Fizesu Gherlii - Bizusa-Bai

Choveu a noite toda. Sem tomar proporções de tempestade, acabámos por dormir embalados pela chuva e ter um sono tranquilo. Às vezes é preciso. Especialmente, quando, a juntar às rotinas da manhã, temos que incluir secar tentar tudo antes de ser guardado nos sacos.


A rotina matinal dos Nomadiclas, em situação de campismo selvagem. O despertador tocas às 5:30, mas a ronha dura até às 6:30. Ainda antes de enfrentar o mundo lá fora, os sacos camas são arrumados, a roupa da noite dobrada e a roupa de trabalho vestida. Já no exterior, começa a dança ao redor da cúpula amarela. Colocar os alforges num sítio à mão mas onde não atrapalhem. Retirar a lona que cobre as bicicletas e deixá-la a "secar" (a manhã é de chuva!). Passar com dois panos ultra-absorventes sobre todas as superfícies da tenda. Por dentro e por fora, tudo têm que ser seco ao máximo. Mais ainda desde que a tenda começou a ganhar "pintinhas pretas". Enquanto isso, alguns apontamentos são feitos no caderno, as tigelas e o muesli são unidos com água. As malas são postas nas bicicletas, as últimas tralhas arrumadas e o saco do lixo preso a uma bicicletas marca o inicio do pedaleio diário. Escrito assim, até não pareçe muito, mas raramente demoramos menos de duas horas desde o momento que saímos da cama azul, até os rabos tocarem nos selins.

Ainda brincámos com a ideia de pedalar os 110km até Baia Mare, mas para quê? Depois de um rapidez  anormal pela manhã, entrámos em modo cruzeiro para o resto do dia. Ainda para mais, uma serra começava a crescer à nossa frente. Mais uma. Já perdemos a conta ao número de serras que atravessámos e não daríamos conta de muitas delas, se não fosse o facto de serras e montanhas serem sinónimos de paisagens bonitas. Como será atravessar isto no Inverno, com os apenas imaginados vinte negativos de que todos falam?

Nas pequenas aldeias, que atravessamos pelo caminho, as galinhas e outros galináceos debicam e esgravatam a erva em frente à casa. Cães vêem-se pouco. Quando os vemos, andam pelas bermas das estradas, onde num passo rápido desaparecem entre a erva alta e abundante, sem deixar rasto.


Porque não vemos animais mortos na estrada? Será que há menos animais abandonados? Pelo que vemos, a condução é mais lenta, graças à presença constante de carroças e bicicletas. Talvez  quem aqui viva nem se aperceba desta situação, mas para nós que vimos de fora e já passámos por tétricos espectáculos de animais mortos na estrada, é motivo de grande alegria.

Com o entardecer, empurrámos as bicicletas colina acima, num terreno baldio, onde as fundações para uma casa já começaram a ser escavadas, mas ainda não passou disso.

Eis que, de repente, o som de arbustos a serem remexidos e de mato alto a ser atravessado. Duas crias de veados saem do seu esconderijo, seguidos pela mãe! Surpreendidos pela nossa presença, decidiram mudar de poiso. Lá foram eles, aos saltos em direcção à floresta densa.


Se aqui existem veados e javalis selvagens, será que rodam lobos e ursos por aqui?

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