Berezovo - Vyshkiv

Acordar seco! É uma alegria quando tal acontece!
Fomos despedir-nos dos donos da terra que nos deixaram acampar. E partimos.


Seguimos sempre a acompanhar o rio.Quanto mais avançávamos, maiores se tornavam as montanhas. A paisagem era de perder a respiração.

As aldeias, no meio das montanhas dos Cárpatos, são como na Roménia. Todas coladas, umas a seguir às outras. Pelas ladeiras acima, de um lado, e abaixo, do outro, toda a gente trabalhava no duro, na preparação para o Inverno. De foices e ancinhos na mão, uns cortavam outros espalhavam e viravam e, finalmente, outros empilhavam. Chegámos a ver casas com todas as paredes exteriores, forradas de cima a baixo com pilhas de lenha! Para aproveitar o sol ao máximo, enquanto ele estava lá no alto, e não vem a neve cobrir tudo de branco durante muitos meses, usavam calções bem curtinhos, tronco nu e biquíni. Os bronzeados "avermelhados" são moda e usados com orgulho.


Quando víamos um café ou mercearia parávamos logo. Além de serem difíceis de identificar, eram muito raros. Para variar água com gás reinava por todo o lado. A maioria das vezes não havia, ou havia poucas e pequenas. E o que dizer das fontes?
Os carros paravam, as pessoas saíam, abriam as garrafas e despejavam numa sacudidela o que estava lá dentro. Amontoavam-se à volta da fonte à espera da sua vez, para encher uma garrafa ou dez garrafões. Nós, ao vermos isto, pensávamos, se toda a gente quer, é porque é boa. E punhamo-nos na fila também. Mais do que uma vez, fugimos para fazer as caretas correspondente ao sabor. Assim que púnhamos o gargalo ao bico, vinha logo um cheiro.... alternativo! E depois o sabor, e a finalizar as bolhas. Água de nascente aqui, não aconselhamos. Cheira e sabe a verdete e é gaseificada. Talvez sejam as tubagens da época soviética.

Hora do calor. Comprámos arroz., numa lojinha, e à hora de almoço parámos junto de outra a cozinhá-lo. Só depois de algumas colheradas e um sabor.. estranho, é que nos lembrámos de verificar a validade. Fora de prazo, em mais de um ano, mas além do intenso cheiro a mofo, não aparentava estar estragado. Comemos tudo, sem apetite, só para termos energia para continuar a subir.

Um motociclista italiano parou para abastecer e conversar connosco. Partira do norte italiano há dois dias e ia a caminho da Bielorrússia. Com o seu casaco de cabedal, Harley-Davidson e aspecto selvagem, era um verdadeiro "Easy Rider".

Nós voltámos aos Cárpatos. A seguir o rio que servia de praia para muitos que aqui vinham passar as férias e refrescar-se do calor. Voltámos às montanhas gigantes que nos faziam abrir a boca ao pedalar. Voltámos às imagens do povo Hutsul, a trabalhar nos campos. Uma imagem que de certeza não se alterara muito nos últimos duzentos anos. Os impérios que por aqui passaram, nunca se ralavam muito com eles e assim, puderam continuar com o seu estilo de vida auto-sustentável e muito mais ligado às estações e à Natureza.


Nós, estávamos ligados à estrada e quando finalmente chegou altura de subir a montanha, fizémo-lo com muito custo. Procurávamos, desesperadamente, por um spot de campismo que servisse de desculpa para parar de subir, mas nada feito. Foi às nove da noite que chegámos ao topo, a quase mil metros de altitude. Nem pensámos em descer, enfiámo-nos por um parque de merendas, com lixo espalhado por todo o lado (ou não fosse isto um topo de montanha) e descansámos os nossos corpos moídos.

Sem comentários: