Astakos - Myrtos Beach

Adeus Hércules. Quando lhe demos uns beijinhos de até qualquer dia, ele dormia a sua sesta matinal.
A Chryssi e o Kostas prepararam-nos o pequeno-almoço e repetiam que podíamos levar o que quisemos e precisássemos.
Antes de sairmos pareciam empenhados em arranjar coisas para nos oferecer. Lembraram-se de lhes contarmos no primeiro dia que a Ana tinha ficado sem óculos de sol e ofereceram-nos uns antigos. O Hércules é pequeno ainda para votar, a mãe ofereceu-nos um peixe vermelho por ele. O Kostas quis que o Alexandre ficasse com o seu boné, mas os miúdos do 100% falaram mais alto e continuam na cabeça (e coração) do grande Alexandre.


Os dois montados nas bicicletas e o Kostas na scotter para nos acompanhar até à cidade. A Ana passa num buraco a 10 metros de casa, e ouve-se um ruído forte na roda frente. O suporte dianteiro dos alforges desencaixou-se e com o peso da mala entortou um bocadinho. Quem puxar pela cabeça há-de lembrar-se que algures em Pamplona este suporte no mesmo lado levou uma pancada na oficina. Na altura pensou-se em comprar uns novos, mas com umas pancadinhas espanholas de amor, remendou-se. O Kostas voltou a casa para ir buscar as ferramentas. Em cinco minutos já está tudo encaixado e retomamos o ar feliz de Primavera que tínhamos quando começámos.

Na cidade, compramos os bilhetes e como não podia deixar de ser, vamos comprar as argolas doces de pão com sésamo que a Chryssis nos apresentou. Ainda mornas, é difícil comer só uma.
Os abraços ao Kostas custam, mas sabemos que são até breve. A estadia em Astakos foi deliciosa. É pacata na sua gente, simples, mas bonita.


Entramos no barco e repetimos o ritual de prender as bicicletas para que com os balanços do mar não caiam.
A viagem começa e dizemos adeus Astakos. As ilhas estão lá ao fundo e vão-se tornando maiores e mais nítidas.
No porto de Itaca, supostamente, a ilha do Ulisses de Homero, nem queremos crer nos nossos olhos. A água é tão azul e transparente que se consegue ver o fundo, mesmo a mais de dez metros de profundidade.


O barco segue caminho e deixa-nos em Kefalonia. Ainda é cedo e abrimos o mapa para planear a rota.
Seguimos pela costa até à cidade seguinte e cortamos para a esquerda para as montanhas. A paisagem mudou e estamos no meio de um ambiente rural. Casas pequenas, cafés e lojas perdidos. Cães a aparecerem nas curvas e a rosnarem bem juntinho a nós.
Montanha acima até a placa indicar Myrtos Beach. A partir daí é a descer, sempre com as mãos nos travões de tão inclinado que era. A certa altura o Alexandre saiu da sua bicicleta e preferiu caminhar até à praia para não forçar desnecessariamente os travões e a roda traseira que não foi feita para estas aventuras.
Continuamos a colher os frutos de viajar fora da época alta. Uma praia de sonho, paisagens ao pôr-do-sol de inspirar qualquer artista, areia e seixos redondinhos, água azul de piscina. Montámos despreocupadamente a casa amarela nesta pintura viva, pois estávamos sozinhos.

Houve alguém que se estreou a banhar no Mediterrâneo e tirou o suor dos poucos quilómetros pedalados...

1 comentário:

Anónimo disse...

Passou algum tempo desde que tive noticias vossas, mas agora percebo...a viagem não se faz só na estrada mas também numa casa.
Beijinhos (tb se comem caracóis na grécia?)
Saudades muitas,

R.