Krasne – Tarnow

Quando espreitámos pela janela da nossa casa, as nuvens estavam mais que cerradas. Seria dia de chuva forte e mau tempo. Não havia volta a dar. Parece que as intempéries nos seguem...


Entrámos na aborrecida estrada número quatro, mas por pouco tempo. Na Polónia, quando nos aproximamos de uma cidade média/grande, parece que existem ciclovias para retirar as bicicletas do tráfego intenso das circulares e das entradas e saídas da metrópole. Nós seguimo-las.
Numa bomba de gasolina, abrigados da chuva enquanto enfiávamos a bucha da manhã, eis que um polaco olhou para nós e começou a falar. Não percebíamos patavina, claro está. Mas pelo contexto dos gestos e olhares do homem (e por experiência), respondemos: Portugália! Foi assim que vimos o primeiro sorriso deste país.

Numa ciclovia, mais à frente, os 9000km e a foto da praxe. Mas o tempo não estava para fotos elaboradas. Ficámo-nos pelo conta-quilómetros.

Saímos da cidade e voltámos à nossa casa polaca dos últimos dias. A número quatro, com as incontáveis colinas, subidas e descidas, rectas e tráfego cerrado. A seca do costume.
Não percebemos bem porquê, mas nesta estrada, o pão nosso de cada dia é encontrar um engarrafamento de vários quilómetros, algures no meio do campo ou junto a uma povoação de meia dúzia de casas. Passei o dia a olhar para o lado esquerdo da estrada, a imaginar como seria a vida de cada uma das caras que ia ao volante empachado.

De vez em quando, parava de chover, mas nem por isso deixávamos de ficar molhados. Sempre que um camião nos ultrapassava (ou um carro um pouco mais rápido), as gotículas de água na estrada levantadas pelos pneus vinham cair em cima de nós. E com elas, algo de novo para nós e, completamente, inexplicável: areia! Não demorou muito até os nossos sacos ficarem enfeitados com padrões de água e areia, os nossos dentes a roer os minúsculos grãos ou sempre que levávamos o cantil à boca, vá de terra! Ainda bem que lavámos as bicicletas ontem!


Parámos num supermercado para almoçar. junto a este, um MacDonalds despertou o interesse. Quais seriam os preços por cá? Voilá! Feitas as contas para os euros, foi impossível resistir aos mac-preços e à mac-dor-de-barriga que se seguiu depois de três hambúrgueres enfiados cá para dentro. Como se não bastasse a horrível estrada, o mau tempo e a misteriosa areia/poeira, eis uma dor de barriga para juntar-se à festa!
Os prazeres de um passeio de bicicleta, no Verão da Polónia...

Mas tínhamos alguém à nossa espera. E foi isso que nos aguentou durante o dia. Saber que iríamos, provavelmente, acabar o dia, secos dentro de quatro paredes a conversar e a começar a descobrir o país, com a nossa primeira anfitriã polaca.
Chegámos a Tarnow e na primeira bomba de gasolina e achámos melhor parar! Melhor limpar e secar os sacos e nós próprios antes de invadir e ocupar uma casa com as nossas tralhas e malas!
A Justyna ligou-nos, veio ao nosso encontro e depois das apresentações lá fomos nós. A casa dela era bastante perto, e seguimos todos a pé. Morava num antigo edifício construído com a mentalidade socialista.

Conversa com chá, na sala. Apenas por algum tempo, porque a noite já estava planeada! A Justina ía fazer o turno da noite, e o Thomaz tinha um jantar combinado com os amigos. Nós ficámos em casa a descansar. Tomar um banho comer... E quando estávamos prestes a adormecer, estendidos nos sacos cama, na sala, o Thomaz entra em casa. O inglês dele não era tão bom como o inglês impecável da Justyna, mas percebemos que ele achou piada a estarmos estendidos na sala. Com um sorriso, indicou-nos que ficaríamos no quarto e não aqui. Eles dormiam aqui. Nós achámos que estavam a ser simpáticos em emprestar-nos o quarto (às vezes couchsurfing é assim), mas dissemos que não era preciso, obrigado. Ele insistiu, salientando que ele e a Justyna, dormiam ali, normalmente. Nós agradecemos a cortesia, mas insistimos que não era preciso, obrigado.
À terceira ele remarcou e fez-se entender. Eles dormiam MESMO ali na sala. E o quarto que nós assumimos como o deles, era o quarto de hóspedes. Arrumámos as coisas e fomos recambiados, para a cama. Estávamos demasiado cansados para perceber o que se tinha passado.

Talvez noutro dia! Amanhã...

1 comentário:

Anónimo disse...

Não me esqueci de ti.. nem de ti "David Fonseca" :)

Um GRANDE BEIJO DE PARABÉNS minha Ana Marga! Espero que o dia 17 (um dia bem especial) tenha sido cheio de abraços, sorrisos, beijos, alegria..!!

Tenho tantas, tantas saudades.. e algumas novidades também.

Beijos aos dois
(Marta "andançante")