Bizusa-Bai - Baia Mare

Sem bambis ao despertar e com a tenda molhada mais uma vez. Mas a neblina recuou para o vale e o sol mostrou a sua força, ao afastar as nuvens e ao secar todos os nosso tecidos.
São nove e meia quando começamos a subir a serra.


O tempo que passamos na bicicleta dá-nos para pensar. As ideias vão ganhando forma. sCriamo cenários na cabeça, enquanto o rodar dos pedais se torna monótono e a paisagem corre nos nosso olhos. Mas nem sempre os cenários são bonitos. Alguns são mais tortuosos e difíceis de aceitar. Quantas vezes, durante as descidas pensamos ,e se? E se nesta estrada esburacada a 40km/h perdêssemos o controlo? Se a câmara de ar rebentasse? Se a curva mais apertada nos atirasse para fora? Se a Ana travasse agora, iria contra ela. E se um camião nos tocasse ao de leve? E se ao desviarmo-nos do caracol a vida nos passa-se à frente dos olhos?

Era mas uma descida e mais uma serra... Em segundos as imagens mentais ganharam cor e som! Os travões da Ana chiam como nunca ouvi antes e quando olho para ela, enquanto o conta-quilómetros marca os trinta, vejo a Ana a segurar no guiador como se dos cornos de um touro selvagem se tratassem! Os pés fora dos pedais, um grito de dor, e os carros e camiões no seu lufa lufa ao nosso lado! Foi por pouco... Mas a travagem brusca levou a bicla da Ana para a berma da estrada e não para a outra faixa.
Quando o coração palpitante, finalmente, acalmou aprendemos a lição. Mais uma vez! Se descer serras e florestas de bicicleta, não o faça sem óculos. Uma vespa poderá entrar no teu olho e picar-te com força!


Mas com esta coisa de viajar de bicicleta, as mazelas são rapidamente deixadas para trás, embora a dor perdure. A viagem tem que seguir e as nossas atenções são dirigidas para o aqui e agora. E agora, está a ficar calor, uma magazin mixt apresenta-se atrás de uma curva e umas cadeiras vermelhas servem de repouso. Enquanto descansamos comemos mais um pacote de pufuletis.
Por ali ficámos bastante tempo à conversa, com visitas frequentes à loja para abastecer o estômago, ao preço da chuva. Talvez pelo contentamento estomacal, talvez pelo sol e o bom tempo que, finalmente, nos calhou, decidimos pedalar até Baia Mare na hora de mais calor. Não foi esperteza, mas sim vontade de comer quilómetros.

Assim, chegámos a Baia Mare, a meio da tarde. Mas não fomos logo ter com o Robert, o nosso anfitrião. Fomos emborcar MacGelados a vinte cinco cêntimos e escrever para aqui.
Um senhor disponibilizou-se para nos levar até à rua certa, mesmo que isso tenha implicado um grande desvio para ele. Nós agradecemos, mas tivemos que voltar atrás. O buff ficou perdido algures. Retrocedemos os passos e depois de uns minutos lá apareceu a cor castanha do lenço, no meio da estrada. Ufa!


E assim foi, que chegámos à casa do Robert, guiados por um mapa de meia dúzia de nomes escritos e pela ajuda das pessoas que nos guiam, sempre que chegamos a uma cidade e por ela temos que deambular até chegar à porta certa.

O Robert estudou topografia na universidade, mas agora está a ajudar o pai a ressuscitar o negócio de material de jardinagem.
De jardinagem vimos pouco lá em casa. Aquilo  que vimos foi o YouTube. O Robert domina a nova caixa mágica da nossa geração e vídeo apôs vídeo, a noite foi passando e os olhos foram ficando cada vez mais cerrados, no meio de uma neblina afumarada. Não foi na Turquia, ou noutro país islâmico qualquer. Foi aqui, na Roménia, e na casa do Robert que experimentámos pela primeira vez uma chicha com sabor a chocolate e menta!

2 comentários:

Anónimo disse...

The invasion of the couch invaders....
Ok é oficial os espanhois andam malucos com o couchsurfing(ou como eles dizem "el cauxsurfin"). Cá vai mais um artigo do elpais.
Gosto muito de bicicletas mas espero dentro de alguns dias fazer beachsurfing...dedico-vos umas ondinhas.
Abraço,
R.

http://www.elpais.com/articulo/Pantallas/busca/sofa/gratis/elpten/20110801elpepirtv_3/Tes

Nuno Vieira disse...

Gelados a 25 centimos...?! Finalmente um local onde os gelados são proporcionais aos vencimentos que os "grandes" empresários deste belo Portugal, têm por habito pagar..