Pachino

Ás vezes encontramos sítios que nos fazem lembrar de casa.
As caras das pessoas e as suas rotinas e conversas. A comida e a sua relação com esta. Maneiras de pensar sobre os locais onde se vive. Pachino é um destes sítios.
Situado na ponta sul de Sicília, com abundante mar para onde quer que se olhe, vastas plantações e um ambiente relaxado. É uma cidade que sofre com o calor do Verão. Todos os nativos têm cisternas de água para se aguentar durante as frequentes secas. Mas mesmo sofrendo com o calor, as pessoas que aqui vivem gostam de aqui estar.
Roberto e Giusi. Filhos da terra. Embora tenham lavorado durante algum tempo noutras partes, para aqui voltaram e construíram uma família e uma casa. Todo o dia a trabalhar, mas sem grandes pressas. Aqui não se sente o stress. Acorda-se, toma-se a colazione, vai-se para o trabalho ou para o campo. Limpa-se alguma coisa aqui, ou faz-se a manutenção do carro ali. Volta-se para o almoço. Os miúdos a partir da 13:30, os adultos às 14:00... Vai-se fazendo o dia à medida que ele corre. Sempre com comida da terra. Pastas e verduras, vinho e laranjas, doces de ricota e amêndoa. Sempre o expresso no fim. Nos entretantos lá se experimenta o melhor que esta terra prometida têm. Desde Sardenha que ouvíamos falar dos manjares Sicilianos. Mas algo nos cativou desde a primeira vez que entrou nos nossos ouvidos...
Nesta ilha, tantas vezes invadida e povoada por tudo o que foi império no Mediterrâneo e que por aqui deixaram tradições e costumes, resultaram em algo que apenas em sonhos portugueses se podiam ver. Ouvimos nós dizer, como que em segredo corriqueiro destes mares, que por aqui as avós desde tempos imemoriais, alimentam as recordações de infância das crianças com gelados ao pequeno-almoço. Gelados como pequeno-almoço! É isso mesmo! Nós podemos agora dizer que é verdade! A terra prometida existe mesmo. Imaginem as vossas memórias de infância. Imaginem as vossas brincadeiras na praia no verão e os jogos de bola no pátio da escola. A bicicleta ferrugenta que se pedala até à casa da avó e do avô. O cheiro a campo e mar misturado com o aroma a pizza, pasta e lasanha como só os nossos avós sabem fazer. Acordar de manhã e ver os desenhos animados a comer gelado de amêndoa caseiro com brioche, antes de correr a tempo do primeiro toque da escola. O paraíso existe mesmo, e é aqui na Sicília. Campo e pesca misturam-se, aldeias esquecidas pelos turistas de verão e plácidas piazzas centenárias junto ao mar. Cafés junto a igrejas e abrigados do vento, com esplanadas improvisadas, ao sabor do som das ondas. Cidade do pommodoro. Pachino assim é. Grande, mas não em demasia. Rica em aldeias em sua volta, ilhas com ruínas, muitas praias escondidas e plantações de pommodoro. Esquecida apenas por quem de cá não é e apenas o descobre de passagem no verão a caminho de outros locais. Nós gostamos de Pachino.
Os dois dias que cá estivemos serviram para mais do que recuperar energias e experimentar novos e tradicionais sabores. Serviram para passeatas de bicla leve ou de carro com o Roberto. Para conversas com Giusi sobre os costumes Sicilianos de Pachino e arredores. Serviram para fazer sestas a seguir ao almoço enquanto a nossa roupa se deliciava com uma máquina de lavar. Serviram para olear correntes e descobrir rosticcerias. Serviram para dormir sem despertador, ver Seinfelds e ficar a conhecer melhor a nossa segunda ponta de Sicilia.
Domani, começamos a pedalar para a terceira. Estamos curiosos em saber quando começaremos a ver os 3000m de altura do Etna e o seu pico de neve.
Mas vamos mas é dormir e sonhar com gelados...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ok ok, conseguiram....proximas ferias..Al Pachino!!!

Gostei muito desta pagina do vosso guia turistico, ainda por cima tenho ligaçoes à gomorra, que belas férias na sicilia.

Que bom que voces estao bem...os ultimos dias de chuva e mau tempo pareceram dificeis..

Beijos atomatados, R.