Nikithianos - Sitia

Que dia de insecto!

A ideia de que viajamos à velocidade das borboletas deixa de ser tão encantadora quando começamos o dia a ser ultrapassados por elas enquanto subimos quilómetros de uma estrada.


Passámos o dia a subir e a descer e a fazer curvas à esquerda e à direita! Até chegar à parte oriental de Creta tivemos de passar por todos os pontinhos à volta da ilha junto à costa. Nada de corta matos pelo meio dos montes e montanhas. E para dizer a verdade, nem sei o que preferíamos rebentarmo-nos todos a subir a montanha e descer logo no sítio, e ficava o assunto arrumado, ou seguir pelo caminho mais longo serpenteando junto à costa. Como a primeiro opção nem existia, é claro que fizemos o caminho mais longo. Sempre que a curva se virava para dentro para a montanha, não deixávamos de ter pensamentos de “Ok, é agora que vamos subir a sério!”. Mas depois a curva lá à frente virava de novo à esquerda e lá continuávamos nós a rodear as montanhas todas do caminho.


As compras para o almoço e a fome seduziam-nos a parar a cada aldeia que passávamos. Ao avistar a subida que se seguia, estabelecemos a aldeia a seguir como meta para parar e fazer a comida. Já mais de metade da subida feita e começam a aparecer sinais a anunciar a vista panorâmica a x quilómetros, com wc's, e sítios para comer. Soava bem como local de almoço. As doze horas há muito que já passavam e o calor e a fome estavam a atacar-nos com toda a intensidade. Quando chegámos, seguimos directamente para as mesas de um restaurante à beira da estrada. As poucas sombras que havia estavam por ali, e não sei que mais nos encaminhou sem pestanejar para ali! Os menus abertos com fotos dos pratos, e preços tentadores a piscarem-nos o olho, e nós a salivar para a carta. Hambúrgueres, e sandes pareciam plausíveis de comprar. Quando queremos alguma coisa há sempre argumentos a favor. A empregada aparece super simpática, e cinco minutos depois estávamos nós na cozinha, com o tabuleiro das batatas com carne no forno a roçar-nos as narinas, o tacho dos caracóis aberto sob as nossas cabeças a entranhar-se nos nossos poros, a ajudante a inclinar o tacho do arroz cheio de cores de ervas legumes e azeite que envolvia vigorosamente com as mãos lambuzadas. Em plena barriga do monstro, conseguimos seguir a luz que nos libertava e saímos para a rua.

Conseguimos dizer que não e sentar-nos nos bancos diante do restaurante a cozinhar o que tínhamos comprado. Um belo repasto com entradas e sobremesa. Os autocarros, e carros de turistas paravam e seguiam. Mesmo ao nosso lado tínhamos a fonte onde todos enchiam garrafas de água, faziam conchas com as mãos à falta de garrafas e refrescavam-se do calor.


Levámos na mala a bucha para a tarde, depois de esvaziarmos os sacos com a comida do almoço, dois hambúrgueres.

A viagem prosseguiu a seguir ao almoço com uma descida vertiginosa. A Ana seguia à frente. Sem saber bem como nem porquê uma abelha gigante entre pelo decote da t-shirt e... Zás! uma picada na mamoca. Sempre a descer a 30 e muitos quilómetros a Ana puxa pela gola da t-shirt alargando o buraco para a abelha sair..nada! Continua a esvoaçar freneticamente entre as peitaças. A Ana levanta a parte de baixo da t-shirt e... nada! Ok, está na altura de pôr a mão... Zás! Mais uma picada no dedo. A abelha desaparece e a Ana grita de dor, enquanto pára a bicicleta junto à berma.
Uns lamúrios, fenistil e seguimos caminho com as picadas a doer a inchar.

Estrada acima e estrada abaixo ansiamos pela última descida que sabemos levar-nos até ao nível do mar, até Sitia.
Eis que a subida acaba e vemos Sitia lá ao fundo. Pomos as mudanças mais pesadas e lá vamos nós a descer sem parar.

A meio da descida, a Ana, trava de mão na cara e cabeça baixa. Um mosquito que entrou para o olho esquerdo. Arde e faz impressão! Tiramos o mosquito e continuamos sempre a descer que p'ra frente é que é caminho. Minutos depois pimba... outro mosquito entra para o olho esquerdo da Ana. Continuamos depois da remoção do insecto e... Zás! Outro mosquito entra para o olho esquerdo da Ana.

Os óculos de sol partidos ainda não tiveram um substituto mas depois deste dia decidimos que vai ser mais um investimento a fazer.

Chegamos a Sitia, e instintivamente seguimos pela marginal. O Manoulis, estava por ali e encontrámo-nos sem querer. Os horários dos barcos dali eram no mesmo dia às 5 da manhã ou no sábado seguinte. Com o Manoulis estava tudo bem em ficarmos com ele estes dias todos pelo que decidimos ficar por Sitia até sábado.

A lua cheia sobre as montanhas inspirava uma noite magnífica e os 3 decidimos que seria magnífica a dormir na cama.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Com tanto insecto não será mais seguro o uso de um capacete integral...?