Romana – Macomer

Despertámos com um bufar fora tenda. Do lado das nossas cabeças ouvimos um forte FFFFUUUUUUUUhhhhUhhUUUU!!. Paralisámos!
Entreolhámo-nos em silêncio com o coração num frenezim saltitante dentro do peito. A adrenalina a subir e eis que outro bufar se ouve de outro lado da tenda FFFFFFFFFFFFFFFFFFEEEEEEEEEEEHHHEEEHH!. Milhões de hipóteses a surgir nas nossas cabeças! Medo! "Paura". Um boi! Foi o primeiro pensamento! Dois bois? Um porco? Um javali? O que se faz diante de um touro, para evitar uma marrada! Como correr naquele terreno acidentado e ganhar vantagem a um animal natural destas paisagens?
Deixámo-nos ficar dentro da tenda, mas mais rápido que nunca arrumámos tudo, mesmo que molhado, evitando fazer barulho. Ouvimos passos de corrida e aguardando e espreitando, saímos. Nada!
Mais calmos, mas sempre a rodar sobre nós para ver se algum animal surgia, limpámos pacientemente a tenda. Torcemos cerca de 40 vezes os panos encharcados para voltar a retirar mais água da tenda. O cheiro a roupa húmida que ficara do campismo da  noite anterior assustou-nos. A nossa casinha com cheiro a mofo...
Com tudo arrumado começámos a pedalar, fizemos o o caminho inverso ao dia anterior para voltar à estrada principal que nos levaria a Romana. Alguns metros à frente, um touro no lado esquerdo da estrada que comia as folhas dos arbustos. Aqui estava o autor dos bufos! Avançámos devagar por detrás dele e depois de o fazermos lá tivemos que tirar-lhe um retrato.
Continuámos pela estrada fora a subir e a descer e a maravilharmo-nos com a paisagem, cheia de verde verdinho e ovelhas a tilintar pelas encostas acima. As nuvens moviam-se e desenhavam as sombras na terra. O sol aqueceu e passamos o dia a vestir  e despir casacos, gorros, luvas para ajustar a temperatura.
Os sacanas dos cães pastores, escavavam por baixo dos portões o suficiente para passar por baixo e correr atrás de nós a arreganhar os dentes e a ladrar. Tentamos manter a calma, mas pela primeira vez senti medo, porque se juntavam em grupos atrás de nós.
Em Macomer esperámos na Piazza pelo nosso anfitrião Cosimo e seguimos atrás dele até sua casa.
As sua mãe Tonina chegou pouco depois e logo saiu de novo para levar a Ana a tagliare i capelli.
O jantar, preparámo-lo nós, era a condição para podermos ficar com o Cosimo. Cozinhar uma comida típica de Portugal, mas como era vegetariano, tivemos de usar a fantasia. Fizemos grão com muitas coisas, e para o dia seguinte um salame. Prova superada.
A Sabrina a sua namorada veio jantar connosco e ficámos a conversar até tarde e a provar iguarias típicas sardas. Licores, pão super hiper fino e estaladiço salgado e com azeite, que quando se come se assemelha a batatas fritas. Um frito feito por familiares. Pequenas delícias, que nos fazem sentir em casa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Qual Steven Seagal, Chuck Norris ou até John Rambo.....Frio, Touros e Cães Raivosos...
NOMADICLAS KICK ASS!!!!

Agora sim a aventura começou, e ainda não viram as famosas cabras assassinas do sul de frança...ui!

Abraço quentinho com biceps preparados...

R.

Nuno Vieira disse...

Relativamente aos malditos cães, têm a minha total simpatia enquanto motociclista. Ao menos eu, com um ligeiro rodar do ponho esquerdo, ponho-me a salvo e qualquer mandíbula avida por sangue!