Iraklio - Nikithianos

O calor começou cedo a sentir-se assim que abrimos a janela da varanda às 7 da manhã.


A Maria não voltou a casa de manhã e nós tínhamos que sair ou arriscar a pedalar com o calor. Ficaram os adeuses para escritas em cartão e mensagens online. Mal sabíamos que mais valiam termos esperado por ela e pedir direcções. Saímos do bairro labiríntico da Maria em direcção a este e assim que começámos a ver as placas com Sitia, fomos atrás delas... para esbarrar na entrada de uma auto-estrada. Uma conversa, um debate e uma tomada de indecisões mais tarde e tentámos ir por outro caminho. Mas em vão. Depois de perguntar a um nativo, o caminho tinha mesmo que ser pela auto-estrada. Quando demos por nós já era uma da tarde, com o sol no máximo e ainda não tínhamos saído de Iraklio.

Perguntamo-nos muitas vezes porque fazemos nós isto? Porque raio queremos nós continuar? Porque não estamos junto das nossas famílias e amigos? Porque é que não apanhamos um avião e acabaram-se as subidas, as dores nas costas, as mãos e pés dormentes, as saudades, o rabo assado, a chuva, o calor, o frio, o não tomar banho, as razias dos carros, a contenção nos gastos, a mesma roupa dia sim, dia sim...
Muitas vezes a resposta mais fácil é a ultima a surgir.
Estamos a andar de bicicleta em Creta e chegámos aqui de bicicleta. É por isso que pedalamos... hoje! Amanhã é outro dia.

Acabámos por almoçar antes de pedalar e lá fomos nós para a via rápida, neste domingo soalheiro.


A energia para a tarde era pouca, mas conseguimos que durasse até encontrarmos uma aldeia com moinhos no topo. O cenário ideal para montar acampamento e descansar. Tentámos encontrar alguém para perguntar se havia problema de ficarmos por ali por uma noite. Ninguém apareceu, e nós prosseguimos com o jantar e a tenda.
Meio escondidos entre um antigo moinho em renovação, com vista para as imponentes montanhas e para o longo vale, tudo coberto por um mar de oliveiras. Porque fazemos nós isto? Hoje foi para passar aqui a noite e poder adormecer inspirados pelas vistas.

Quando caiu a noite, a lua cheia completou o quadro da aldeia de ruelas e casebres empedrados.


P.S. - ...existem 54 oliveiras para cada residente em Creta...

3 comentários:

Anónimo disse...

Realmente a melhor resposta foi a última a surgir! Há coisas que isoladas podem parecer valer pouco, mas que no contexto de uma viagem e de uma conquista diária valem muito mais!!! O prazer da conquista pessoal é inesquecível! Força e continuem sem olhar para trás... (Nuno Castanho)

Anónimo disse...

Força nessas pernas, sabiam que teriam momentos menos bons! Amanhã vai ser melhor! Bjs MM

Nuno Vieira disse...

Porque o fazem só vocês podem encontrar a resposta. Uma das consequências? Inspirarem quem que que vos acompanhe, ainda que através deste blog.