Megali Matiniea – Aghios Nikon

Mesmo acordando cedo e deixando as coisas meio encaminhadas, o dia de partir, depois de estarmos mais que uma noite parados, é sempre um stress.
Conseguimos sair por volta das dez e meia. O sol parecia que era de meio dia, de tanto calor que fazia. Juntemos à equação umas subidinhas jeitosas e este foi o nosso dia. Calor e subidas.

Mas ainda estamos no início.
Tínhamos passado a placa a dizer Kampos quando na curva mais à frente um dos carros que tinha passado por nós estava estacionado e um senhor de pé esperava por nós. Pensámos que seria um curioso, que queria saudar-nos ou algo do género. Era, afinal, o Stephan, um couchsurfer a quem tínhamos pedido guarida em Kalamata mas que não podia no dia da nossa chegada. Alteramos os planos de ficar com ele e fomos para casa da Dianne.
Primeiro certificou-se que éramos nós e depois apresentou-se. Trocámos meia dúzia de palavras e seguimos caminho. Que bom que parou para nos cumprimentar. Dá-nos sempre ânimo encontrar boa gente.


Chegámos ao topo de uma montanha e faz-se o que se tem a fazer. Ajeita-se as perninhas junto ao quadro, encontra-se a posição confortável para os pés, as mãos nos travões e lá vamos nós, porque a descer... todos os santos ajudam.

Num jardim é normal haver bancos e um chafariz, por isso aproveita-se a oportunidade e pára-se para almoçar. Dormita-se num dos bancos, arruma-se a "cozinha", estende-se a roupa lavada ao sol e nisto já são quatro da tarde. Os gregos vão preparar o almoço, porque hoje é domingo e almoça-se mais tarde e nós vamos andar de bicicleta pelas montanhas, porque é domingo e estamos a viajar.


As caras a escorrer suor, um de chinelos outro de t-shirt, lenço e boné para proteger do sol, muitas paragens para beber água. As calças molhadas no bumbum, as costas encharcadas e a subida continua. O que nos vale são as vistas, lá em baixo a praia, a água azul, e as estradas planas. Nós continuamos a subir aos zigue-zagues. Os topos que vemos à nossa volta são um paradoxo de emoções. São fascinantes na sua altura gloriosa, mas sabemos que para sair de onde estamos temos que subir até um deles.
A estrada a subir continua, mais as curvas, a água acaba. Comemos fruta.

Quando parece que a subida já acabou e começamos a ver estradas planas, afinal tem mais uma inclinação lá ao fundo. Do nosso lado direito, uma das muitas casa em construção, tinha gente cá fora. Olhamos ao passar pelo portão e um senhor enche a garrafa com água. Os nossos cantis em punho a pedinchar por água.

Mais à frente, perguntamos de novo por nero kalp (àgua boa) e enchemo-nos de àgua para a noite.
A subida continua, mas a inclinação é muito menor, pequenas descidas e alguns planos. Mas dos dois lados só vemos rochas, rochedos, ervas altas, algumas já secas, flores do campo e terreno acidentado. Nas aldeolas perdidas falta-nos a coragem para pedir para acampar no jardim de alguém e seguimos caminho.

Começamos a olhar para o relógio e a achar que vamos ter que ir para o meio do matagal inclinado de pedras e ervas. As estradas secundárias vão dar a portões fechados ou a currais de ovelhas.
Uma igreja e um pátio em seu redor. Decidimos investigar e depois de muito escolher, olhar e repensar, acabamos entre a igreja e a estrada, escondidos atrás do muro, com uma torneira de água que funcionava. Parece que o rei faz anos. A igreja estava aberta e vazia e assim continuou. Sem sermos praticantes acabámos a confessar que a proximidade da igreja nos fazia sentir seguros.

1 comentário:

Anónimo disse...

nero kalp (àgua boa)não corre nas torneiras turcas... naquelas paragens vão ter que abrir os cordões às bolsas!
Bjs
MM