Rethymno - Last days


Éramos 7 ficámos 5, éramos 5 ficámos 3, éramos 3 ficámos 2, éramos 2 ficou nenhum.

A nossa última semana em Rethymno,... ou talvez não! Adiámos um dia, depois 2 e às tantas só na quinta o tempo deixava de estar chuvoso para recomeçar a pedalar.
Na terça depedimo-nos da Lisa e da Marisa e sentimos logo a diferença. Na quarta dissemos adeus à Marisa de lágrimas a quererem sair. Cada vez mais sozinhos. Mas voltemos a segunda...


Tínhamos encontro marcado com o mecânico para alargar o furo dos aros. As peças que tinha eram apropriadas para este trabalho delicado, mas não no tamanho certo. Visitámos lojas de ferramentas e outras de bicicletas em redor, com respostas entre “não temos” e “furem com um berbequim”. Voltámos à loja do Nikos, e à falta de mais, surgiu a hipótese de começar com o conjunto de formões que se tinha e continuar com um grande até ao tamanho certo. Passar com a bomba de ar para limpar as limalhas, lixar para alisar as arestas e fazer todo o trabalho seguinte de montar uma roda. O Nikos mostrou-nos como se fazia e deu-nos o que precisámos. Ele foi ao seu trabalho e nós fomos ao nosso. Mesmo como gostamos, aprendemos a fazer, mas no fim temos o mestre para verificar. A seguir às rodas fomos às cassetes, que aproveitámos e limpámos a fundo. Com travões novos, e tudo ajustado fizemos o teste.
Pagámos a conta e saímos de sorriso na cara. Grande mecânico este Niko.
Mais dos conhecidos do Mihalis, que conhece toda a gente.


A nossa rotina no ecoparque continuou. Tratar do animais, cozinhar e acabar a porta para a zona da cozinha, caravana, contentor e horta.

Meia hora antes da partida da Tanita e da Lisa estávamos todos a saltar nos maxis-trampolins. Uma estreia para uns e uma despedida para outros. Cambalhotas, piruetas, saltos, pinos, subidas ao poste e só faltava a música de circo. A trupe estava completa. Dois dias antes de partir e descobrimos que se tivéssemos aprendido (5 minutos) a mexer no comando podíamos ter feito isto todos os dias...


A nossa pintora Marisa adiou a sua partida porque à última da hora o Iago (responsável do bar), pediu-lhe para pintar mesas e cadeiras. Trabalho que os gregos levam muito a sério e fazem todos os anos. Tudo pelo turista, claro!
Além de retocar o mural a pedido do Mihalis, ainda levou uma tareia de mesas, cadeiras e pinturas , tantas que no fim não podia mais ver pincéis à frente.

Os serões passaram a ser mais calmos. Nada de jogar às charadas, ao buzz, às pombinhas da catrina, à banda de música, água ou raki, adivinha quem sou, com papelinhos colados com cuspo na testa (o Alexandre era a Barbie!) e sobretudo nada de jogatanas de gin.  Passámos serões a escrever, para tentar actualizar o blogue, e às vezes a Marisa acompanhava-nos nos episódios do Seinfeld. O House, Game of Thrones, The Event, o V e o Stargate ficavam para alturas mais solitárias.


A Susanne e o Mihalis alternavam as suas estadias entre casa e Calcetto, mas ficando cada vez mais a dormir na carrinha que estacionavam à estrada do parque.
Ás tantas descobrimos numa conversa de ocasião que andávamos todos a fazer os xixis nocturnos em redor dos sítios onde dormíamos. Uma  descoberta que nos fez sorrir mas ao mesmo tempo reparar como as pequenas coisinhas da nossa rotina estavam a simplificar-se e a entrar numa comunhão com o que nos rodeava, Já ninguém descascava os vegetais e a maioria da fruta...a Marisa um dia passou por nós descalça e disse: “vou dormir um bocadinho ali para cima que na minha tenda está muito calor!”, como se subir pelo meio das rochas esburacadas, passar pelos cardos e ervas altas e chegar ao topo, com mais do mesmo e deitar-se a dormir debaixo de uma oliveira fosse a coisa mais normal do mundo!

As nossas instalações sanitárias eram partilhadas com todos os que trabalhavam no Calcetto, os jogadores de futebol, e as centenas de crianças que visitavam o parque.
A segunda era o dia pior, ficavam a jogar até depois da meia noite, com holofotes ligados e os sons típicos de um jogo de futebol. Já para não falar dos balneários onde ainda os ouvíamos a conversar enquanto tomavam um duchezeco.
Tínhamos instruções para a partir da chegada dos jogadores todos os dias, por volta das 18/19 limitar as idas às casas de banho/duches.
As crianças apareceram depois da Páscoa. Depois de quase 3 semanas em volume piano piano apareceram às dezenas e encheram o parque de correrias, gritarias e folias. Estavam por todo o lado! Nestes dias, até se irem embora, confinávamo-nos ao espaço da caravana e arredores, protegidos pela vedação.
Foi interessante ver a outra vertente do parque e todos os professores,o Mihalis e a Susanne a assumirem novos papéis diante de nós.
No Verão chegam a ter 200 crianças de uma vez e contam as lendas que é como se fosse uma força da Natureza, quase um desastre natural que chega, arrasa com tudo e desaparece deixando um rasto de destruição atrás de si.

Esta estadia começou com chuva e lama e acabou com sol e vento! Começou com 7 e acabou com 0! Começou com desespero e cansaço e acabou com sorrisos e paz interior! Queríamos mais...

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