Antibes - Nice

Nice é amiga das bicicletas. Por isso é nossa amiga. Desde que saímos de Antibes até ao nosso destino de couchsurfing tivemos sempre direito a passadeira vermelha.
Uma pista para bicicletas entre o Mediterrâneo e a estrada! Logo ao lado o passeio para peões. Em toda a sua extensão sempre frequentados por praticantes de desporto, seja de patins, de skate, bicicleta, corrida, marcha ou simples passeios à beira mar. A parte reservada às bicicletas está devidamente assinalada com a cor vermelha e sinais de bicicletas pintados no chão. Temos direito ainda a semáforos, sinais de trânsito, como stops, cedências de passagem, velocidades máximas. O que para além de nos deixar muito descontraídos e confortáveis com o imenso trânsito típico de uma cidade grande, enche-nos o ego, ter um sítio reservado a nós ciclistas. Se algum dos muitos peões se atrevem a atravessar o nosso caminho, basta lançar-lhes um olhar de: "chega-te para lá, que este espaço é para mim!". Todos contentes, a distribuir sorrisos e acenos de cabeça aos muitos ciclistas que passavam nos dois sentidos.  Muitos deles, com equipamento todo XPTO, incluindo bicicletas XPTO com tudo a brilhar nem sequer olhavam para nós. Ficámos um pouco tristes e às vezes incitáva-nos a dizer bem alto Bonjour, para não haver a desculpa de não nos terem visto, assim tínhamos a certeza que nos tinham ouvido. E lá levantavam metade da mão do guiador ou abanavam a cabeça em jeito de aceno.
O Victor, depois de três meses a morar em França, veio trazer-nos a certeza para o que já desconfiávamos. Quando alguém nos estende a mão e vinca este gesto quando nos tentamos aproximar para umas beijocas, não é timidez, ou arrogância. Se nos voltarmos a cumprimentar, numa despedida quiçá, já poderemos então fazê-lo com beijos porque já conhecemos a pessoa. Parece que os inglese são mais ou menos assim.
Deixámos a casa do Victor às 8h30m, quando saímos todos uns para o trabalho de escritório, outros para o trabalho da bicicleta. Com Nice a 20km, pedalámos a uma velocidade vergonhosa. Talvez por isso sentimos mais frio durante o dia.
Nice à beira mar está cheia de restaurantes, bares, casinos, e tudo mais que possa interessar a quem por aqui passeia. Um passeio enorme, para peões e bicicletas. E quem quiser pode ir para a praia. A areia são seixos de vários tamanhos. Não pudemos deixar de pensar que até seria agradável não ter o fato de banho todo cheio de areia quando voltássemos para casa...
Ouvimos mais uma vez montes de italianos e em alguns sítios até já se vêem sinais em italiano e tudo. Também estamos já aqui ao lado, não é de espantar.
chegámos cedo, eram umas 17h00 junto ao prédio da Karina. Entre confirmar o local e visitar umas lojinhas aqui ao lado, comemos qualquer coisa que ainda tínhamos da ida ao fantástico mercado de Nice, e uma senhora que descobrimos ser vizinha do mesmo prédio da Karina, meteu-se connosco e claro, demos-lhes troco. Somos daqui, viemos assim, risos... e ela pergunta-nos como fazemos para dormir. Se dormíamos em hoteis? Sintéticos, explicámos o Couchsurfing. Ajeitou-se logo, a perguntar com quem iríamos ficar aqui. Dissemos o nome, mais apelido menos apelido, lá veio o ahhhh, a Karina. E depois sacou do novelo e das agulhas, e começou no teco-teco-teco, teco-teco-teco. Felizmente, surgiu um hello. A Karina resgatou-nos deste início de fofoquice com as vizinhas. Deu para trocarmos uns olhares sorridentes. Foi o suficiente para matar saudades do corte e costura.
Os miúdos estavam excitadíssimos com a nossa estadia e no tempo que tiveram antes de ir dormir, mostraram os seus truques especiais, e saltaram entre os sofás, bateram o pé para marcar a sua posição e envergonharam-se quando falávamos com eles.
São lindos, lindos, lindos! Com uma caras e uns olhos.
A Karina, sempre em pé, mal se sentava levantava-se logo para ir buscar alguma coisa, ver o que andavam eles a fazer. Sentava-se em frente ao portátil e levanta-se logo a seguir para ir buscar as pizzas e os filhos ao Kempo.
Jantámos, comemos a sobremesa e bebemos um chá. Depois ficámos na converseta até um de nós dizer que estava na hora de ir dormir para quem trabalha no dia seguinte.
Com as mudanças de planos da Karina, pudémos ficar mais uma noite com eles.

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