Rethymno - Second week

O início da semana começou com despedidas. O Alex e a Cassie seguiram viagem e de 7 Helpers ficámos 5. Devem ter levado com eles as nuvens e a chuva porque a semana começou soalheira e seca. Finalmente!


A caravana ficou vazia e nós mudámo-nos para lá de malas e bagagens. Ajudou ao sentimento de conforto.
Cheios de bichos carpinteiros o nosso trabalho com a madeira continuou. Construímos um suporte para folhetins informativos, e tivemos direito a madeira nova para fazer as janelas do quiosque das ervas e óleos naturais.

A maioria do que aqui se constrói é reciclado. Temos uma pilha de madeiras, portas e cadeiras partidas e velhas, arames, grades, ferros, tubos, barrotes, paletes, escondidos atrás do contentor, árvores e arbustos junto à caravana. O contentor é outra das nossas fontes de material. Prateleiras cheias de parafusos, pregos, serras, berbequins, martelos e muitas ferramentas, tintas, esponjas, limas e pincéis, e ao fundo material empilhado para as actividades do Verão. A criatividade está dentro de nós e os materiais à nossa volta, sem limites para criar!


O parque ecológico foi nascendo. O Mihalis, natural de Creta, professor de educação física e a Susanne, alemã e massagista, são os fundadores. O amor pela Natureza, e pelo que os rodeia vê-se em cada movimento. A maneira como pegam nos animais, o tempo que passam a observar cada planta, cada pequenino ser vivo que faz parte deste ecossistema é muito importante para manter um ciclo harmonioso. Eles não se ficam pelas palavras, o seu estilo de vida é coerente com o que dizem ter como princípios.
Entre si falam alemão. Ambos já tiveram vários trabalhos e pela maneira como as coisas aconteceram parece que todo o antes foi uma preparação para o agora.
A Susanne nutre um carinho profundo pela cultura havaiana, onde já esteve e aprendeu uma das suas técnicas de massagem. Assistimos à dança havaiana da cura, que a Lisa, Tanita e Marisa aprenderam com a Susanne, para executar na festa de abertura do parque, duas semanas antes de chegarmos.

Começámos a ter responsabilidade na alimentação dos animais assim que acordamos. Damos ervas aos coelhos, o que houver de comida às galinhas, fruta e legumes às iguanas e chinchila, e pomos comida a apodrecer na gaiola dos camaleões. Atrai uma moscaria doida! Destapamos as cobras e os geckos para apanharem sol, pomos a gaiola das iguanas cá fora do contentor, soltamos os franganitos e verificamos se toda a bicharada tem água.

Felizmente, pela vinda do sol pudemos restituir as iguanas à sua gaiola original, na companhia do dragão engraçaducho e vê-las ganhar novas cores à luz quente do sol!


A gata ranhosa transferiu os seus miares para estes novos moradores da caravana.
O galo, por ser tão mau, ganhou o nome de Big Red. Além de se empoleirar em cima das galinhas e dar-lhe bicadas até fazer sangue, persegui-las e bicá-las, arranhá-las com as patas, mostrou-nos pela primeira vez o que as histórias dos outros Helpers nos contavam. Também fomos vítimas de perseguições dentro do espaço comum onde vamos buscar a madeira. Às vezes, até quando se tenta abrir a porta para uma galinha foragida ou poedeira entrar, não o conseguimos fazer porque se fica por ali de peito feito a atirar-se à grade e a tentar bicar-nos o corpo. É mau! Parece que sabe quando falamos mal dele e põe-se do outro lado a deitar-nos olhares de soslaio e a abrir as asas grandes enquanto solta um Cócórócó mal enjeitado. “Sim, estamos a falar mal de ti!”. Nem para a panela o queremos e no fundo achamos que até é capaz de atacar as cobras se o pusermos como comida para elas.


Temos 2 cadelas, a Lumpy e a Rita. A Lumpy é a maior e porta-se como uma criança mimada. Faz o que quer e o que lhe apetece e ai de quem a tente contrariar, mostra-lhe logo os dentes. Respeita apenas a pequena Rita. Juntas fazem a vida negra ao pobre do Yanis que todos os dias durante anos leva com os ladrares e perseguições destas duas a cada dobrar de esquina. Amam-nos se temos comida, adoram-nos se as pomos ao colo, gostam de nós se lhes dermos festas, levamos uma dentada se as empurramos do sofá da caravana.

Mesmo no final da semana, descobrimos uma nova ninhada de coelhos. Afinal o que se pensava ser uma era um, apenas com um testículo. As coelhas comem-lhe os testículos quando não querem mais filhotes. Para protecção dos mais pequenos fecham os buracos das tocas antes de anoitecer e voltam a abri-los de novo pela manhã cedo.

Continuámos a ir à caixa do Correio à espera das nossas encomendas, mas nada. Com tantos feriados e pontes pelo meio dizem-nos que é normal.

As relações entre Helpers estreitaram-se e lá para o fim da semana, a Ana começou a fazer parte das jogatanas de gin  das raparigas. Os jantares na caravana, acompanhados de conversas animadas e jogos em que quem perde bebe Raki. Passámos a semana a comer leguminosas cozinhadas de todas as maneiras, porque enche, é barato e faz bem.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Muito obrigado por me terem estragado a ideia fofinha e inocente que fazia dos coelhos. Afinal são freaks... Muito freaks