Licata - Gela

Ao sábado há escola até à hora de almoço. O Manilo não pôde acompanhar-nos no nosso passeio matinal.
Os 4 de barriga aconchegada com o pequeno-almoço, partimos para um sábado soalheiro, perfeito para sair de casa. A praia a poucos metros da sua casa, e uma vista da cidade a uns quilómetros de caminhada pela areia. A areia, da cor do deserto, de tão fina, prometia acompanhar-nos nas solas até ao nosso destino final.
De carro estacionado à entrada da cidade, percorremos a cidade toda a pé a partir daqui. Logo ali, a 20 metros, pela primeira vez aberta, Grangela, uma galeria subterrânea, depois de mais de 50 anos fechada, encontrámos os amigos da Protecção Civil, da qual a Mariolina também fazia parte.
Capacetes na cabeça, lanternas nas mãos e entre os protectores civis descemos 20 metros. Os poucos registos encontrados não desvendavam a função inicial destas galerias. Pela existência de câmaras pensa-se que serviriam como câmaras funerárias, mas com a água a infiltrar-se, pensa-se que tenham desistido da ideia. Uma câmara incompleta suporta esta teoria.
Um buraco acima das nossas cabeças, mostra que transformaram este local num poço, com uma reserva de água potável.
Uns metros mais acima percorremos um corredor onde expõem fotos da Segunda Guerra MUndial, por ainda estarmos perto do dia 27 de Janeiro, Dia da Memória.
Este corredor servia para, nessa altura, realizarem as trocas comerciais clandestinas e para se refugiarem. Pode ver-se um pequeno cúbiculo tapado com cimento que fazia ligação com a casa ao lado.
Seguimos num ritmo relaxado a passear pelas ruas, a visitar igrejas principais e ainda outra que só abrem no dia de Páscoa, mas que hoje, sabe-se lá porquê estava aberta. Pudemos espreitar o que se suspeita ser um verdadeiro Caravaggio pendurado atrás do altar. Investiga-se.
A história da cidade, que antes estava junto ao mar e que depois das invasões se mudou para o topo da monte, foi-nos sendo contada à medida que avançavamos pelas ruazinhas,com varandas de roupa estendida, cascas de laranja a secar, cheiro a preparações de almoço.
Regressámos ao carro contentes com um tão belo sábado e eis que na Grangela um jornalista nos entrevista para o jornal local
Que mais poderíamos querer?
Almoçámos e despedimo-nos desta primeira família sicicliana que tão bem nos acolheu!
Partimos para Gela que nos dizizam ser bruta, ou seja, feia.
Quase 3 horas depois esperávamos o Ludovico.
O Ludovico chegou a sorrir todo colorido. Depois de descarregar as bagagens partimos para conhecer o seu avô, que depois de 5 anos a viver no Brasil, falava português sem ninguém que o acompanhasse. Ficou contente quando começámos a trocar as nossas primeiras palavras em português e a obter resposta da outra parte. Comemos biscoitos acompanhando o chá enquanto trocámos meia dúzia de palavras. Os nossos planos foram delineados à despedida quando a avó nos convidou para almoçar no dia seguinte. E quem podia dizer que não?
Seguimos para ir buscar a Stefanna, a namorada do Ludo. Entrámos numa loja e toda a gente comia, de pé, em mesas em redor das vitrinas, onde se podiam ver muitos tipos de pizzas e uma espécie de folhados de várias formas. O Ludo tinha-nos falado das arancinas, que eram típicas da Sicila. Também lá estavam. Ele escolheu para nós e regressámos a casa para jantar estes petiscos.
Tudo delicioso. E como todos gostamos de música, depois da cena, fomos para o computador mostrar música e videos uns aos outros.

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