sem saber para onde ir. O barco não parecia nada daquilo que nos tinham dito. Até se parecia muito com o que tínhamos apanhado em Córsega. Um guarda, viu-nos e confirmou os nossos bilhetes e identificações. Encaminhou-nos para o nosso barco. O outro barco lá ao fundo. Um gigante cor de laranja e branco, cheio de contentores de camiões e com a porta levadiça fechada. Apressámo-nos a pensar que por estar tudo fechado, estaria pronto a partir em menos de nada.
Quando lá chegámos, passou cerca de uma hora até confirmarmos que o barco só partiria por volta das 15 horas. Boring. Os camionistas entravam e saiam a descarregar os contentores todos, dos dois pisos de barco. À volta de todo este trabalho, claro está, duas dezenas de homens, especados de mãos nos bolsos, observavam todas as manobras.
Quando finalmente entrámos, perto das 14 horas, já quase não havia camiões. Amarraram-nos as bicicletas com nós de marinheiro para não tombarem. Levámos um saco cheio de comida fomos para a pequena zona que disseram existir para pessoas.
Uma volta completa pelos corredores e encontrámos a sala comum, também sala de refeições. O que parecia ser o responsável da equipa que servia os almoços, recebia também os bilhetes, entregava as chaves respectivas e encaminhava as pessoas para os quartos.
Ao ver os nossos bilhetes pediu-nos para esperarmos um bocadinho, porque tendo lugares separados, iria ver o que se podia fazer!
Voltou, estávamos nós a meio do nosso grão, com uma chave na mãos e um sorriso malandro. Indicou-nos onde ficava o quarto e entregou-nos os bilhetes.
De imediato, assim que terminámos de comer, fomos então ver o quarto para nós.
Nem dava para acreditar nos nossos olhos. Depois de duas viagens de barco em barcos de passageiros, foi preciso chegar a um barco de carga para termos direito a 4 camas, casa de banho com duche, duas secretárias com candeeiros e tomadas, e uma janelinha que dava para a proa. Mais do que alguma vez poderíamos desejar.
O primeiro pensamento foi logo, actualizar os episódios de muitas séries.
Deixámo-nos estar, ainda, incrédulos de que teríamos 12 horas de descanso social, num quarto só para nós. Durante as primeiras horas, aguardávamos a entrada de alguém a qualquer momento.
Bastaram estas primeiras horas para sentirmos que não íamos ver série nenhuma afinal e que teríamos de passar o tempo a dormir, ou então no exterior ao frio, para não nos sentirmos enjoados. Sentíamos a ondulação, por mais ligeira que fosse e concentrar-nos a olhar para um ecrã, ou estar de pé, sentados só piorava o mal estar.
O responsável do pessoal, disse-nos que chegaríamos a Sicília 12 horas depois da partida. Na bilheteira tinham-nos dito que seriam 10 horas. Ou seja,  chegávamos a Sicília e não tínhamos sítio para ficar, porque nenhum de nós tinha coragem de incomodar alguém às 3 da manhã. Informámos o nosso host de coucsurfing e apenas poderíamos imaginar como seria quando chegássemos.
Entre os enjoos e passeatas até ar fresco, descansámos pouco. Estávamos moídos.
A chegada foi às 2h30m. Andámos para a frente e para trás pelo porto, depois de termos decidido que era a única hipótese. Passar a noite algures pelo porto. a chuva miúda que começou a cair apressou as nossas incertezas e fugimos para a entrada de um pequeno posto administrativo (pensamos) da Agip, que tinha um tecto a cobrir o espaço suficiente para duas pessoas de deitarem.
Lona, colchonetes, sacos cama, as bicicletas a barrar e nós.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

A enjoarem no mar? Cagandas meninos pá!