Ploaghe – Romana

Antes de sairmos de Ploaghe, decidimos abastecer-nos de comida no supermercado. A água já vinha nos cantis, desde a casa da Mimma. Mas para nossa sorte, um italiano manhoso veio encostar-se a nós para disparatar nem uma única palavra perceptível e afastar o Alexandre para tirar uma foto com a Ana. Pelo que víamos e pela reacção das pessoas a quem ele acenava e cumprimentava percebemos que devia trata-se de alguém que não tinha todos os parafusos no sítio. Com alguma dificuldade lá conseguimos afastar-nos. Com sorte encontrámos um outro supermercado logo adiante. Deixámos os poucos empregados todos maravilhados com a nossa aventura de Portugal aqui. Vinham cá fora ver as bicicletas e trocar umas palavritas. Giro!
Partimos novamente para as montanhas. Desta vez melhor preparados com os alforges cheios de comida e os cantis cheios.
As paisagens fantásticas. Alguns encontros com pastores, gente de lavoura pelos campos, alguns ciclistas XPTO e nada de água para abastecer.
Almoçámos perto de uma construção de pedra enorme, com uma entrada, que associámos ao chozos que vimos em Espanha e que serviam/servem para os pastores passarem a noite ao redor de uma fogueira.
Sabendo que não conseguiríamos percorrer todas as montanhas até ao próximo couchsurfer, já estávamos mentalizados para mais uma noite de campismo.
Perto das casas ou redis espalhados pelas encostas, procurámos alguém a quem pedir água. Sem sorte. Entrámos numa fazenda e procurámos humanidade, mas sem encontrar ninguém. Enchemos os cantis na torneira que ali estava e seguimos durante 2km a subir por uma estradinha, ainda mais secundária do que a que nos levaria ao nosso destino.
Já cansados do dia e de procurar sem sucesso avistámos um muro com uma parte desfeita por onde nos enfiámos, imediatamente. O terreno estava meio acidentado, cheio de buracos do que pareciam ser pegadas de gado. A cada 5 metros tínhamos umas bostas escuras de 20 cm de diâmetros. Mesmo assim, conseguimos arranjar um espaço mais plano e com espaço suficiente para a tenda e as bicicletas não terem de ficar em cima dos cocós.
Do último campismo herdámos uma tenda molhada do duplo tecto ao interior. Mais do que alguma vez esteve. Inventámos tarefas antes de entrar para dar tempo para a tenda secar, como cozinhar com o fogão, mas já estava escuro e no meio das montanhas é só humidade. De facto, quando nos deitámos a tenda ainda estava toda molhada no chão.
Um de nós experimentou enrolar-se no cobertor térmico dos primeiros socorros. Não porque estivesse muito frio, mas para evitar o molhado que cai do tecto e molha os sacos-cama e para aquecer e manter os pés quentinhos.
Comemos uma pasta tortiglioni extra picante com chouriço, lavámos a loiça, arrumámos aqui e ali, higiene e entrámos na tenda molhada.

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