Tarnow - Krakow

Que bem que sabe, estar à conversa preguiçosa pela manhã, durante o pequeno-almoço. Em especial se estiver um dia da treta lá fora, com vento, chuva e frio. Mas quem corre por gosto, não cansa e é lá para fora que temos que ir. Passar o dia com a intempérie.


Abraçamos a Justyna e lá vamos nós a caminho de Kraków, a 90km daqui. Mais um belo dia de Verão na nacional nº4 da Polónia. É o caminho mais curto e por muito que nos custe, porque as estradas campestres são sempre melhores, com o tempo assim o melhor é mesmo chegar ao destino rápido. Por isso, auscultadores nos ouvidos, roupa impermeável vestida, capuz na cabeça, preso pelo mesmo capacete que nos protege os miolos.

O capacete... Não morremos de amores por ele. É incomodo e se usado durante muito tempo faz comichão. Às vezes a presilha faz impressão na garganta. Uma fonte de distração, que nos levou a não usá-lo durante toda a viagem até à Turquia. De vez em quando lá calhava e a consciência pesava mais do que o peso do capacete. Mas conta-se pelos dedos de uma mão o numero de vezes nos primeiros 7000km que foi posto na carola. Mas algo se passou depois do Nicolas. O francês com que nos cruzámos por acaso, enquanto fugíamos ao calor num vilarejo perdido no oeste turco. Bebemos um chá juntos. Trocámos uma hora de conversa. A partilha... Dissemos os adeuses. Ele de capacete, nós de lenço ou de cabelo no ar. No dia a seguir, como que num mutuo acordo silencioso, ambos pusemos o capacete na cabeça e de lá ainda não saiu. Agora já não faz impressão e sentimo-nos nus sem ele.
Não sei se foi por causa do Nicolas, mas é a ele que sinto que tenho que agradecer, por me inspirar a usar o instrumento que nos salvaguarda as ideias tresloucadas que temos.

Enquanto isso, a nacional nº4, continua igual como sempre. Cheia de tráfego. Longos altos e baixos. Aborrecida e monótona até mais não. Aqui a dificuldade é a estrada ser tão boa e eficaz. Se ao menos tivesse umas curvinhas...


Nos arredores de Kraków, as duas faixas transformam-se em algo de proibido para as bicicletas. Mas eis que as ciclovias vêm para ajudar os audazes a entrar no meio da confusão. Temos uma ideia do local onde temos que chegar e da sua posição geográfica. Mas é mais por instinto e "feelings" que tentámos encontrar a casa. Mesmo com a morada, os polacos a quem perguntamos direcções,ou arranham o inglês, ou estão bêbados. Passado alguns minutos, a grande cidade, mais parece um matagal de verde com casas a enfeitar tanta natureza. Será isto a razão de toda a nação achar esta, a sua cidade mais bela?
Depois de muitas voltas, lá encontramos um taxista. Estes não falham e cirurgicamente, cortámos por todo o verde arvoredo, até aos blocos soviéticos.

Já era de noite quando o Przemek nos vêm ajudar, cheio de energia e entusiasmo a carregar as tralhas para cima. Ola, veio pouco depois e minutos depois, os quatro estávamos arrumados na cozinha, com uma refeição quente nas mãos e uma sobremesa para acabar o dia com um sorriso. A conversa fluía com facilidade. Ambos são professores de inglês, para os mais graúdos e para os mais pequeninos. O seu inglês é impecável. Nós fazíamos um esforço monumental para conseguir conversar com eles e não deixar que o cansaço da estrada ganhasse.

Todas as pessoas que encontrámos durante esta viagem, são especiais, para nós, de alguma forma. Mas a Ola e o Prcemek, são únicos. Gostamos deles imediatamente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Comecem a dar speed aos dedos. A viagem está quase a acabar e ainda vão na Polónia.
Estou à espera de um ramo de tulipas amarelas (pode ser foto).
Beijos e abraços
MM