Gonfaron - last days

Todos os dias a banda sonora da casa é a Riviera Radio, com locutores de pronúncia bristish. Quem desce primeiro liga o rádio e logo a casa parece despertar para mais um dia. As gémeas sentam-se em frente uma a outra nas suas cadeiras, para comer os seus cereais e recebem quem vem a descer com chamadas entusiásticas pelos nossos nomes. Reconhecem o som de alguns sapatos, e depois vão por exclusão de partes.
Tomamos o pequeno-almoço aos dois de cada vez, e quando alguém está a terminar, há sempre alguém a começar.
Depois vai-se fazendo o que há para se fazer, seja o que for.
Pois bem, esta semana começou com uma viagem de carro. Billy, Jamie, Alexandre e Ana num carro rumo a Nice. Partimos antes do almoço com umas sandocas no bolso, mas nada suficiente para aguentar as horas que tínhamos pela frente. Fizemos as paragens para a comida americana no MacDonalds, para aliviar as bexiguinhas e tirar umas fotografias.
Após semanas de céu nublado e chuviscos, o sol brilhou para a nossa viagem. Encantámo-nos com o Mediterrâneo a meros metros de nós, casas de gente abonada a preencher todos os espacinhos junto ao mar, as cores constranstantes da terra vermelha e do mar e céu azuis, Cannes e a passadeira vermelha para o festival de cinema.
Antes de chegarmos a Nice o Billy informou-nos que o painel da velocidade, rpm, e combustível, tinha deixado de funcionar, juntamente com os piscas. Quase a chegar a Nice, planeámos estacionar e verificar o que se passava. Assim que o Billy desligou o carro, o visor do rádio e outras informações permaneceu aceso. O fecho eléctrico das portas não funcionava, e não se conseguia ligar o carro. Nós ainda teríamos de regressar a casa, de preferência neste dia. A Jamie e o Billy tinham o hostel reservado e uma viagem de autocarro no dia seguinte para fazer. Telefonámos à Jill a contar-lhe o que tinha sucedido a repetir para nós mesmos que não tínhamos feito nada ao carro que pudesse ter gerado este problema. A Jill aliviou-nos o sentimento de culpa quando nos disse que não era a primeira vez que acontecia isto. Ficou de ligar ao John que estava a 1 hora de sair do hotel para regressar a casa. Voltámos a descer ao piso -2 onde o Billy tinha ficado com o carro. O John ligou-nos pouco depois. Sorrimos entre nós, porque após 2 semanas na casa dele e da Jill, ele ainda era um mito para nós, porque ninguém o tinha visto até então. Disse-nos que desligássemos a bateria e voltássemos a ligar. Instruções cumpridas e eis que segundos depois estava tudo bem.
Só se pode chamar aventura se nem tudo acontece como previsto.
Acompanhámos o Billy e a Jamie ao hostel, onde descarregaram as malas e pelo sim pelo não quiseram certificar-se que o carro funcionava e acompanharam-nos de volta ao estacionamento. Se se lembram o Billy estendeu-nos a mão quando nos conhecemos. Agora tivemos direito a um abracinho, que nos emocionou. Foi esquisito dizer adeus. We were getting along just fine...
Voltámos a casa os dois sozinhos.
O John chegou no dia seguinte à nossa aventura. Finalmente, conhecemos o John. O homem que come bifes de 1,2 kilos para constar nos nomes da parede do restaurante e é piloto de helicópteros para o russo que é dono do Chelsea. O pai da família. O marido amado. O amigo esperado.
Além de grande em altura o John é uma grande pessoa, sorridente, bem disposto, de bem com a vida e quando está por perto há sempre brincadeira no ar.
As nossas tarefas alteraram-se um pouco e começámos a limpar a terra em redor das pedras de uma das paredes, num quarto do sotão. Cobertos de cima a baixo por pó, era obrigatório limpeza geral ao fim do dia.
A Sylvie do CS, conseguiu fazer um desvio para nos dar um beijinho, a caminho do ano novo com a mãe, em Nice. Até nos ofereceu uns biscoitos caseiros e um postal de Boas Festas!
Dois dias antes da partida apanhámos um susto com a bicicletas negligenciadas, quando o desviador da frente de uma deixou de se mover. Foi então que decidimos fazer uma limpeza e lubrificação adequadas antes da partida. Esse dia foi dedicado a arrumações, lavar e secar roupa e tratar das mulas.
O Simon chegou à hora de almoço do dia antes da nossa partida e só tivemos o resto do dia para conversar, conversar, conversar tudo o que conseguimos antes de dizermos um adeus precose para firmar uma amizade, que gostaríamos.
Foi estranho para todos sentir que era a última vez que fazíamos o que fazíamos juntos pela última vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

ja faz parte da minha rotina matinal ler o vosso diário. Esta foi uma pagina muito bonita...dentro dos dois rijos ciclistas batem dois coraçoes muito bonitos!
3.000 km??? Acham que têm razoes para festejar?? Toca a dar ao pedal que ainda faltam muitos mais!
Abraço, sem bolachas nem postal, mas com saudades.

R.