Modica - Pachino

Dia da Natureza: granizo, chuva grossa e tornados!
Como o dia anterior, este prometia ser de chuva, raios e coriscos! Ainda os sinos de Modica não acordaram para as oito, e já a chuva se fazia ouvir com força. A dúvida ainda persistiu sobre se ficar mais um dia em Modica ou não, mas um vislumbre de azul no céu, limpou as nuvens assim como a molenguiçe.
Malas feitas e arrumadas, biclas fora da sua casa partilhada com a alta cilindrada de Enzo Puma, despedidas feitas e adeuses consumados com este puro Modicano de grande coração. Lá fomos nós a serpentear, subir e descer pelas ruelas e ruinhas picolas desta bela cidade de chocolate Azteca!
O dia prometia. Calor do sol, puffy clouds a pintar o céu e umas descidas valentes até Ispica. Que bella giornata!
Em Ispica, a igreja serviu de palco para o nosso almoço de focaccias e pizzas sem queijo que no dia anterior comprámos.
Umas fotos à arquitectura da igreja, valeram-nos uma sugestão, de um senhor de chapéu, para dar sequência à sessão fotográfica, mas no interior da igreja. Assim o fizemos. Mas a bondade entre estranhos não é estranha na Sicilia. Eis que após o pranzo, o chapéu se aproximou a perguntar se bebíamos café. Um pouco perplexos, lá o seguimos até à máquina de café da paróquia. O chapéu vestia o restaurador da igreja que nela laborava hà já 5 anos. Entre a sua lavora, ainda têm tempo para oferecer uma bebida quentinha a dois viajantes de Portugal.
Recompostos, descemos de Ispica até à estrada que nos levaria a Pachino. Uma bela estrada segundo nos disseram. E assim foi.
Com musica Islandesa a cuspir dos ouvidos, subimos e descemos amigáveis montes, até que a chuva começou. Começou devagar, mas de grossas e pesadas gotas! Uns minutos depois e já a musica batalhava com o granizo para se fazer ouvir! Nunca passou das pequenas pedritas de gelo. Nada que nos impedisse de pedalar. Parecia mais que nos estavam a fazer uma massagem nas costas enquanto pedalávamos com as pedritas a cair nas costas! Foi bella a passegiatta! Brutas nuvens brancas, cinzentas e pretas. Azul a espreitar e o sol a tentar construir um arco-íris. Já em Pachino o granito deu lugar à chuva mais forte e tivemos que nos abrigar. De novo a trovoada e lá ao fundo da rua, um tornado também se juntava a esta festa da Natureza. Ainda tivemos tempo de vislumbrar de relance uma tandem de atrelado, carregada de alforges e abrigada da chuva. Com outro tempo e menos molhados talvez a vontade de os conhecer fosse maior.
É interessante como o mau tempo já não nos assusta tanto enquanto pedalamos, nem nos impede de o fazer, (embora o respeitemos). Curioso esta forma de viajar na Sicília. Dia sim, dia não. Sempre a esquivarmo-nos dos dias de chuva e sprintar sempre que o sol pisca. Mais tempo parados. Mais tempo para conhecer os nativos da ilha.
Roberto abriu-nos a porta com um sorriso tão grande como ele! Sempre em Italiano, lá trocámos as primeiras impressões sobre mapas e rotas até que a Giusi chegou a casa e a Helena, a filha, se apresentou.
Conversas e conversetas, receitas trocadas e tradições culinárias partilhadas à mesa, com pasta, carne grelhada na lareira, salada de laranja e doces d'avó!
Sempre bem dispostos, o serão prolongou-se até o cansaço dizer olá e nós adeus à família.
Cada um em sua casa, para a cama fomos felizes. Felizes por ter passado mais um bello dia em Sicilia e por amanhã ser dia de festa para a nossa roupa. Vai reunir-se no tambor, pela primeira vez desde Macomer.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Notável a foto das estufas com o céu carregado e ameaçador ao fundo... Mais uma vez, parabéns pela foto.