Agnata - Ploaghe

Mais um despertar humedecido! Atrasámo-nos na partida e começámos a pedalar apenas às 10h! O previsto para este dia eram 70km e já íamos tarde para evitar pedalar de noite!
À falta de sítio para encher os cantis, bebemos a água da bomba de gasolina do dia anterior! Bebemo-la toda e durante todo o dia não houve mais! Estávamos a secar. Os lábios super secos e muita sede.
Devido ao início de dia menos bom, sem pequeno almoço, atrasados, molhaditos da condensação na tenda e sem água, a disposição estava abaixo de zero!
Mais uns montes pela frente, que mesmo sendo belos, sem estas necessidades satisfeitas, não nos pareciam tão belos, porque os olhos só procuravam fontes ou pequenos supermercados onde pudéssemos abastecer.
No meio de curvas e subidas chegámos a Badesi. Entrámos no primeiro supermercado que apareceu, sem querer esperar para ver se havia mais! Deixámo-nos ir pelos corredores a ver tudo o que havia de diferente. É escusado falar do corredor da massa, que tinha mais de 50 tipos diferentes de pasta.
Na secção do pão, adquirimos intrigados e ansiosos, a nossa primeira spianata. É pão, ou pane, falando italiano. Achatado, redondo ou rectangular, e pode abrir-se num cantinho para encher de coisas boas. Nisto é parecido com as pitas! Depois dobra-se ou enrola-se e come-se. A consistência é mais densa e seca. Muito bom. E só se encontra aqui em Sardenha!
Sem pensar a longo prazo, não adquirimos água!
Viddalba, com a sua piazza acolheu-se para almoço. Continuámos caminho e quando entrámos na estrada nacional, havia muito trânsito. O dia estava meio cinzento e começava a escurecer.
Só queríamos chegar e descansar, mas ainda havia muitas curvas e subidas e descidas a fazer.
Já de noite, fizemos uma curta paragem numa estação de combustível. Levei a correr o cantil para dentro do café. Uma pequena pseudo discussão com a empregada que teimava em fazer-se de desentendida quando pedia água da torneira. Apontava para as garrafas, como que a dizer se queres água, tens que pagar. A desculpa da água da torneira não ser potável, veio tardia. No fim das contas, um senhor italiano que participava, na pseudo discussão, incitando-a a dar-me água, com uns: "vá lá, dá-lhe lá água!", acabou por me pagar uma garrafa de litro e meio de água. Despejei-a no cantil e atirei ao lixo mais um plástico inútil.
Seguimos com as luzes traseiras a piscar, colete vestido e as lanternas na cabeça, já que o caminho não tinha iluminação. Com tanta escuridão não fazíamos ideia do que estava lá ao fundo. Víamos as luzes atrás de um monte, mas sem conseguir distinguir, quanto faltava para as alcançar. Sempre a desejar a cada curva ou descida encontrar casas.
Finalmente entrámos em Ploaghe. Começámos a descer a rua e um carro parou ao nosso lado. Perguntou-nos se procurávamos um bed and breakfast para dormir. Confirmámos. E quando ele disse: "Mimma!", dissemos contentes: "Si, si". Uau, a Mimma devia ser muito conhecida por estas bandas. Acompanhou-nos de carro até à casa dela e foi-se embora.
Assim que encostámos as bicicletas, um senhor veio ter connosco. O vizinho.
As perguntas habituais de onde somos. E depois a surpresa quando confirmámos que pedalámos de Portugal até à casa deles. Perguntou se queríamos beber aguardente. Claro que sim, nem se pergunta.
Entrou em casa a dizer-nos para esperarmos e voltou com uma aguardente da Sardenha. Bebericámos uns copitos. E voltou a entrar. Quando regressou convidou-nos para aguardarmos pela Mimma na sua casa porque estava mais quentinha. Deixámos um recado à Mimma nas bicletas e entrámos. A esposa e o filho estavam pela cozinha. Sentámo-nos e bebemos mais vinhaça caseira e sumo, enquanto conversávamos calmamente em português, espanhol, italiano e sardo. Descobrimos que sardo, em palavras soltas, tem muitas parecenças com o português. A Mimma chegou. Ouviu-se o carro. Aguardámos mas como não vinha mandámos-lhe uma sms para vir ter connosco a casa do vizinho. Juntou-se à mesa a beber connosco. Tinha vindo da ginástica correctiva, porque tem problemas de coluna.
Dissemos adeus a esta família vizinha tão simpática e acolhedora. Um camionista, uma doméstica dois filhos. A primeira impressão da Sardenha foi forte e muito positiva.
Jantámos em casa da Mimma, com uma amiga, a Antonella. O primeiro prato pasta. Esparguete com ouriços do mar, comido em pratos fundos. Em seguida retiram-se os pratos fundos e comemos almôndegas com legumes cozinhados em azeite. Para sobremesa Panettone, o bolo típico do Natale.
Cansados por volta das 11h00 recolhemo-nos no nosso quarto para descansar.

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