Paganea – Trinisa

Mais um dia de espera. Mais um dia para deambular pela região.

Com o sol a despertar os primeiros raios, arrumámos tudo nas bicicletas, deixámo-las encostadas a um portão e fomos dar um pequeno passeio pela estrada que seguia até à costa, alguns metros mais abaixo.


Voltámos, sem pressas, pelo mesmo caminho do dia anterior. Ao passar pela baía, aproveitámos para atirar seixos roliços para a água e apreciar as vistas.
Antes de chegarmos à cidade, decidimos experimentar perguntar os preços num dos parques de campismo da região. Podia ser que os preços até fossem convidativos e nunca se sabe se um regateio seria possível.
Calhou-nos na rifa um parque gerido por um Albanês. Depois das apresentações, quando perguntámos pelo preço de uma noite, num parque vazio, pediu o preço tabelado. Demasiado para nós. Dissemos que não e começámos a sair, quando ele pergunta pelo preço que estávamos dispostos a pagar. Com uma cara de surpresa, repetiu várias vezes que era impossível. Para duas pessoas e uma tenda por uma noite, esse preço era impossível. Impossível...
Viemos embora  a pensar nessa impossibilidade. De como em Portugal encontrámos um parque de campismo no Coimbrão (com muito mais pinta do que este, por sinal) a preços muito mais baixos do que o que acabávamos de pedir.
Impossível apenas existe na maneira de pensar de cada um. Que dizer do alemão que encontrámos momentos depois de sair do parque? Sem mobilidade nas pernas e com evidentes dificuldades na fala, este nosso colega pedaleiro, viera da Alemanha, numa bicicleta movida à força de braços, com a cadeira de rodas na bagagem e tinha como destino Tróia!
Cada um têm a sua definição de impossível.


Regressámos ao café da esquina, para mais uma tarde de ócio em frente ao pequeno ecrã, ao sabor de chás. Quando chegou a altura de irmos embora, apontámos para o norte da região. Esperávamos encontrar acesso a uma praia, que tinha como paisagem um gigantesco barco encalhado e ferrugento.
Chegámos ao barco de facto e andámos um pouco pela praia, mas a zona era muito visível e ventosa. Não seria uma noite descansada. Na nossa pesquisa até vimos rastro de uma serpente entre os arbustos.
Perdemos mais de uma hora no local a seguir, a decidir se seria ou não um bom spot, se tinha muitos altos e baixos ou se era visível ou não. Não era. Pode ser que à terceira seja de vez.

E foi. Mais uma vez num campo de oliveiras. A casa amarela montada e os feijões com arroz na barriga. Enfiámo-nos lá para dentro e algures a meio da noite os sonhos foram interrompidos pelo gotejar dos céus.

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