Iraklio

Iraklio... a maior cidade de Creta. Mas não estávamos lá. Estávamos os três com a cabeça nas nuvens e passámos o dia desnorteados, perdidos, estando lá mas sem lá estar.

Acordámos cedinho. Cedo demais para a nossa anfitriã. Com pézinhos de lã, tomámos o pequeno-almoço e arrumámos algumas tralhas que por ali andavam. Quando a Maria acordou, despachou-se em menos nada e nós saímos com ela. As conversas trocadas eram estranhas e parecia faltar-lhes vida. Palavras ditas sem grande atenção. Antes de sair ainda teve tempo de nos preparar um puré de umas leguminosas que pareciam grão de bico pequeninos e que nos faziam lembrar o puré de favas da Cathy e humus. Uma delícia grega!


A Maria ia tomar conta do pequeno Roman, enquanto a mãe dele dava uma aula de olaria,  e de outros ofícios artesanais. Nós fomos com ela, visitámos as instalações e maravilhámo-nos com o que por ali se fazia. Dissemos até logo e fomos à nossa vida.


E a nossa vida é a bicicleta. Seguindo a sugestão de Nikos, procurámos uma loja de velocípedes e abastecemo-nos de travões suplentes, já a pensar no próximo Inverno.
Regressámos ao centro da cidade. Desta vez à procura de mapas para os próximos países. Depois de muito andar e perguntar, fomos dar à loja certa. Uma loja só de mapas com cartas do mundo inteiro!
Pesquisámos, procurámos, comparamos e analisámos, mas depois de muita indecisão, decidimos que não precisávamos MESMO de gastar dinheiro em mapas. Existem alternativas digitais e de pirataria online. E seja como for, sabemos para onde vamos e não planeamos rotas detalhadas.

Claro que, para o dia de hoje talvez fosse preciso a ajuda de um mapa. Despachados dos afazeres na grande cidade fomos ver se a Maria ainda se encontrava no centro artístico. Mas já tinha acabado. O Alexandre ficou pelas ruas, enquanto a Ana voltou para casa.
Quando o Alexandre quis voltar para casa é que foi o cabo dos trabalhos! Andou e andou e andou... As esquinas familiares pareciam duplicar, as lojas vistas deixavam dúvidas e as ruas começaram a tornar-se labirínticas. Não conseguia encontrar a casa. Carregado com a máquina fotográfica e um saco de tomates, só depois de muito andar e desesperar, de muitos sms's trocados com a Ana (que deu com a casa à primeira e esperava pela chegada dos vegetais para o almoço) é que a salvação chegou. Combinou-se um local e a Ana foi buscar o Alexandre.
Isto, antes do almoço. Depois do almoço o Alexandre voltou a sair, desta vez mais atento, mas mais uma vez voltou a desorientar-se! Só depois de mais uns círculos à volta do bairro é que encontrou a luz!

Mas nem todo este tempo perdido foi em vão. Pelo menos conseguiu ver uma árvore a atravessar a estrada. Algo insólito numa grande cidade.

A Maria saiu ao fim da tarde e nós ficámos em casa. Ainda esperámos por ela para comer, mas como não aparecia, adiantámos o serviço e depois de um sms a avisar que não vinha dormir a casa, fechámos nós os olhos e esquecemos este em que nenhum de nós lá esteve.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Se duvidas ainda existissem sobre a proximidade dos Gregos aos Portugueses a "arvore a atravessar a estrada" encarregou-se de as desfazer. A julgar pelo que já tive oportunidade de assistir por cá, estou certo que os postes também o fazem...