Sukhovolya – Zurawica

O jantar na casa da Olga foi batatas com salada de pepino e tomate, o almoço no dia seguinte em casa da Olya foi batatas com salada de pepino e tomate e frango, e o pequeno almoço no dia seguinte foi..... batatas com salada de pepino e tomate e frango! Conclusões desta experiência: podemos comer batatas com salada de tomate e pepino, com frango a qualquer refeição, mesmo ao pequeno-almoço! Conclusão dois: Podemos comer o quisermos ao pequeno-almoço! Conclusão três: podemos comer o que quisermos a qualquer refeição!


Os pais da Olya encheram-nos as malas com batatas, cenouras, ovos e cebolas. Se mais coubesse mais ofereciam! Custou-nos dizer adeus a esta família que nos acolheu de braços abertos. Pai, mãe, irmão, cunhada e sobrinho.

Queríamos ficar mais tempo na Ucrânia, porque cada vez gostamos mais dela e das suas gentes. Só não gostamos é dos buracos na estrada! Mas no dia em nos aproximamos da fronteira a nossa cabeça já vai a pensar no novo país. Que língua se fala? O que sabemos dele? Que moeda se usa? E o nosso próximo país é a Polónia!!

O nosso regresso a casa começa aqui. Começamos a pedalar para oeste, com o sol nas costas e trinta e poucos graus à sombra!


Durante a nossa paragem para o almoço, foi só conversar com os locais. À entrada do supermercado parou um carro. De lá de dentro saem três homens e um mete conversa comigo. Quando percebeu de onde somos e quanto tínhamos pedalado até ali, não se calou mais até ir embora. Cada pessoa com quem se cruzava era mais uma a quem ele contava destes dois portugueses a viajar pela Europa. Mas não foi o único. O dono do supermercado e a sua senhora entraram no carro e pararam diante de nós com o vidro aberto. Insistiam em qualquer coisa e não sei qual das nossas respostas o fez arrancar com um ar determinado.  Voltou quinze minutos depois e de dentro do carro saiu um "olá, como estão?". O pai foi a casa buscar a filha que vive há sete anos em Portugal e que está a passar férias na terra natal. Mora no Bombarral, e ficámos com o contacto caso passemos por lá temos as portas abertas. Queria muito oferecer-nos um cafezinho, mas por ali não havia nada decente, dizia ela. Tinha trazido café de Portugal, mas com os presentes para toda a gente e o convites para irem a sua casa tomar uma bica, já não tinha mais. Isto são só surpresas, umas atrás das outras!!!

E chegámos à fronteira. De novo uma entrada na União Europeia!
Avançamos e vamos vendo uma fila, se se pode chamar fila ao amontoado esborrachado de gente que ali estava, a crescer. Nem queríamos acreditar que teríamos de ali ficar à espera! Um senhor ucraniano reparou em nós, e perguntou-nos pelos passaportes. Portugal!! Então vão por ali, disse ele, e lá fomos furando com "sorry" para aqui e para ali. A "fila" seguia por um lado e nós fomos enviados para o outro mesmo ao lado que estava vazio. O guarda veio com cara séria. Entregámos os passaportes, ele fala e não nos entendemos. Chama o outro, que diz "Portugal". Muitos silêncios e eles a olharem para nós. Os guardas e as dezenas de ucranianos na "fila" Nós a olhar para eles, e o segundo guarda diz que temos de esperar quinze a vinte minutos para passar! Ok, respondemos e preparamo-nos para nos recostar à espera e nisto eles abrem a porta de imediato. Eu continuo a achar que eles queriam que lhes oferecêssemos alguma coisa para diminuir a espera, mas como nós não ligámos...

Polónia! Lá passámos. À frente daquela gente toda, que sabe-se lá há quanto tempo estava à espera, e quanto iria lá ficar. Pelo caminho era ver pessoas a abrir malas e a trocar sacos de plástico dos casacos para a mala e vice-versa.

A estrada mudou como a noite para o dia! E logo na primeira vila os passeios acompanhavam a estrada, mais para dentro, e eram partilhados pelos peões e pelos ciclistas. Os primeiros polacos jovens que vimos, estavam de dedo estendido, a tentar apanhar boleia para a Ucrânia.

Na primeira gasolineira, não conseguimos evitar algumas lágrimas quando parámos. A mesma música comercial, os mesmos produtos, o mesmo cheiro....bem vindos ao mundo ocidental. Estamos a voltar para casa e já estamos com saudades do leste. Naquela gasolineira perdemos o ânimo para o resto do dia e o canivete velhinho que serviu para cortar a meloa do lanche.

Mais à frente, à saída da vila, acampámos num campo de algodão! No horizonte do lado oeste, as nuvens juntavam-se.

1 comentário:

Nuno Vieira disse...

Para "facilitar" a vossa entrada na Polónia, podiam ter "presenteado" o guarda com: batatas, pepinos e... Tomates! Iria, certamente, adorar...