Gliwice – Slawiecice

Eram já perto das onze quando partimos de casa da Ola. Tomámos o pequeno almoço juntos em frente ao ecrã. Muesli com leite e Harvey Krumpet.


Ainda não chovia quando começámos a pedalar. O céu escuro, nuvens cinzentas ameaçadoras. Um calor em excesso a anunciar tempestade.

O sinal de padaria (piekarnia) e o cheiro a pão no forno levaram-nos a entrar numa ruela secundária em busca de sabores e cheiros aconchegantes, como que para compensar o dia molhado e de muitos quilómetros que tínhamos pela frente!
A desilusão era fácil com tão altas expectativas. Acabámos por comer tudo menos pão. Seguimos caminho, que a manhã já ia longa e não tardaria a começar pingar.


A estrada de rectas longas e árvores altas! Com rasgos de ciclovias. Muitos ciclistas em passeatas e outros a aproveitar os intervalos da chuva para  chegarem onde queriam. A meio de uma estrada com uma ciclovia de terra batida à esquerda, a polícia baixou o vidro junto do Alexandre e apontou-lhe o que já tínhamos visto. Uma ciclovia mesmo ali ao lado. Fez-nos sinal para irmos para lá e continuou. Mas ficou à espreita mais à frente, para ver se cumpríamos as suas indicações. Claro, senhor guarda! Mudámos para a ciclovia e como era esperado nem duzentos metros tínhamos feito e a ciclovia acabava no meio de nada. Deixando-nos apenas a alternativa de voltar a atravessar a estrada e seguir na via com os automóveis.
O mais provável é haver um lancil de passeio sem rebaixamento e nós termos de ou descer da bicicleta e voltar a montar ou descer muito devagar e sentir o salto do pneu de trás com todos os ossinhos do traseiro!
Não é que não queiramos seguir as regras, mas um pouco de bom senso nestas situações, ajuda a evitar andar aos zigue zagues e aos saltinhos entre a estrada e o passeio. Por muito que gostemos de pedalar....


O almoço, não houve. Apenas uma merenda de improvisos debaixo de uma paragem de autocarro. Com a roupa molhada, parar não sabe bem, porque em menos de nada já estamos com frio.

Avistamos a placa da cidade onde queremos chegar e relaxamos. O normal, é seguirmos os sinais até ao centro e enviarmos uma mensagem ao nosso anfitrião. Desta vez, porque queríamos usar o computador sem os remorsos de não estarmos a dar a devida atenção a quem nos recebe de forma tão generosa, fomos primeiro sentar-nos onde havia internet sem fios. Escrever um ou dois dias da viagem. Matar o bicho com uns petiscos de fast food e então sim avisar da nossa chegada.

Como anunciou na mensagem chegou quinze minutos depois, o Adam, cheio de sorrisos e elogios. Explicou-nos o caminho com o gps do telefone e ficou à nossa espera no sitio combinado, mais à frente. Afinal, a sua casa ficava dez quilómetros mais à frente.

Num entusiasmo pouco contido, desfez  a surpresa que nos tinha preparado! Iríamos passar a noite num hotel. Amigo, do amigo, que fez um favor... Nós...Nós, nem sabíamos o que dizer. Não estávamos à espera, mas sabemos que tudo pode acontecer! E quando acontece, nós aceitamos!


Arrumámos as bicicletas, levámos a bagagem e depois de um banho no hotel, regressámos à sua casa. A sua mãe recebeu-nos com comida caseira quentinha! Sopa, sobremesas e carne guisada com batatas! Enchemos a barriga e enquanto comíamos, ela entrava e saía, atarefada preparando mais comida.


Ao jantar seguiu-se um serão de videos e fotos de viagem. O computador ligado à televisão, a mesinha do chá recheada de comida e bebidas e todos recostados nos sofás. O irmão do meio do Adam, o Piotr, juntou- se a nós. A mãe acompanháva-nos, contente, nos shots de nafteka, enquanto víamos os videos do Adam, de viagens que fez pelos diferentes continentes. Alternámos com as nossas fotos e quando olhámos para o relógio já passava da hora de fecho do hotel. Dissemos boa noite num instante a todos e seguimos.

Batemos no vidro, ainda havia gente a arrumar, e subimos ao nosso quarto cento e três.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Sigam as indicações do "sargento Saraiva" - o primo distante da G.N.R. de Freixo de Espada à Cinta! Ainda que as indicações, sejam apenas do domínio do simbólico e absolutamente inconsequentes...